Depois de 13 anos, um negócio, impostos pagos e filhos europeus, Kusi Dismark foi deportado. O caso que está a revoltar o Parlamento Europeu

23 fev, 15:31
Kusi Dismark (fonte: Twitter Roberta Metsola"

Ganês de 37 anos viu o pedido de asilo ser-lhe negado em 2011, mas foi autorizado a ficar no país desde que trabalhasse e pagasse impostos e contribuições sociais. A 21 de janeiro, foi detido por uma ordem de deportação datada de junho de 2011

Há um caso de deportação a causar revolta na União Europeia e que até já levou Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, a instigar-se contra a decisão da Justiça de Malta. Trata-se de um homem de nacionalidade ganesa que imigrou para Malta, onde era dono de uma barbearia, pagava impostos e contribuições sociais. Mas, passados 13 anos, foi obrigado a deixar o país que o recebeu com base numa ordem de deportação datada de 2011.

Kusi Dismark tem agora 37 anos e há mais de uma década que vive, trabalha e paga impostos em Malta. Tudo mudou a 21 de janeiro, quando foi detido e obrigado a regressar ao Gana até esta sexta-feira por ordem da Justiça de Malta. Dismark chegou ao país em 2011 e viu o pedido de asilo ser-lhe negado, mas foi autorizado a permanecer no país desde que trabalhasse e pagasse impostos e contribuições sociais, tal como explica o jornal Times of Malta.

Pagou os próprios estudos, acabou por abrir uma barbearia e agora tinha como objetivo expandir o negócio, até que foi detido sem qualquer aviso prévio, numa detenção que segue a tal ordem de 2011.

Questionado pelo Times of Malta no centro de detenção de Safi, Kusi Dismark desdobrou-se em elogios a Malta, o país que diz que lhe permitiu “viver e não apenas sobreviver” e um lugar a que “finalmente podia chamar casa”.

A súbita detenção de Kusi gerou uma onda de protestos que apelam a uma retificação da lei da nacionalidade, depois de alguns casos como o de Kusi, em que pessoas que vivem, trabalham, têm filhos malteses, residência, pagam impostos, contribuições sociais e um modus vivendi estável acabam por ser deportados com base em ordens judiciais com vários anos.

A presidente do Parlamento Europeu foi uma das principais vozes críticas contra o caso de Kusi Dismark. Metsola, de nacionalidade maltesa, defende que deportar, passados 13 anos, Kusi Dismark “só para marcar uma posição política seria um fracasso das leis de Malta, um fracasso da liderança e da nossa Humanidade”.

“Kusi Dismark viveu 13 anos em Malta. Trabalha, está integrado, tem amigos e estudou cá. Orgulha-se de chamar a Malta a sua casa. A sua vida é aqui. Deportá-lo agora, só para marcar uma posição política, seria um fracasso das leis de Malta, um fracasso da liderança e da nossa humanidade”, escreveu Roberta Metsola no X.

O período para a deportação ser efetivada terminava esta sexta-feira. Kusi Dismark já está no Gana, mas não ficou banido de reentrar em Malta. Em vez disso abandonou voluntariamente o país, deixando para trás 13 anos, uma barbearia, a casa e a família.

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