Champions: Union Berlim-Sp. Braga, 2-3 (crónica)

3 out 2023, 20:09

Bruma desenhou um arco e Castro derrubou o muro

Histórico! Épico! Inesquecível!

No monumental Olímpico de Berlim, com mais de 70 mil nas bancadas, o Sp. Braga protagonizou uma das suas maiores façanhas europeias.

O dia histórico para os alemães – hoje cumpre-se o 33.º aniversário da assinatura do tratado da unificação – acabou por se transformar numa noite memorável para os minhotos.

O Sp. Braga venceu o Union Berlim com uma notável reviravolta (2-3), consumada no último lance do jogo com um remate rasteiro e cruzado do recém-entrado Castro.

Esse, porém, é o fim de uma história que não teve um princípio nada famoso.

No início, foram as oscilações da defensiva bracarense, bem aproveitadas Sheraldo Becker, que também corria para a história.

O capitão do Union, internacional surinamês nascido em Amesterdão, apareceu com perigo uma e outra vez, até acelerar em definitivo à meia-hora de jogo para marcar o primeiro golo de sempre do Union na Liga dos Campeões. Becker deixou Niakaté para trás e colocou a bola sob as pernas de Matheus. Sete minutos depois, voltou a mais uma corrida triunfal em pleno Olímpico, qual Jesse Owens, deixando para trás desta vez Serdar e a colocar em jeito de pé esquerdo para o segundo.

A linha defensiva do Sp. Braga mais parecia uma réplica do famoso Arco da Porta Nova, ícone da Cidade dos Arcebispos, qual porta aberta para qualquer contra-ataque. Ou, se preferirem, uma antítese do muro de Berlim, que dividiu a capital alemã durante décadas: uma estrutura cheia de buracos, que oscilava por todos os lados.

Sem sair da analogia, os «Guerreiros» reergueram-se das ruínas em que pareciam prostrados e ainda antes do intervalo reagiram. Aos 41m, Niakaté redimiu-se, numa recarga após remate de Ricardo Horta, e reduzindo para 2-1 moralizou o Sp. Braga para o segundo tempo. E que segundo tempo viria a ser este!

O Sp. Braga tinha mais posse de bola (66%-34%), e mais remates (6-5), mas praticamente metade dos ataques dos alemães (15-27) nesta primeira parte.

Um novo capítulo no livro de história

Mas ponhamos a matemática de lado e abramos um novo capítulo nos livros de história.

Com alguns ajustes após o regresso dos balneários, o 4-2-3-1 de Artur Jorge encaixou melhor no 3-5-2 da equipa de Urs Fischer, com Diogo Leite como central descaído do lado esquerdo.

O resto foi inspiração de Bruma. O extremo que clama por oportunidades na seleção portuguesa desenhou um arco triunfal aos 51m e fez o empate num disparo que é sério candidato a golo da jornada.

Pela inspiração de Bruma, o Sp. Braga ousou então sonhar. Mesmo sofrendo, com capitão Becker (que exibição!) a espreitar o hat-trick, os «Guerreiros» resistiram aos «homens de ferro».

Então entraram João Moutinho, Vítor Carvalho, Abel Ruiz e Castro, para controlar o jogo. Estes últimos, porém, tinham planos diferentes. E foi no último lance do jogo que se deu uma explosão de alegria que ecoou de Berlim até Braga.

Abel Ruiz segurou, segurou e soltou para a entrada da área, onde Bruma amorteceu para o disparo letal de Castro.

GOLO! Uma festa incrível no relvado. Depois do arco de Bruma a abrir brechas, Castro derrubou o muro berlinense qual «bulldozer».

O Sp. Braga, que havia sofrido de forma ingrata nos últimos minutos o golo da derrota em casa com o Nápoles, é agora feliz em Berlim no derradeiro lance do jogo. Tudo isto antes de defrontar o Real Madrid.

Que bom é poder fazer história e viver o sonho europeu!

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