A Libertadores é portuguesa e o céu é verde... verdão
Foi sofrido, foi suado, foi com emoção até ao apito final. Foi histórico e com triunfo também português. Foi Palmeiras!
Foi do forma a que a equipa alviverde se acostumou a ganhar os títulos mais importantes da sua gloriosa história. O maior campeão do Brasil repetiu o feito de 1999 e conquistou a Taça Libertadores da América pela segunda vez.
Com um golo de Breno Lopes nos descontos, a equipa comandada pelo técnico português Abel Ferreira venceu o Santos por 1 a 0, na final deste sábado no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, e foi bicampeã da competição mais importante do continente sul-americano.
O golo de um herói improvável, Breno Lopes, que foi contratado a meio da temporada ao Juventude, que disputava a II Divisão do Campeonato Brasileiro, resolveu um confronto decisivo bastante equilibrado e com poucas oportunidades de golo.
O título devolveu a alegria aos adeptos palmeirenses, que não conquistavam a América há 21 anos, na altura com Luiz Felipe Scolari.
Agora, o Palmeiras vai disputar o Mundial de Clubes, no Qatar, e pode defrontar na final o Bayern de Munique, campeão da Europa. A Libertadores sempre foi a grande obsessão dos adeptos e do Verdão.
Há uma música que eles cantam sobre isso. O Palmeiras cumpriu o objetivo de sua obsessão e levou do Rio para São Paulo a «Glória Eterna», designação dada pela Conmebol à taça.
Assim como tinha acontecido em 2019 com o técnico Jorge Jesus no Flamengo, na temporada de 2020 foi outro português que assumiu o comando de um clube brasileiro com as competições já em andamento e foi fundamental para a conquista.
Abel Ferreira agarrou o lugar de Wanderley Luxemburgo e devolveu aos adeptos uma equipa com as características das raízes do Palmeiras, uma equipa que gosta de atacar e jogar com a bola.
Neste sábado, apesar da partida bastante amarrada, o golo único premiou o trabalho de apenas três meses de Abel.
Apesar de não haver venda de bilhetes por causa da pandemia do coronavírus, foi autorizada a presença de até cinco mil pessoas no Maracanã, número que incluiu os atletas, delegações dos clubes, jornalistas, funcionários e convidados. Com isso, pelo menos mil adeptos com convite fizeram barulho nas arquibancadas, cantando músicas e incentivando.
O jogo começou muito disputado em campo, com muitas faltas e discussões, tão quente quanto o calor de quase 40 graus que se fazia sentir na tarde deste sábado no Rio de Janeiro. Nos primeiros minutos houve dois cartões amarelos, para Lucas Veríssimo, por uma falta dura sobre Rony, e para Gustavo Gomez, que chegou atrasado e derrubou Marinho.
No primeiro tempo, o Santos iniciou com mais posse de bola, enquanto o Palmeiras tentou explorar mais as jogadas em velocidade. As duas equipas buscaram o ataque mais pelo lado esquerdo, o a equipa de Abel principalmente por Rony e o adversário por Soteldo.
Mas os sistemas defensivos levaram vantagem na maioria das situações, e foram poucas as oportunidades de golo criadas.
O Santos chegou a ameaçar num remate de fora da área de Pará e numa bola que Marinho não conseguiu alcançar na área. Pouco. Já o Palmeiras tentou num cruzamento de Rony que o guarda-redes John tirou antes da finalização de Luiz Adriano e num remate cruzado de Rafael Veiga que passou perto da trave.
O ritmo do duelo ainda diminuiu antes do intervalo, talvez pela alta temperatura que proporcionava cansaço, mas também pela precaução das equipas em não dar espaço ao adversário.
Na segunda parte, o jogo ficou um pouco mais aberto. De um lado, Lucas Veríssimo - futuro jogador do Benfica - teve uma oportunidade num cabeceamento. Do outro, Rafael Veiga assustou numa cobrança de falta perigosa. Com o zero ainda no placard, o técnico Cuca fez uma substituição ofensiva, ao tirar o médio Sandry e ao colocar o avançado Lucas Braga.
Um remate forte de longe de Felipe Jonathan quase fez os santistas comemorarem, e logo depois o técnico Abel Ferreira fez uma mudança no meio-campo palmeirense, trocando Zé Rafael por Patrick de Paula.
Na sequência, o atacante Breno Lopes entrou para o lugar de Gabriel Menino. Com os atletas desgastados fisicamente, o jogo parecia encaminhar-se para o prolongamento, mas as emoções fortes estavam por vir.
Primeiro, o técnico Cuca foi expulso depois de um desentendimento com Marcos Rocha. Depois, Rony fez um ótimo cruzamento da direita para a área e Breno Lopes meteu a cabeça na bola para fazer o golo e dar ao Palmeiras a sua segunda Libertadores da história.
Com o apito do árbitro, festa alviverde no Maracanã, e a certeza de que o português Abel Ferreira entrou na história do clube em apenas três meses. Há mais conquistas pela frente.