Brasília com reforço de segurança recorde para o Dia da Independência

Agência Lusa , MJC
6 set 2023, 21:55
Brasília (AP)

Mais de 2 mil militares reforçam a segurança durante o desfile desta quinta-feira

Brasília está em alerta máximo e com uma esquema de segurança recorde para as celebrações do 201.º aniversário da independência do Brasil, na quinta-feira, indicaram as autoridades.

Ao todo serão 2 mil militares da Polícia Militar do Distrito Federal de unidades especializadas, como a Cavalaria e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), e cerca de 500 polícias do Distrito Federal (DF), a que se acrescenta, a pedido das autoridades locais, a Força Nacional de Segurança para reforçar a segurança durante o desfile de 7 de setembro.

De acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública do DF, o policiamento será maior do que no ano passado e maior do que a tomada de posse presidencial de Lula da Silva a 01 de janeiro, de forma a "manter a ordem pública, a segurança dos participantes, dos edifícios públicos e das autoridades presentes no evento".

A Esplanada dos Ministérios, avenida que alberga todos os ministérios e que culmina na praça dos três poderes (Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal), foi encerrada ao trânsito a partir das 21:00 de hoje (1:00 de quinta-feira em Lisboa) e o acesso das cerca de 30.000 pessoas esperadas para as celebrações terá pontos de revista policial espalhados pela avenida.

As autoridades do DF estão empenhadas em evitar que se repitam os acontecimentos de 08 de janeiro, quando milhares de radicais ligados à extrema-direita brasileira, muitos deles acampados há meses em frente ao quartel-general de Brasília, atacaram as sedes dos três poderes em Brasília, no oitavo dia da presidência de Lula da Silva, com o objetivo de o retirar do poder.

Para além disso, dezenas de autocarros chegaram à capital brasileira - sem qualquer interferência das autoridades -, na véspera do 08 de janeiro, com milhares de pessoas que acreditavam que as eleições presidenciais perdidas por Jair Bolsonaro, em outubro, tinham sido forjadas.

O Governo do DF e as autoridades policiais e de segurança foram alvo de duras críticas, por não terem intervido e evitado que o 'coração da democracia' fosse atacado.

Logo após os ataques, o Supremo Tribunal Federal afastou o governador Ibaneis Rocha do cargo, por 60 dias. O então secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, Anderson Torres, foi preso.

Tal como Jair Bolsonaro, Anderson Torres encontrava-se de férias nos Estados Unidos.

O ex-comandante da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira, e o seu sucessor, Klepter Rosa, foram também presos.

O Supremo Tribunal Federal já aceitou a denúncia contra 1.290 pessoas, a maioria delas diretamente envolvidas nos ataques às sedes dos três poderes.

A Procuradoria-Geral da República apresentou queixa contra os primeiros 40 arguidos, contra os quais pediu a pena máxima de 30 anos de prisão.

O Ministério Público acusa os arguidos de crimes como associação criminosa armada, abolição violenta do Estado de direito democrático, golpe de Estado, danos agravados e danos contra o património público.

O Supremo Tribunal Federal ainda está a investigar estes factos e tem entre os investigados o próprio Bolsonaro, suspeito de ter incentivado a revolta ao não reconhecer a vitória de Lula da Silva nas eleições e ao semear dúvidas sobre a lisura e transparência do processo eleitoral.

Quanto ao 07 de setembro, que na quinta-feira celebra os 201 anos do famoso grito "Independência ou morte!", de D.Pedro, às margens do Rio Ipiranga, no ano passado, foi utilizado pelo então Presidente brasileiro Jair Bolsonaro como um comício e como uma demonstração de força dos seus apoiantes, que saíram às ruas em demonstração de apoio ao ex-capitão da reserva, numa cerimónia que contou com a presença dos chefes de Estado de Portugal, Cabo Verde e Guiné-Bissau.

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