Escolha coloca problemas a António Costa - quer ao nível da segurança, quer ao nível diplomático
O conselheiro de Putin no Kremlin, Ruslan Edelgeriyev, foi o homem escolhido para participar na Conferência dos Oceanos que vai decorrer em Lisboa entre 27 de junho a 1 de julho deste ano. A notícia está a ser avançada pelo jornal Expresso.
O Governo português esperava que a representação russa fosse feita pelo embaixador em Lisboa. Mas, segundo o semanário, a embaixada já comunicou ao protocolo de Estado português que a Rússia vai estar representada ao mesmo nível que os Estados Unidos. No lugar de Joe Biden vai John Kerry, ex-secretário de Estado, atual representante do presidente norte-americano para as alterações climáticas.
Ora, esta escolha colocou problemas a António Costa - quer ao nível da segurança, quer ao nível diplomático. Desde que a guerra começou, a 24 de fevereiro, que a comunidade internacional tem isolado a Rússia, mesmo nos organismos das Nações Unidas. No entanto, segundo o Expresso, as instruções do Governo ao protocolo são para receber a delegação russa sem constrangimentos.
Numa conferência de imprensa em que apresentou os objetivos da Conferência dos Oceanos, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho, deixou claro que o Governo não sente ter margem para recusar qualquer presença russa: "Isto é uma conferência das Nações Unidas. A Rússia é um país membro e Portugal assume as regras das Nações Unidas. As sanções da UE têm, aliás, uma alínea específica que exceciona casos como estes", explicou João Gomes Cravinho, lembrando que essas regras da União Europeia são "vinculativas" para Portugal.
Questionado sobre se Volodymyr Zelensky vai participar à distância por videoconferência, o ministro disse que não. "As participações são presenciais. A Ucrânia também terá uma delegação".
Ruslan Edelgeriyev foi primeiro-ministro da República Chechena e é agora Representante Presidencial Especial para os Assuntos Climáticos.
