China envia delegação à Coreia do Norte para celebrar aniversário de fundação do país

Agência Lusa , BC
7 set 2023, 08:30
República Popular da China (Getty Images)

No meio do aprofundamento das tensões nucleares com Washington, Seul e Tóquio, o líder norte-coreano tem tentado aumentar a visibilidade das suas parcerias com Moscovo e Pequim

Uma delegação chinesa liderada pelo vice-primeiro-ministro Liu Guozhong vai visitar a Coreia do Norte, onde participa, no sábado, nas comemorações do 75.º aniversário da fundação do país, informou hoje a imprensa estatal norte-coreana.

A visita ocorre numa altura em que informações apontam para uma deslocação do líder norte-coreano, Kim Jong-un, à Rússia, para reunir com o presidente russo, Vladimir Putin. O encontro deve incluir negociações para a venda de armas norte-coreanas a Moscovo, visando reabastecer as reservas russas, drenadas pela guerra contra a Ucrânia.

A Agência Central de Notícias da Coreia, órgão oficial de Pyongyang, disse que a visita da delegação de Liu vai realizar-se a convite do Partido dos Trabalhadores, partido único da Coreia do Norte. A agência não especificou os eventos em que as autoridades chinesas vão participar ou se vão reunir com Kim.

Um funcionário do Governo dos Estados Unidos disse na segunda-feira que Washington espera que Kim faça uma viagem à Rússia este mês para reunir com Putin, numa altura em que o Kremlin tenta adquirir equipamento militar para usar na guerra na Ucrânia.

A reunião pode acontecer já na próxima semana na cidade de Vladivostok, no leste da Rússia, onde Putin deve participar num fórum económico, que decorre entre domingo e quarta-feira.

Em troca pelo fornecimento de granadas e outras munições, a Coreia do Norte pode pedir fontes energéticas e alimentares e tecnologias de armamento avançadas, dizem analistas.

Há preocupações de que a transferência de tecnologia russa possa aumentar a ameaça representada pelo crescente arsenal de armas nucleares e mísseis de Kim, concebidos para atingir os Estados Unidos e os seus aliados asiáticos, a Coreia do Sul e o Japão.

No meio do aprofundamento das tensões nucleares com Washington, Seul e Tóquio, Kim tem tentado aumentar a visibilidade das suas parcerias com Moscovo e Pequim, ao mesmo tempo que procura romper o isolamento diplomático e integrar Pyongyang numa frente unida contra os Estados Unidos.

Em julho, Kim convidou delegações lideradas pelo ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e pelo membro do Politburo do Partido Comunista Chinês Li Hongzhong, para uma parada militar em Pyongyang, onde exibiu as suas armas mais poderosas, incluindo mísseis balísticos intercontinentais projetados para atingir os EUA.

Na véspera do desfile, Kim levou Shoigu a visitar uma exposição de armamento, que demonstrou o apoio da Coreia do Norte à invasão da Ucrânia pela Rússia e aumentou as suspeitas de que Pyongyang está disposta a fornecer armas a Moscovo.

Numa cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático na quarta-feira, o presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, instou todos os estados-membros da ONU a cumprirem as suas obrigações ao abrigo das resoluções existentes do Conselho de Segurança, para limitar as capacidades nucleares da Coreia do Norte, que incluem a proibição do comércio de armas com o país.

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