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Médico Especialista em Ginecologia e Obstetrícia

Opinião: Inseminação artificial vs Fertilização in vitro na endometriose. Qual o melhor tratamento?

10 mar 2023, 08:00

Março é o Mês Internacional da Consciencialização para a Endometriose, uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil, em Portugal

A endometriose é uma doença em que o tecido que normalmente reveste o interior do útero cresce fora dele, como nas trompas de Falópio, nos ovários e nos tecidos que revestem a pelve. A endometriose pode afetar a fertilidade de várias maneiras, dependendo da extensão e gravidade da doença.

A endometriose pode causar infertilidade devido a vários fatores, incluindo aderências que afetam a mobilidade dos ovários, trompas de Falópio e útero, obstruindo a passagem dos espermatozoides, prejudicando a ovulação e alterando a qualidade do óvulo. Além disso, a endometriose pode afetar a capacidade do embrião de se implantar no útero.

No entanto, a endometriose não afeta necessariamente a fertilidade de todas as mulheres que têm a doença. Algumas mulheres com endometriose são capazes de engravidar sem problemas. O tratamento da endometriose pode ajudar a melhorar as probabilidades de engravidar, mas isso depende da extensão e gravidade da doença e de outros fatores individuais.

Os tratamentos para endometriose incluem medicamentos que reduzem a dor e a inflamação, bem como a cirurgia para remover os implantes de tecido endometrial. Em alguns casos, a fertilização in vitro (FIV) pode ser uma opção para casais com endometriose e problemas de fertilidade. É importante discutir as opções de tratamento com um médico especializado em fertilidade e endometriose, para determinar o melhor curso de ação para cada caso individual. 

Inseminação Artificial

A inseminação artificial (IA) é uma técnica de reprodução assistida em que os espermatozoides são colocados diretamente no útero durante o período fértil da mulher. É uma opção de tratamento para casais com problemas de fertilidade.

Para mulheres com endometriose, a IA pode ser uma opção de tratamento, mas o sucesso pode depender do estágio e da gravidade da doença. Em alguns casos, a cirurgia para remover o tecido endometrial pode ser recomendada antes da IA. 

É importante que mulheres com endometriose discutam, assim, as suas opções de tratamento com um médico especializado em fertilidade, que poderá avaliar o seu caso individualmente e recomendar qual o melhor plano de tratamento. De ressalvar, que é obrigatório o estudo das trompas de Falópio com histerossalpingossonografia ou histerossalpingografia antes da inseminação artificial.

Fertilização In Vitro

A endometriose pode afetar a fertilidade feminina, tornando mais difícil a conceção natural. Quando a gravidade da endometriose é alta, pode ser necessário recorrer a tratamentos de reprodução assistida, como a FIV (Fertilização In Vitro).

Na FIV, os óvulos são retirados dos ovários da mulher e fertilizados num laboratório com espermatozoides do companheiro ou de um doador. Os embriões resultantes são cultivados por 5 dias antes de serem transferidos para o útero.

A FIV é uma opção de tratamento eficaz para mulheres com endometriose, pois permite que os embriões sejam implantados diretamente no útero, contornando as possíveis obstruções nas trompas causadas pela endometriose. No entanto, o sucesso da FIV em mulheres com endometriose pode ser influenciado pelo estágio e pela gravidade da doença.

Em resumo

A endometriose deve ser considerada uma doença crónica que requer tratamento a longo prazo com o objetivo de maximizar o uso de terapêutica médica e evitar cirurgias repetidas; os objetivos da terapêutica são diminuir as complicações (dor e infertilidade), mais do que eliminar lesões.

Os sintomas clínicos da endometriose incluem dismenorreia, dispareunia, disquesia, sintomas cíclicos do intestino ou da bexiga, infertilidade e fadiga crónica.

O diagnóstico de endometriose requer visualização cirúrgica das lesões e evidência histológica de glândulas endometriais ectópicas e estroma. Apesar da endometriose ser um problema comum, é difícil de diagnosticar. Infelizmente, apesar dos avanços substanciais na compreensão da patogénese da endometriose, ainda não existe uma alternativa não invasiva confiável à laparoscopia para o diagnóstico da doença.

É importante lembrar que cada caso de endometriose é único, e o tratamento personalizado a base para o sucesso.
 

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