Ambientalistas criticam falta de ações concretas na Cimeira da Amazónia

Agência Lusa , DCT
9 ago 2023, 07:17
Amazónia (Getty Images)

Para o fundador da Coalizão Brasil, Marcelo Furtado, rede formada por mais de 350 representantes dos setores público, privado, académico e da sociedade civil, o que foi exposto no documento "é um misto de boas notícias e um pouco de frustração".

Várias organizações ambientalistas expressaram satisfação com os temas abordados na declaração final da Cimeira da Amazónia, realizada no Brasil, mas criticaram a falta de ações concretas que levem a soluções para a maior floresta do planeta.

"Este é um acordo bastante inicial, um primeiro passo, mas ainda não dá nenhuma resposta concreta ao mundo em que estamos a viver", disse o diretor executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, uma rede de mais de 70 organizações ambientais do Brasil.

"Não é possível que, num cenário destes, oito países amazónicos não consigam fazer uma declaração em letras maiúsculas de que a desflorestação tem de ser zero e que a exploração de petróleo no meio da floresta tropical não é uma boa ideia", acrescentou, referindo-se à Declaração de Belém, assinada na terça-feira no estado brasileiro do Pará.

O sentimento de Astrini foi repetido por outras redes e organizações ambientais, como a Coaligação Brasil, o World Resources Institute (WRI), o WWF-Brasil e a Conservação Internacional (CI).

Para o fundador da Coalizão Brasil, Marcelo Furtado, rede formada por mais de 350 representantes dos setores público, privado, académico e da sociedade civil, o que foi exposto no documento "é um misto de boas notícias e um pouco de frustração".

Segundo o especialista, embora a cimeira tenha abordado os temas certos, "não apresentou" ações concretas para "o curto e médio prazo" que possam mudar a situação atual do bioma.

A mesma opinião teve a Oorfanização ambientalista World Resources Institute (WRI), que ressaltou a necessidade de "colocar essas ideias em prática".

Na terça-feira, os oito países que integram o Tratado de Cooperação Amazónica assinaram a Declaração de Belém, na qual consolidaram uma nova e "ambiciosa" agenda comum de cooperação para a Amazônia.

Entre os 113 pontos do documento estão o lançamento da Aliança Amazónica de Combate ao Desmatamento, a criação de mecanismos financeiros para promover o desenvolvimento sustentável e a cooperação para combater crimes ambientais.

Além disso, a criação de um fundo para receber doações internacionais para financiar projetos de desenvolvimento sustentável na maior floresta tropical do mundo.

No entanto, temas que causaram polémica na reunião, como a exploração de petróleo na Amazónia, foram abordados quase superficialmente, assim como o compromisso de desmatamento zero até 2030, questão com a qual apenas alguns países amazónicos, como Brasil e Colômbia, se comprometeram diretamente.

Os oito países exortam ainda os países desenvolvidos a cumprirem a promessa de mobilização de recursos financeiros no valor de 100.000 milhões de dólares por ano "em financiamento climático para apoiar as necessidades dos países em desenvolvimento, e a reconhecerem a necessidade de fazer progressos substanciais nas deliberações sobre a nova meta coletiva quantificada para o financiamento climático, a ser concluída até 2024".

De fora ficou o compromisso de redução de exploração de petróleo na Amazónia, uma ambição da Colômbia e do Equador, que não teve o aval do maior país do continente, o Brasil.

Apesar da ambição brasileira para esta cimeira, a diminuição da exploração de petróleo na região tem sido tema 'tabu', com tentativas de evitar a questão por parte de diplomatas e até dos próprios Lula da Silva e da sua ministra do Ambiente, Marina Silva.

A maior petrolífera estatal brasileira, Petrobras, declarou estar muito confiante em poder começar a explorar um controverso campo de petróleo 'offshore' perto da foz do rio Amazonas, apesar de uma recusa recente por parte das autoridades ambientais.

Os oito países da Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA)- Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela - iniciaram hoje uma reunião de dois dias.

Esta é a quarta reunião dos líderes da OTCA, um bloco criado em 1995, e a primeira desde 2009.

Hoje, os lideres da OCTA vão estender as conversas aos países convidados, que possuem grandes áreas de floresta tropical, incluindo Indonésia, República do Congo e República Democrática do Congo.

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