Morreu o austríaco antivacinação que queria curar a covid-19 com lixívia

RL
6 dez 2021, 10:44
Vacina da AstraZeneca

Um porta-voz das campanhas antivacinação na Áustria foi infetado com covid-19, mas não quis ser tratado com medicamentos. Confiou na auto-medicação com dióxido de cloro, mas a "cura milagrosa" revelou-se mortal

Johann Biacsics, o líder do movimento antivacinação na Áustria, morreu aos 65 anos, vítima de covid-19, que contraiu em novembro.

Segundo noticia o jornal Zeit, o homem era conhecido no país por ter tentado curar a covid-19 com dióxido de cloro. Acabou por ser internado num hospital de Viena devido a dificuldades respiratórias provocadas pelo SARS-CoV-2, mas, apesar disso, recusou receber tratamento antiviral e até pediu alta voluntária para autotratamento.

Mas que "tratamento" é este? O "Suplemento mineral milagroso" (nome que foi dado pelo inventor, o guru americano Jim Humble) foi difundindo como o "elixir da vida", um remédio para qualquer doença. Na verdade, é um tratamento de dióxido de cloro, um composto químico usado, por exemplo, no tratamento das águas e no fabrico de lixívia. 

O "Suplemento mineral milagroso" é feito ao misturar uma solução de 28% de clorito de sódio numa solução com um ácido, como ácido cítrico ou ácido clorídico. A mistura produz dióxido de cloro, um químico tóxico que, após ingestão ou exposição, provoca irritação nasal, irritação nos olhos, pulmões e garganta, náuseas, vómito, dificuldades de respiração, diarreia, desidratação severa, bem como outras complicações e até a morte.

Esta terá sido, muito provavelmente, a causa da morte de Johann Biacsics, que durante anos defendeu e divulgou os tratamentos naturais, que ele próprio experimentou e desenvolveu. Quando o seu estado de saúde piorou, a família chamou uma ambulância para o levar outra vez para o hospital, mas o homem acabou por morrer dois dias depois.

Muito popular pelos seus livros e blogs sobre automedicação, incluindo um para "tratar o cancro", duas semanas antes da sua morte, Biacsics liderou uma manifestação antivacinas nas ruas de Viena.

Após a sua morte, a página de Johann Biacsics no Facebook foi inundada por publicações de fãs, que acreditam que o seu guru foi envenenado. Paralelamente, a família do austríaco acusa os médicos de o terem matado.

O filho, Marcus, lançou mesmo uma campanha de angariação de fundos para tomar medidas legais contra a imprensa (principalmente o semanário alemão Die Zeit) por alegadamente difundir "notícias falsas" sobre o seu pai. Segundo o filho, Biacsics ganhou a luta contra o poder esmagador das farmacêuticas.

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