A misteriosa doença intestinal não identificada que deixou a Coreia do Norte a falar em "epidemia"

CNN , Yoonjung Seo e Gawon Bae, com Reuters
21 jun 2022, 08:00
Coreia do Norte. AP Photo/Cha Song Ho

A Coreia do Norte enviou equipas médicas e investigadores epidemiológicos para uma província que se debate com um surto de uma doença intestinal, informaram os meios de comunicação estatais, este domingo.

Pelo menos 800 famílias afetadas com o que a Coreia do Norte apelida de “epidemia entérica aguda” receberam ajuda, até agora, na província de Hwanghae do Sul, localizada a cerca de 120 quilómetros a sul da capital Pyongyang.

Entérica refere-se ao trato gastrointestinal e as autoridades sul-coreanas dizem que pode ser cólera ou febre tifoide.

O novo surto, relatado pela primeira vez na quinta-feira, coloca ainda mais pressão sobre o país isolado, que se vê a braços com uma escassez crónica de alimentos e uma onda de infeções por covid-19.

No domingo, a agência de notícias estatal KCNA pormenorizou os esforços de prevenção, incluindo quarentenas, “a triagem intensiva para todos os residentes” e o tratamento especial e a vigilância de pessoas vulneráveis, como crianças e idosos.

Uma equipa nacional de diagnóstico e tratamento rápidos está a trabalhar com as autoridades de saúde locais e estão a ser tomadas medidas para garantir que a atividade não seja interrompida nesta importante região agrícola, disse a KCNA.

Estão a ser efetuados trabalhos de desinfeção, incluindo aos esgotos e a outros resíduos, para garantir a segurança da água potável e de uso doméstico, disse o relatório.

O jornal estatal “Rodong Sinmun” disse na sexta-feira que medicamentos preparados pelo líder norte-coreano Kim Jong Un e outros, incluindo a sua irmã, serão entregues às famílias na província de Hwanghae do Sul.

É difícil confirmar de forma independente as alegações da Coreia do Norte devido à falta de liberdade de imprensa no país.

Ryu Yong Chol, o representante à frente dos trabalhos de emergência epidémica na Coreia do Norte, alertou os telespectadores na televisão estatal, na segunda-feira, que as doenças entéricas se podem propagar através dos objetos, dos alimentos e das bebidas das pessoas infetadas. O isolamento rigoroso dos pacientes é importante para evitar a disseminação, disse ele.

Além da febre tifoide e da cólera, o vírus da poliomielite, o vírus da hepatite A e o bacilo da disenteria estão entre os patogénicos que causam as doenças entéricas, disse Ryu.

As notícias da “epidemia entérica” chegam enquanto a Coreia do Norte continua a combater a covid-19, ou aquilo a que chama “casos febris”.

A KCNA relatou outros 19 310 novos casos de febre no domingo, sem dar pormenores sobre quantos desses pacientes testaram positivo para o coronavírus.

No geral, mais de 4,6 milhões apresentaram sintomas de febre desde que um surto de covid foi reconhecido pela primeira vez em meados de maio. A 19 de junho, 73 mortes por “febre” foram divulgadas pela KCNA.

Tal como acontece com as alegações norte-coreanas de “epidemia entérica aguda”, é difícil confirmar de forma independente o número de casos e de recuperações relatados pelos meios de comunicação estatais norte-coreanos.

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