Líder da aliança automóvel Stellantis alerta para a necessidade de os carros elétricos serem acessíveis para que a classe média os possa comprar
Não é com obrigações que os condutores europeus vão trocar os carros com motores térmicos por veículos totalmente elétricos. O líder da aliança automóvel Stellantis, Carlos Tavares, alertou para a necessidade de tornar os automóveis a baterias mais acessíveis para a população.
“Tudo o que representa uma obrigação regulamentar em ir para o veículo elétrico vai criar uma tensão social. Os que são mais vulneráveis não têm capacidade de comprar um veículo elétrico de 30 ou 40 mil euros. O carro deles hoje vale apenas cinco mil euros. Não há recursos económicos para passar de um carro de cinco mil para um de 30 mil euros”, alertou o gestor português, durante uma mesa redonda com jornalistas nesta sexta-feira, a partir de Mangualde.
Carlos Tavares sinalizou que um carro elétrico “é melhor do que um térmico a nível de conforto, aceleração e de comportamento”. No entanto, em muitos Estados europeus, os presidentes de câmaras “vão começar a proibir o acesso a carros térmicos, o que provoca um problema social enorme. Um condutor pode ter de regressar a casa com um carro diferente com o que foi para o trabalho”, avisou.
“Temos de tornar os carros elétricos acessíveis à classe média“, considerou. O gestor português lembrou que em países como Portugal, Espanha, Itália e Grécia, os carros do segmento B, os utilitários, “têm uma quota de mercado muito maior” do que nas restantes categorias.
As declarações de Carlos Tavares foram feitas no dia em que a Stellantis Mangualde anunciou que vai começar a produzir carrinhas totalmente elétricas entre o final de 2024 e o início de 2025. Com um investimento total de 119 milhões de euros, o projeto prevê a produção de cerca de 50 mil unidades logo no primeiro ano. A Stellantis Mangualde será a primeira fábrica nacional com produção de unidades elétricas em larga escala.