A seleção de rugby garantiu, 16 anos depois, a presença no Campeonato do Mundo. Na véspera do arranque da prova, o +M falou com a Federação e com os principais patrocinadores.
Apesar de terem aumentado de forma “significativa”, os patrocínios das marcas representam atualmente cerca de 25% do orçamento da Federação Portuguesa de Rugby (FDR), sendo estes “absolutamente indispensáveis e determinantes“, na palavra do seu presidente, Carlos Amado da Silva.
A indispensabilidade destes patrocínios surge na medida em que a FPR, “tal como as outras federações desportivas, tem uma grande dependência financeira do Estado, uma situação que urge ultrapassar já que os recursos do Orçamento do Estado são sempre escassos não permitindo o desejado desenvolvimento da modalidade”, afirma Carlos Amado da Silva ao +M. A evolução “só se pode conseguir com uma maior divulgação e com resultados desportivos como os que felizmente temos conseguido nos últimos anos”, prossegue.
Sem estes apoios, Portugal não conseguiria competir ao nível que tem conseguido, nem estar presente no Campeonato do Mundo, que obriga a uma preparação “particularmente exigente, com custos muito elevados”, relembra.
De facto, a poucos dias do início do campeonato, “ainda não temos a garantia absoluta de que os apoios serão suficientes para as despesas que somos obrigados a fazer, nomeadamente a compensação aos jogadores amadores por perda de rendimento (salários) durante os três meses que estão ao serviço da Seleção Nacional”, revela o presidente da FDR.
Quanto à decisão de as marcas se associarem a esta modalidade, Carlos Amado da Silva diz que apesar de o rugby estar “em contínuo crescimento em todo o mundo”, são os “valores e a sua prática quotidiana” que fazem do rugby um desporto “tão diferente”, sendo que “são a esses valores genuínos que os atuais e futuros parceiros se gostam de associar“.
E entre as marcas que se associaram a esses valores, encontram-se a Cartrack, a Labrador e o Santander enquanto principais patrocinadores da Federação Portuguesa de Rugby, marcas com quem o +M falou a propósito do apoio que dão a uma federação desportiva cuja principal seleção vai participar no Campeonato do Mundo, competição que decorre em França, entre 8 de setembro e 28 de outubro.
Por parte da Cartrack, o seu administrador, Jorge Matias, refere que com este patrocínio a marca “manifesta a sua adesão aos valores do Rugby, constrói um caminho de prestígio da sua marca e apoia um desporto cuja cultura desportiva de autêntico fair-play nos fazem antever um grande crescimento competitivo e adesão popular, em especial num ano marcado pela presença da seleção no Campeonato do Mundo, com excelentes expectativas na obtenção de bons resultados”.
Já a Labrador vê neste patrocínio uma “grande oportunidade” para aumentar a sua notoriedade junto de uma “audiência intergeracional e que tem historicamente uma grande afinidade com a marca” e para dar o seu contributo “não só a esta epopeia em particular, mas ao rugby como um todo – um desporto em crescimento e que merece destaque”, diz José Luís Pinto Basto, CEO da Labrador, ao +M.
“Esta parceria nasce sobretudo da afinidade e do entusiasmo entre duas ‘marcas’, duas histórias orgulhosamente construídas em Portugal. Costuma dizer-se que o rugby é um desporto de rufias jogado por gentlemen. Fora de campo a Labrador é a escolha natural de um gentleman. É o match perfeito“, refere.
O Santander, por seu turno, relembra que “ao contrário do futebol, o Rugby ainda é um território relativamente pouco explorado pelas marcas“, sendo que para o banco “os valores desta modalidade têm um particular alinhamento com a nossa cultura: integridade, disciplina, respeito, solidariedade e paixão”, diz Nuno Paisana, diretor de Marca e Comunicação Corporativa.
“E, ao contrário do futebol e dos grandes desportos, a esmagadora maioria dos jogadores não são profissionais. Por exemplo, o capitão da seleção Tomás Appleton é dentista, tendo que conciliar a sua via profissional com a exigência da modalidade. Por isso, arriscaria dizer que no rugby há mais amor à camisola. Este facto tem uma aderência perfeita com a nossa atual narrativa de marca: sendo nós as escolhas de fazemos, o Santander está ao lado daqueles que escolhem acreditar que quando damos tudo de nós, alcançamos o inalcançável”, refere Nuno Paisana.
As ativações e oportunidades de crescimento
No âmbito da sua parceria, a Cartrack tem marcado presença em todos os jogos da seleção com a distribuição de produtos de merchandising, tendo igualmente apoiado um tour nacional de apresentação da modalidade junto de escolas, “captando a atenção dos jovens para este desporto, com a distribuição de bolas de rugby, que permitiu a muitos jovens um primeiro contacto com este desporto, altamente competitivo, e com os seus valores”, explica Jorge Matias.
Já a Labrador é a responsável por vestir a seleção, onde cada fato foi criado à medida de cada atleta: “Sermos os oficial outfitters da Seleção é para nós motivo de grande orgulho”, diz José Luís Pinto Basto, fazendo menção a um “know-how que faz parte do nosso ADN há 32 anos e que foi posto à prova neste desafio de vestir atletas com fisionomias, lá está, bastante atléticas”.
Recentemente, o Santander lançou “Somos Todos Lobos”, uma campanha de apoio à seleção que contou com a criatividade da agência Wunderman Thompson e com a produção da Garage. A mesma marca presença em televisão, exterior, display e redes sociais, além dos canais próprios do Santander.
O lançamento da campanha surge tendo em conta “a oportunidade de tirar partido de um momento único na história deste desporto, o apuramento para o Mundial“, explica Nuno Paisana, referindo que o Santander quer “desenvolver e aprofundar” a sua relação com “as comunidades de afinidade bem como promover e elevar a modalidade para o público em geral”.
“Além disso, estando em causa a nossa bandeira, ‘Somos Todos Lobos’ representa uma forma de potenciar o orgulho nacional, mobilizando fãs e não fãs da modalidade a apoiar as nossas cores”, acrescenta.
“O grande desafio deste patrocínio é transcender os limites naturais da comunidade de afinidade, fazendo uma associação mais transversal do Santander ao Rugby. Para isso é preciso torna-lo mais familiar e empático – e aproveitar o contexto do campeonato mundial para fazê-lo – demonstrando que o Rugby é um desporto inclusivo, onde todas as pessoas e todos os corpos têm lugar”, afirma Nuno Paisana, acrescentando que “também é necessário crescer em conhecimento e cultura da modalidade para que um jogo de Rugby se torne um espetáculo compreensível”.
Quanto ao apuramento, por parte da FDR, a presença de “Os Lobos” no Campeonato do Mundo este ano “foi um feito notável que, infelizmente, não foi devidamente enfatizado! Foi uma conquista fantástica“, sublinha o seu presidente, lembrando que apenas vinte países o conseguiram.
“Portugal ainda há três anos estava na terceira divisão do rugby europeu e agora vai defrontar quatro seleções do top 11. Foi um apuramento tão justo como difícil. Fez-se muito trabalho e muita crença. Com jogadores extraordinário e uma equipa técnica fantástica. Um grande orgulho para todos os portugueses!”, afirma Carlos Amado da Silva.
“A exposição mediática do jogo vai ser fundamental para a divulgação e o desenvolvimento do rugby em Portugal. Qualquer pessoa que assista a um jogo de rugby vai ficar fã! É tão diferente. É tão melhor. É tão autêntico! A partir deste Mundial tudo será diferente. Todos vão saber que há uma bola que não é redonda, que os jogadores se respeitam, não questionam o árbitro, ficam amigos, as claques festejam juntas e ninguém se desculpa com os árbitros que explicam as faltas que assinalam. Um desporto diferente. Um desporto melhor”, considera o presidente da Federeação Portuguesa de Rugby.
Para o administrador da Cartrack Portugal, o apuramento da seleção nacional de rugby é uma “grande e excelente oportunidade para a divulgação interna da modalidade, potenciando o seu crescimento, para o qual todos devemos estar empenhados, gerando uma alternativa desportiva de grande valor que possa ser seguida por todos e também promovida pelos media, em complemento ao enorme esforço que a Federação tem feito ao longo dos últimos anos com resultados muito positivos”, diz Jorge Matias.
Já José Luís Pinto Basto, CEO da Labrador, diz que “epopeia, épico, resiliência, esperança, espírito de sacrifício” são “palavras e imagens que surgem quando se olha para este feito”, pelo que “só podemos aplaudir e ficar felizes por dar o nosso contributo a esta história que está apenas a começar”.
Considerando que o apuramento é “um momento histórico depois de um apuramento intenso, que desafiou todas as expectativas”, Nuno Paisana diz que “qualquer que seja o resultado final – os Lobos já são vencedores”, pelo que o Santander quis de facto “celebrar o orgulho nacional criando um movimento nacional de apoio à nossa seleção, desafiando a criar a maior alcateia do mundo“.
Em matéria de investimento, a Labrador adiantou que o valor total ronda os 60 mil euros, enquanto a Cartrack disse que se encontra a fazer um investimento plurianual, ao qual vai “acrescentando outros apoios pontuais, pelo que não sabemos qual irá ser o montante do apoio final, mas estaremos sempre disponíveis para esta parceria”. O Santander também não divulgou o investimento envolvido neste patrocínio.