Há uma diferença nas palavras do Pedro Nuno Santos comentador e do Pedro Nuno Santos secretário-geral do PS
“Quando baixamos o IRS estamos a favorecer mais os de cima, menos os do meio e nada os de baixo”. Esta frase é de Pedro Nuno Santos, na estreia como comentador na SIC Notícias, a 10 de outubro.
“Temos feito um esforço muito grande de redução do IRS, que é defendido por mim e por nós”. Esta frase também é de Pedro Nuno Santos, mas na estreia em Congressos do PS como secretário-geral, este fim de semana, em entrevista ao Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal).
Três meses separam as duas declarações, com Pedro Nuno Santos secretário-geral socialista a evoluir do pensamento de Pedro Nuno Santos comentador. Agora, e a caminhar rapidamente para a campanha eleitoral que antevê as eleições legislativas de 10 de março, o candidato defende a descida de impostos, ainda que frise que o mais importante é a manutenção da estabilidade.
Nesse ponto, e defendendo o bastião das contas certas, Pedro Nuno Santos entende que o importante é “estabilidade em matéria fiscal”.
“Temos feito um esforço muito grande de redução do IRS, que é defendido por mim e por nós, mas precisamos, acima de tudo, de estabilidade”, disse.
Há três meses o discurso não era exatamente o mesmo. Meses depois de se demitir do cargo de ministro das Infraestruturas, e longe de pensar que seria eleito secretário-geral do PS na sequência de uma crise política, Pedro Nuno Santos defendia outro tipo de medidas antes da descida do IRS.
Dizia o então comentador que “quando baixamos o IRS estamos a favorecer mais os de cima, menos os do meio e nada os de baixo”. Por isso mesmo, dizia Pedro Nuno Santos, era necessário priorizar outro tipo de medidas, nomeadamente o investimento no Estado social.
“Quando puxamos o cobertor de um lado, estamos a destapar do outro”, reiterou.
Isto porque, como lembrou o socialista na altura, 42% das famílias portuguesas não pagam IRS. E isso não por fuga ao fisco, mas porque não auferem rendimento suficiente para tal.
“O meu apelo é que as reduções no IRS sejam feitas com cautela, precisamos de ter consciência de quem é que paga o IRS e de quem é que beneficia mais da redução do IRS. 42% das famílias não pagam IRS, não porque fujam, porque não ganham o suficiente. 58% das famílias portuguesas pagam IRS, e das que pagam IRS, 53% do IRS é pago por 6% das famílias, com rendimentos acima de 50 mil euros”, dizia Pedro Nuno Santos.
Agora parece ter havido uma atualização desta visão.