Mais de 60 mil mensagens sobre a compra e entrada de droga em Portugal e ainda as ligações ao "Escobar brasileiro": Xuxas, o julgamento - dia 2

3 abr, 13:28

Comunicações encriptadas eram feitas através do EncroChat e do Sky CC, que são quase impossíveis de detetar

Na segunda sessão do julgamento de Rúben Oliveira, mais conhecido por “Xuxas”, e de mais 18 arguidos por associação criminosa, tráfico de cocaína e branqueamento de capitais, foram ouvidos os inspetores da Polícia Judiciária (PJ), no Juízo Central Criminal de Lisboa.

A PJ teve acesso a mais de 60 mil mensagens no EncroChat, sistema operativo instalado nos telemóveis e que é quase impossível de detetar. Era através deste sistema que Xuxas falava com a organização criminosa e fazia negócios internacionais de tráfico de droga.

Em tribunal, ficou ainda a saber-se que 99% das mensagens escritas eram relativas ao modus operandi da organização: compra dos estupefacientes e planeamento da entrada da cocaína em Portugal, através de portos marítimos ou aeroporto.

Terá sido aqui que a Polícia Judiciária descobriu ligações entre a rede criminosa portuguesa e o major Sérgio Carvalho, conhecido como o “Escobar brasileiro”.

Na Operação Camaleão, nome da ação de combate à criminalidade organizada transnacional na Europa (Operação Entrepise no Brasil), a Polícia Judiciária apreendeu uma carrinha do major Sérgio Carvalho com droga no valor de 12 milhões de euros – 5 milhões pertenciam a Xuxas. Nessa altura, os arguidos trocaram mensagens no EncroChat sobre a mercadoria perdida.

Xuxas usava vários nicknames no EncroChat e no Sky CC, outro sistema operativo de comunicações encriptadas.

No arranque do julgamento, na terça-feira, foram ouvidos dois arguidos. Um deles foi William Cruz, que garantiu não pertencer à rede criminosa, tendo sido, alegou, vítima de um acaso. Segundo ele, estaria no sítio errado à hora errada. Já Gurvinder Singh, homem que tinha a empresa que importou a papaia onde a polícia encontrou mais de 300 quilos de cocaína, garantiu que foi usado e que desconhecia o que se estava a passar. O empresário pediu proteção por estar a colaborar com as autoridades.

Este caso envolve ligações com organizações de narcotráfico do Brasil e da Colômbia.

Xuxas, apontado com um dos maiores narcotraficantes portugueses, está em prisão preventiva na cadeia de alta segurança de Monsanto desde junho de 2022.

A segunda sessão do julgamento prossegue esta quarta-feira à tarde.

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