“Espero que o casamento promova a causa real”. Quem é o futuro marido de Francisca de Bragança

6 out 2023, 22:30

Duarte Martins, advogado, 31 anos, casa-se este sábado com a filha do meio de Duarte Pio, herdeiro ao trono de Portugal, se Portugal fosse uma monarquia

Perfeito desconhecido até dezembro, Duarte de Sousa Araújo Martins tornou-se capa de revista após o anúncio do noivado com Maria Francisca de Bragança, a única filha do herdeiro ao trono português presuntivo, Duarte Pio de Bragança, e de Isabel de Herédia. Vê-se a si mesmo como alguém que ficará na retaguarda, mas, como os apoiantes da monarquia portuguesa, não vê o casamento deste sábado, 7 de outubro, como apenas um matrimónio com transmissão televisiva e 1200 convidados. “A projeção pública do casamento tem um impacto que espero ser positivo para a promoção da causa”, diz à CNN Portugal. 

“Independentemente do sistema político atual, acredito que os portugueses estão ligados de forma inexorável a uma identidade própria e rara: somos um povo ligado a Deus, à terra, à nossa história e à nossa cultura. São elementos que nos unem de forma especial uns aos outros. Espero que o casamento promova a causa na medida que recorda a fundação desta identidade especial que construímos e herdámos”, acrescenta, por e-mail. 

À falta de títulos nobiliárquicos de família e atividade de apoio à causa real conhecido, Duarte de Sousa Araújo salienta que os seus pais sempre “passaram valores tradicionais, coincidentes com os que fundaram Portugal”. E explica: “Acredito que a monarquia parlamentar é uma alternativa de sistema político viável, e que é uma garantia forte da estabilidade institucional e da proteção dos valores democráticos de um país. Note que este princípio em nada contradiz o cumprimento dos meus deveres cívicos, como cidadão da nossa República portuguesa.”  

Mas na família do noivo pode encontrar-se, sem recuar séculos, um fiel à causa monárquica: o avô materno, João de Sousa Araújo, pintor de arte sacra, como explica o embaixador José de Bouza Serrano, um especialista em casas reais europeias que dedicou a sua vida profissional à diplomacia (e ao protocolo de Estado) e que, por estes dias, está envolvido "como pode" na organização deste casamento.

Noivado foi "uma surpresa muito grande"

José Bouza Serrano diz que o anúncio do enlace “foi uma surpresa muito grande”. “Sempre achei que a dona Maria Francisca se casaria no estrangeiro, mas o sortudo foi um português”, afirma. “Eles são um casal ótimo e vê-se que estão muito apaixonados.” Quem tem seguido de perto a sua história, como Bouza Serrano, diz que são “ambos católicos com preocupações sociais”. Tal como a noiva, mas em momentos diferentes, Duarte de Sousa Araújo fez voluntariado enquanto estudante da Universidade Católica, onde se licenciou em Direito.

Após o casamento, Duarte de Sousa Araújo Martins diz que pretende manter-se numa posição recuada em relação à futura mulher, Maria Francisca, a quem chama Chica (como os mais próximos). “Estou lindamente nos bastidores e a Chica é que tem e terá um papel mais ativo publicamente: é quem verdadeiramente releva nos temas que têm maior exposição e projeção pública.” 

Duarte de Sousa Araújo tem 31 anos, mais cinco do que a noiva, e é advogado. Os caminhos de ambos cruzaram-se em 2019 numa festa em Azeitão. No final do ano passado, veio o pedido de casamento, que, soube-se depois, aconteceu no Monte Ramelau, o ponto mais alto de Timor - um país caro ao futuro sogro.  

Os últimos dez meses - entre entrevistas, sessões de fotos e preparativos - terão dado pistas sobre o que virá a seguir. Pela sua parte, garante que a melhor decisão que tomou foi "confiar plenamente no Senhor Dom Duarte e na Senhora Dona Isabel. Não tenho a maior das utilidades na organização de eventos deste calibre..." Mas está pronto para as mudanças. “A Chica passa a ser a minha maior prioridade. Isto, além de pressupor acompanhar a Chica em tudo o que puder e me for pedido, implica necessariamente ter uma vida e dinâmica de casal normal e continuar a trabalhar pela minha família.”

A caminho de Londres

Após o casamento, e se Duarte Pio quiser, pode atribuir o título de duque de Coimbra, já usado por Francisca, ao genro. 

No final deste ano, os recém-casados mudam-se para Londres. Ele continuará a ser advogado na Uría Menéndez, onde já conta "mais de oito anos de casa”. A noiva, 26 anos, deixa para trás a curta carreira em agências de comunicação, para se dedicar aos seus projetos. “E, possivelmente, aprenderá com as charities inglesas”, acredita o embaixador Bouza Serrano. 

Duarte de Sousa Araújo Martins detalha os próximos passos. “A Chica tem duas iniciativas que acredito que terão um impacto social e cultural muito relevante, e nas quais conta com o meu apoio total”, começa por explicar o noivo. “Estará a promover o prémio Infanta Dona Maria Francisca, um prémio que é atribuído aos estudantes do mestrado em Artes Plásticas da Faculdade de Belas Artes do Porto”, diz. “A iniciativa é muito interessante e a Chica quer dinamizar o projeto de forma a incluir estudantes de outras faculdades do país. Para este efeito, estamos a constituir uma associação (a Associação Infanta Maria Francisca) que terá o propósito de ajudar estes estudantes de belas artes a projetarem o seu trabalho com parceiros nacionais e estrangeiros, ajudando ainda com um apoio financeiro”, acrescenta. 

“Parte dos nossos presentes de casamento será usada para lançar este projeto”, revela ainda. 

O enlace é multitudinário - 1200 convidados - e internacional (já que a família Bragança está unida por laços familiares à realeza de toda a Europa) e acontece este sábado, às 15.00, na basílica do Palácio Nacional de Mafra. Apesar dos seus mais de 300 anos, será a primeira vez que o monumento nacional recebe um casamento 'real'. 

O evento tem sido organizado pelos apoiantes da Causa Monárquica, com especial relevo para a Real Associação de Lisboa e núcleo do Oeste. A Câmara de Mafra tomou para si a organização de um festejo popular no terreiro D. João V, frente ao palácio, com ranchos folclóricos. Cá fora, vão soar os sinos do carrilhão. Lá dentro, vai ecoar o conjunto de seis órgãos da basílica. Após a cerimónia, os noivos - já casados - vão cortar, com espada, o bolo de casamento com todos os presentes. 

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