Primeira quinzena de outubro com calor acima da média. “Estamos a assistir a situações que só pensávamos que íamos ver em 2040”

26 set 2023, 08:00
Calor (AP)

Nos últimos três anos a temperatura do ar neste mês não parou de aumentar

As temperaturas mais altas do que é habitual e a falta de chuva irão continuar em outubro. Pelo menos na primeira quinzena. Segundo dados do IPMA, adiantados à CNN Portugal, as previsões indicam que no próximo mês a temperatura média estará “acima do normal” e a precipitação “abaixo” do que é comum. 

De acordo com a mesma fonte oficial do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), estas previsões quanto ao calor irão manter-se pelo menos até dia 22. O boletim meteorológico deste instituto indica que o tempo mais quente irá resultar de uma subida entre 1 a 1,5 graus da temperatura relativamente à média do mês de outubro – que é de 18,8 graus. 

O climatologista da Planoclima, Mário Marques, confirma esta tendência nas primeiras semanas do próximo mês. “Haverá uma anomalia positiva em relação à média entre 1 a 1,5 graus na primeira quinzena”. Ou seja, as temperaturas poderão andar nos 19 ou até mesmo 20 graus.  

Já na segunda quinzena, adianta Mário Marques, tudo indica que a temperatura vai baixar, podendo situar-se nos 0,5 graus abaixo da média. Uma situação que caso se verifique poderá impedir que este próximo mês se torne no outubro mais quente de sempre, ou pelo menos dos últimos anos. 

Os mais quentes são, desde o ano 2000, o de 2017 (19.57), o de 2014 (18.95)
e de 2011 (18.91).

Nos últimos três anos, em outubro a temperatura foi sempre aumentando. Assim, em 2020 este mês foi mais frio, com uma média de 15,36 graus. Já em 2021, no mesmo período subiu para 17,73 ºC e em 2022 as temperaturas em outubro atingiram os 18,73. 

Estas subidas de temperatura em outubro, em pleno outono, são mais um sinal das alterações climáticas que estão a ocorrer. “Nas últimas décadas, particularmente 2003, 2004, temos vindo a assistir a um aumento da temperatura média e uma redução drástica da ocorrência de neve e geadas na Europa."

"Este é um fenómeno associado às alterações climáticas”, nota Mário Marques, explicando que "a atmosfera está a aquecer cada vez mais, o que confirma o aumento das temperaturas”. Um cenário que tem impacto em várias situações. “Até mesmo os glaciares, as neves entre outono e inverno, está tudo a alterar, é um verdadeiro paradigma”, sublinha o especialista da Planoclima, alertando: “Estamos a assistir a situações que só pensávamos que íamos ver em 2040.”

Outro dos fenómenos meteorológicos, e que leva a que outubro seja agora mais quente do que o habitual, tem a ver com o prolongamento dos períodos quentes. “As temperaturas mais quentes têm recentemente durado mais tempo. Já tivemos cerca de 20 ºC em pleno mês de dezembro, por exemplo dezembro de 2020”, recorda.

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