Suspeitas de pacto: amizade com Costa vale 6500 euros/mês para Lacerda Machado 

8 nov 2023, 13:00
Diogo Lacerda Machado (André Kosters/Lusa)

O Ministério Público considera que Diogo Lacerda Machado estabeleceu um pacto corruptivo com a Start Campus, para, em troca de 6500 euros por mês, desde fevereiro de 2022, fazer uso da "amizade próxima, e reciproca, de 40 anos com o primeiro-ministro", para favorecer o consórcio que visava instalar um data center em Sines - o que conseguiu.

Lê-se no despacho do Ministério Público, a que a CNN Portugal teve acesso, que Lacerda Machado tinha a missão de "exercer influência e pressão sobre membros do Governo, para determinar indevidamente o sentido dos atos desses membros e fazer com que os atos fossem praticados de forma mais célere, tudo em benefício do projeto Start Campus".

Isto, segundo os procuradores, foi possível pelo facto de os membros do Governo "saberem da relação de grande proximidade entre Lacerda Machado e o primeiro-ministro. Poderia influenciar positiva ou negativamente a imagem dos decisores junto de António Costa, consoante a sua atuação fosse ou não favorável aos interesses da Start Campus".

Os serviços prestados pelo amigo de António Costa "limitaram-se ao estabelecimento dos contactos e influência" junto do Governo.

A investigação diz que os responsáveis da Start Campus passaram também a aceder, "direta ou indiretamente ao próprio primeiro-ministro e a vários membros do Governo", por ação de Lacerda Machado. 

Além de Costa, com quem o amigo "estabeleceu contactos regulares" para que fossem tomadas "decisões favoráveis à Start Campus", há referências no processo a "João Galamba, Pedro Siza Vieira e Duarte Cordeiro". 

Lacerda Machado criou "um clima de permeabilidade aos interesses" da empresa que permitiu que fossem tomadas "decisões ilícitas". 

Vítor Escária, chefe de gabinete de António Costa, "aderiu ao acordo" de favorecimento ao amigo do primeiro-ministro, segundo o Ministério Público.

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