Trump diz que "encorajaria" Putin a invadir países da NATO que não cumpram obrigações financeiras

Beatriz Céu , (notícia atualizada às 14:30)
11 fev, 09:01

A Casa Branca já reagiu às declarações do ex-presidente norte-americano, descrevendo-as como "terríveis e desequilibradas" e salientando que "põem em perigo a segurança nacional, a estabilidade global e economia"

O ex-presidente norte-americano Donald Trump, que está de volta à corrida à Casa Branca, admitiu que "encorajaria" a Rússia a invadir qualquer um dos aliados da NATO que não cumpra com as suas obrigações financeiras para com a Aliança Atlântica.

Durante um comício no estado da Carolina do Sul, o candidato pelos republicanos às presidenciais norte-americanas falou numa alegada reunião com membros da NATO e reproduziu um diálogo que teve nessa ocasião com "um dos presidentes de um grande país". 

"Um dos presidentes de um grande país levantou-se e perguntou: 'Se não pagarmos e fomos atacados pela Rússia, vai proteger-nos?'", começou por dizer Donald Trump perante os republicanos, citado pelo The Guardian, acrescentando depois a sua resposta. "Não, eu não iria proteger-vos. Na verdade, encorajava-os [aos russos] a fazer o que quisessem. Têm de pagar as vossas contas".

Questionado sobre estas declarações do ex-presidente, o porta-voz da Casa Branca Andrew Bates considerou que "encorajar invasões aos aliados mais próximos dos EUA por regimes assassinos é terrível e desequilibrado - e põe em perigo a segurança nacional americana, a estabilidade global e a nossa economia".

Entretanto, o secretário-geral da NATO já emitiu uma resposta oficial às declarações de Donald Trump, garantindo que qualquer ataque contra um aliado da Aliança Atlântica "será objeto de uma resposta unida e vigorosa".

Durante a sua campanha eleitoral para as presidenciais, em 2016, Donald Trump deixou um aviso aos aliados da NATO, ameaçando que os Estados Unidos, sob a sua liderança, poderiam abandonar os compromissos assumidos no âmbito do Tratado da NATO e apenas defender os países que cumprissem o objetivo de destinar 2% do seu PIB à defesa da Aliança Atlântica em 2024.

Em 2022, a NATO informou que sete dos atuais 31 Estados-membros da NATO estavam a cumprir essa obrigação, enquanto em 2014 apenas três cumpriam esse mesmo objetivo. Importa salientar que a invasão russa da Ucrânia, em 2022, contribuiu para que alguns dos aliados destinassem mais verbas para a defesa.

As declarações de Donald Trump surgem numa altura em que a Ucrânia tem vindo a reiterar apelos para que os aliados ocidentais contribuam com mais ajudas financeiras para permitir a defesa do país contra a invasão russa. Depois de vários meses de negociações, a União Europeia finalmente chegou a acordo para enviar um novo pacote de ajuda financeira no valor de 50 mil milhões de euros para Kiev. Já nos EUA, os apoios destinados à Ucrânia continuam estagnados, uma vez que os republicanos se mostram cada vez mais céticos em relação à prestação de ajuda ao país.

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