Conquistou o título com o filme de super-heróis, mas a missão de defender os Oceanos começou bem antes. Jason Momoa esteve em Lisboa e continua a provar que é um verdadeiro Aquaman
Queria ser biólogo marinho, agora é embaixador da ONU. Jason Momoa foi esta segunda-feira formalmente reconhecido como embaixador da UNEP para a Vida Debaixo de Água no primeiro dia da Conferência dos Oceanos, em Lisboa.
Numa conversa com Susan Gardner, a Diretora da Divisão de Ecossistemas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), o ator norte-americano falou sobre a sua paixão pelo oceano, emocionou-se e ainda deu spoilers sobre o próximo filme do super-herói Aquaman.
"Esta Conferência é muito importante porque está a estimular a vontade política, a construir literacia do Oceano e o consenso: se vamos cuidar do Oceano, então estamos a cuidar de nós", afirmou a diretora da UNEP, que advertiu: "Só seremos bem sucedidos se os líderes políticos prestarem atenção - e sabemos que só o fazem quando as pessoas prestam atenção. E, às vezes para nos focarmos e competirmos pelas mentes e pelos corações das pessoas, precisamos de força e capacidade super-humana", concluiu Susan Gardner, chamando o conhecido ator de Hollywood a "palco".
"Nunca tinha participado em algo como isto. É uma grande honra para mim porque esta é a minha paixão", começou por dizer Jason Momoa, perante uma plateia que se multiplicava assim que os participantes do certame se apercebiam da sua presença junto à entrada principal da Altice Arena. “A minha carreira é ser ator e tenho hobbies, mas desde que era miúdo que queria ser biólogo marinho e estava obcecado com salvar o Planeta. Tudo o que estamos a falar agora, eu fui à escola para isso", apontou.
Jason Momoa falava na presença dos filhos adolescentes Lola, de 14 anos, e Nakoa, de 13, que assistiam na primeira fila. E admitiu que é também a pensar neles e nas gerações mais novas que dá voz a esta causa. "A geração anterior cometeu erros - e até a minha geração tentou fazer o melhor que pôde - mas precisamos inspirar a próxima. E ouvir as suas vozes e poder ter uma plataforma onde posso realmente mobilizar e usar os meus poderes de super-herói para espalhar a mensagem. Amo isso", afirmou, admitindo que este "é um sonho tornado realidade".
"Este tipo de paixão tem estado presente em toda a minha vida - no Havai (onde nasceu), ou em Iowa (onde cresceu) - e mais tarde, quando comecei a representar, o ciclo completou-se: sou o Aquaman! E sou pai destas duas maravilhosas crianças", proferiu, prosseguindo: "Eles olham para mim como um herói e eu so quero fazer a diferença. Muitas pessoas falam, falam e falam. Eu assumi: quero parar com a poluição de plástico e tenho de fazer tudo o que conseguir para isso". Foi então que em 2019, Jason Momoa fundou a Mananalu, uma empresa para substituir garrafas de água de plástico por garrafas de alumínio infinitamente recicláveis.
Um Aquaman que é o reflexo do mundo atual (Spoiler Alert: as coisas estão a ficar sérias)
"Se fosse divulgar algumas informações (sobre o Aquaman 2) teria de o fazer nas Nações Unidas - por isso vocês são uns sortudos", começou por sugerir o ator, dirigindo-se ao público, que reagiu com curiosidade sobre a longa metragem que chega aos cinemas em março de 2023.
"Não quero adiantar muito porque quero que o aproveitem, mas está muito enraizado no que está a acontecer ao nosso planeta. No filme conseguimos ver o que vai acontecer e de uma forma muito rápida: como as tempestades vão mudar, como tudo vai ser afetado... Estamos metidos num grande problema - e não há aliens, não há outro mundo, nada. É mesmo aqui. No nosso planeta", detalhou, deixando o alerta... e uma coincidência:
"E neste filme incrível eu tive a oportunidade de ir às Nações Unidas - e acabei de ter um arrepio - e foi um momento muito difícil porque havia mesmo 200 'representantes', tal como a ONU, e eu vestido com um fato dourado e pronto a discursar", proferiu, interrompendo logo de seguida: "Eles dão-me um teleponto e eu digo: 'Nem pensar. Eu escrevi isto'. E faço o discurso". Mas este foi também um momento muito duro para o ator a nível pessoal:
"A minha avó - de quem eu era muito próximo porque fui criado por ela e pela minha mãe - morreu no dia anterior e eu estava muito em baixo. E ia mesmo cancelar as gravações porque pensei que não ia conseguir fazer isto. E levantei-me e entreguei o que mais significava para mim e é uma cena incrível e estou muito grato", contou, com a voz embargada.
"Estou entusiasmado para que o público veja o Aquaman 2, mas é algo tão importante para mim ao ponto que eu tive uma grande mão nisso. E por mostrar ao mundo o que vai acontecer - e contar uma grande história também - mas as coisas estão a ficar muito sérias e é tempo de agir agora", instou.
"Queria mesmo esse crossover da minha vida - do que se está a passar no nosso mundo - para aquela história e esperançosamente as pessoas façam alguma mudança", apelou, dirigindo-se uma última vez para Susan: "E aqui estamos. Agora estou contigo nas Nações Unidas a dar este discurso e SPOILER ALERT - que agora vai-se espalhar por todo o mundo - AINDA BEM! Porque precisamos de mudança!", exclamou.