Nunca ambicionou ser chef de cozinha, mas hoje faz receitas no Tiktok e tem milhares de seguidores
Rita Camoesas Costa, de 19 anos, participou no MasterChef Portugal e atualmente faz vídeos de culinária no Tiktok, plataforma onde tem mais de 26 mil seguidores.
Antes de entrar no programa de televisão, a jovem, que ainda vive com os pais e os irmãos, tinha uma página no Instagram, a @cookin.g_flawless, mas para Rita é mais fácil chegar até à sua audiência através da rede TikTok.
Como surgiu a ideia de começar a publicar vídeos de culinária nas redes sociais?
Sempre gostei muito de culinária. Participei no Masterchef e achei que devia fazer qualquer coisa também para não desaparecer. Decidi juntar esta ideia de fazer vídeos de cozinha no TikTok e, assim, conseguir atingir um público mais novo do que o que via o programa. E, afinal, é fazer coisas diferentes; coisas que acho que não se vê em muitos vídeos do TikTok.
E a participação no Masterchef? Como lidou com a exposição e os comentários negativos?
Durante a altura em que gravei estava muito feliz. E quando o programa foi para o ar, no princípio também foi tudo muito bom. Mas lá para o fim começou a haver comentários mais negativos, porque havia pessoas que gostavam mais de um, que gostavam menos do outro e isso acabava sempre por influenciar o que diziam de mim e os comentários que faziam nas redes sociais. No fim, houve muita gente a criticar. E foi difícil porque não estava habituada a nada disso.
Teve de aprender a lidar com esse tipo de comentários?
Sim. Depois até lia os comentários com os meus amigos e ríamos porque às vezes era com cada coisa tão ridícula e exótica.
Esse tipo de comentários piorou quando começou a postar conteúdo no TikTok?
Por acaso não. É rara a vez em que recebo algum comentário negativo no TikTok. Sinto que não faço assim nada muito que as pessoas vão criticar muito. Óbvio que há alguém que diz isto ou aquilo, que põe defeitos. E isso vai sempre acontecer, vão sempre existir comentários negativos, mas não tem nada a ver com o que acontecia no programa. Nada.
Pode, então, estar um bocadinho mais à vontade no TikTok?
Sim. No início até estava com receio, porque tenho um bocado de vergonha. Tenho de melhorar nesse aspeto. Ainda não falo sequer nos vídeos que publico porque tenho vergonha. Tem de ser uma coisa de cada vez.
Como é que é o processo antes de postar o vídeo de uma receita? Experimenta cozinhar algo antes de colocar um vídeo no TikTok?
Tudo o que faço são coisas que já fiz antes. Depois pesquiso receitas, mudo para ficar sempre à minha maneira e para não estar a copiar ninguém e gravo.
Às vezes corre bem, outras vezes não. Quando corre bem publico, às vezes faço uma alteração na receita, para estar mesmo perfeito.
Depois, as ideias também vão surgindo no dia-a-dia e vou apontando, para não me esquecer. E quando consigo, gravo.
Tem ajuda para criar esses conteúdos?
Não. Faço tudo sozinha. Trabalho durante a semana e vou apontando as ideias, para depois ser feito durante as folgas. É nessa altura que aproveito para gravar. Já vou preparando uns vídeos: vou às compras, compro as coisas, depois gravo e depois dou aos meus irmãos para comerem e eles dão a sua opinião.
Acha que os seus vídeos ajudam as pessoas a perceber mais de culinária, mas também as inspiram a tentar fazer os próprios cozinhados?
Sim. Às vezes, recebo umas mensagens a dizer que tentaram e que não correu muito bem. Quando isso acontece, tento ajudar e perceber porque é que não correu bem.
O feedback é positivo?
É quase sempre positivo.
Tem objetivos para cada postagem que faz? Ou seja, precisa de ter determinado número de likes ou gostos nas publicações?
Faço conteúdo porque gosto. Ao ver que tenho sempre alguns likes ou bons números, ajuda sempre a deixar-me motivada, mas nunca me preocupo com isso. Não é um objetivo.
Não recebe nada pelos vídeos que coloca nas redes sociai?
Não. Acho que o TikTok, pelo menos em Portugal, ainda não é suficiente. Não monetiza os vídeos. Então, não dá mesmo para viver disso.
Trata-se então de uma coisa que faz só para estar em contato com as pessoas?
Exato. Para mostrar aquilo que posso fazer. E, pode ser que traga, não diretamente através do TikTok, marcas que queiram investir em mim e no que faço.
Sabia que ia ter este tipo de visibilidade? Ter participado no Masterchef ajudou?
Sabia que ia ser mais fácil do que, se calhar, tivesse começado do zero. Mas percebi, entretanto, que há imensas pessoas que não veem nada do programa, portanto fico muito feliz com isso. De estar a chegar a diferentes públicos.
Mas não esperei que fosse ter resultados tão bons assim tão rápido. Foi bastante rápida a evolução.
A sua presença nas redes levou as pessoas a mudaram a forma como interagiam consigo?
Não senti isso. E fiquei muito feliz por isso não ter acontecido, por não ter influenciado em nada o que as pessoas achavam de mim. Até porque, para ser sincera, muitos dos meus amigos não veem absolutamente nada do que eu faço. Não têm perceção e não se importam muito com isso.
Qual é a sua receita que tem tido mais sucesso nas redes sociais?
Foi uma receita de um doce brasileiro, que se chama paçoca de amendoim. Na altura em que publiquei teve imensas visualizações e agora está a voltar a ter outra vez.
Tem planos para a sua carreira?
Agora estou na faculdade, só me falta um ano para acabar a licenciatura. Portanto, vou acabar e depois logo vou ver. O futuro passa pela cozinha
E nas redes sociais, o que planeia?
Continuar a fazer o que estou a fazer. Se calhar vou inovando noutras coisas. Mas enquanto gostar e as pessoas que me veem, gostarem, vou continuar.
Tem algum livro de cozinha que recomenda?
Os livros que posso recomendar são os clássicos portugueses: a Maria de Lourdes Modesto e muitos mais. Não é que tenham muito a ver com a minha cozinha, mas qualquer pessoa que gosta de cozinha tem de conhecer.
Já pensou em escrever um livro do género?
Sim. No futuro, se surgir a oportunidade, não vejo porque não.
Que conselhos dá a quem quer ter sucesso nas redes sociais? Quais os truques para ter mais seguidores?
O mais importante é tentar fazer sempre alguma coisa diferente. Porque a partir desse momento há sempre coisas novas a aprender. Se fizesse a mesma coisa que muitos outros fazem, já não ia ter tantos seguidores e pessoas a gostarem do meu conteúdo. Portanto, mostrar um conteúdo diferente é mesmo o meu conselho.
Cozinha desde pequena?
Comecei por volta dos 9, 10 anos. E desde aí que pesquiso sempre muito e faço as minhas receitas.
Já sentia que queria seguir essa área?
Via como uma forma de passar o tempo e não como uma atividade que fosse realizar no futuro. Aliás, via que não queria ter nada a ver com isso, porque via a vida dos meus pais, via que eles têm uma rotina desgastante, com muitas horas de trabalho. E também tinha um pouco medo de me fartar de cozinhar.
Por isso, nunca vi como objetivo o emprego. Mas depois percebi que era a única coisa que gostava e a única em que me via a fazer no futuro. E, portanto, decidi ir pelo mesmo caminho, apesar de saber que não seria fácil…
Mas acabou por mudar de ideias?
Exato. Tinha de escolher o que é que queria fazer na faculdade e pronto, percebi mesmo que não havia nada que gostasse mais de fazer do que cozinhar.