Covid, más notícias desde a China: infeções "aumentam rapidamente", disseminação é 'impossível' de rastrear, mercado negro de medicamentos beneficia

14 dez 2022, 14:16
Covid-19 na China (Kevin Frayer/Getty Images)

Pequim registou um aumento de mais de seis vezes nas idas a hospitais na semana passada e um aumento de 16 vezes nas idas a clínicas de febre

A disseminação da covid-19 na China é atualmente “impossível” de rastrear, disseram as autoridades de saúde do país, anunciando que pararam de registar os casos assintomáticos nas suas contagens diárias.

 A Comissão de Saúde da China informou que vai deixar de publicar dados sobre casos assintomáticos de covid-19, face à redução acentuada da frequência de testes PCR, que deixaram de ser obrigatórios.  Assim, neste momento é “impossível compreender com precisão o número real de pessoas infetadas assintomáticas”. Os únicos números relatados são casos diagnosticados em instalações de teste públicas. 

A decisão acontece num momento em que, após o fim das rígidas medidas de contenção, a covid-19 se espalha pela população e aumentaram as idas a hospitais e clínicas. 

O governo da China terminou abruptamente a política covid-zero semana passada, incluindo as restrições de viagens e obrigatoriedade de isolamentos. As autoridades de saúde também acabaram com os testes em massa e os testes regulares obrigatórios, que eram os pilares desta política. Como resultado, os relatórios diários oficiais tornaram-se cada vez mais imprecisos.

A comissão relatou oficialmente apenas 2.291 casos sintomáticos em toda a China na terça-feira, em desacordo com os relatos de residentes e serviços de saúde sobre o aumento das infeções – particularmente na capital Pequim. O vice-primeiro-ministro Sun Chunlan confirmou que as novas infeções em Pequim estavam "a aumentar rapidamente". Também o jornal estatal China Daily informou que Pequim registou um aumento de mais de seis vezes nas idas a hospitais na semana passada e um aumento de 16 vezes nas idas a clínicas de febre.

Li Ang, sudiretor da Comissão Municipal de Saúde de Pequim, disse à comunicação social que a 9 de dezembro houve 31 mil chamadas para serviços médicos de emergência, seis vezes mais do que a média.

O Guardian refere inúmeros relatos de residentes na capital chinesa com amigos, familiares e colegas de trabalho doentes com covid-19. James Zimmerman, advogado de Pequim, disse no Twitter que 90% das pessoas de seu escritório em Pequim tinham covid. “Alguns estão miseráveis, nem conseguem trabalhar em casa. A doença veio como um comboio de carga desgovernado”, disse.

“É profundamente frustrante. As empresas têm de fechar devido à doença dos funcionários, embora legalmente possam estar abertas”, disse à Reuters Noah Fraser, diretor-gerente do Canada-China Business Council em Pequim. Apesar do relaxamento das restrições, os restaurantes permanecem quase todos fechados ou vazios na capital chinesa. Muitas empresas estão a ter dificuldades em encontrar funcionários suficientes que não estejam doentes. Sanlitun, um dos distritos comerciais mais populares de Pequim, estava hoje deserto.

De acordo com o Guardian, os moradores também se queixam de longas filas nas farmácias e da escassez de medicamentos para a gripe. A agência France-Presse relata que surgiu um mercado negro para testes rápidos e alguns medicamentos vendidos a preços inflacionados por “revendedores” cujos contactos são partilhados em grupos nas redes sociais.

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