Presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar garante que INEM não testa funcionários em intervalos de sete a 14 dias, permitindo contágios que levam ao encerramento de meios
O INEM não está a cumprir a norma da Direção-Geral da Saúde que prevê testagem regular à covid-19 para profissionais de saúde que exercem funções em contextos de maior risco. A denúncia é do presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, Rui Lázaro, que garante que já houve encerramento de meios devido a surtos de SARS-CoV-2.
"Tem sido reivindicação nossa desde o início da pandemia que os profissionais do INEM fossen testados com regularidade, o que nunca veio a acontecer", assegurou Rui Lázaro à CNN Portugal. "O INEM só testa profissionais com sintomas de covid-19", acrescentou.
A norma da DGS prevê que estes profissionais sejam testados em intervalos de, no mínimo, sete dias, e no máximo 14 dias.
De acordo com o presidente do sindicato, quando os profissionais são finalmente testados - porque têm sintomas - já é tarde para conter surtos que comprometem o funcionamento dos meios de emergência.
"Tem originado transtornos", sublinha, revelando que foi necessário encerrar a ambulância de Portimão porque "quando apareceu o primeiro caso com sintomas já estava a equipa toda infetada". Devido aos contágios, a ambulância de Portimão esteve parada "mais de quinze dias", refere.
Rui Lázaro diz ainda que funcionários do INEM têm reportado casos de covid-19 "de norte a sul do país" e que, mais recentemente, foi detetado um novo surto na central do 112 de Lisboa.
Questionado se o INEM já foi interpelado pelo sindicato devido à falta de testagem regular dos funcionários, Rui Lázaro garante que o sindicato aguarda resposta "desde meados de 2020". Foi entretanto enviado novo pedido agora "com conhecimento do Ministério da Saúde, para que alguém force o INEM a fazer testes com regularidade", diz Rui Lázaro. "É preponderante que o INEM inicie testagem com regularidade para evitar o encerramento de meios", reforça.
"Se precisarmos de visitar um familiar num centro de dia ou lar temos de apresentar teste negativo. Enquanto profissionais, deslocamo-nos a centros de dia e lares sem termos feito qualquer teste", lamenta ainda.
O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar revela também que o INEM "mandou os profissionais aos centros de vacinação para levarem a terceira dose da vacina" contra a covid-19 mas até agora não confirmou junto dos funcionários se têm efetivamente o esquema vacinal completo.
O que diz a norma
A obrigatoriedade de testagem regular para profissionais de saúde que trabalhem expostos a maior risco de contágio com covid-19 está prevista pela Direção-Geral da Saúde no ponto 20 da norma 019/2020, com data de 26 de outubro de 2020 e atualização a 1 de dezembro de 2021.
Segundo o documento, nas unidades prestadoras de cuidados de saúde, "os Serviços de Saúde e Segurança do Trabalho / Saúde Ocupacional (SST/SO), em articulação com o Grupo de Coordenação Local do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e das Resistências aos Antimicrobianos (GCL-PPCIRA), devem realizar testes moleculares (TAAN) ou testes rápidos de antigénio (TRAg) para rastreio periódico (entre 7 e 14 dias) dos profissionais de saúde sem esquema vacinal completo, que prestam cuidados de saúde diretos e de maior risco de contágio". Já para os profissionais de saúde com esquema vacina completo, prevê-se o mesmo rastreio periódico "de acordo com a avaliação de risco das funções exercidas pelos profissionais de saúde".
Segundo Rui Lázaro, os funcionários do INEM, apesar de não serem sujeitos a esta despistagem regular para a covid-19, acabam por fazer testes para controlarem voluntariamente o contágio.
A CNN Portugal tentou contactar o INEM para obter uma reação, sem sucesso até ao momento.