«Casos de Dani Alves e Robinho são uma chapada na cara das mulheres»

21 mar, 16:20
Abel Ferreira e Leila Pereira (Palmeiras)

Chefe da delegacia da seleção brasileira, presidente do Palmeiras, Leila Pereira, falou sobre os dois casos, apesar da postura de silêncio da CBF. Ministra das Mulheres do Brasil defende que «não há fiança que compense a brutalidade» de uma violação

Chefe da comitiva da Seleção do Brasil para os jogos frente a Inglaterra e Espanha, Leila Pereira falou esta quinta-feira sobre as condenações de Daniel Alves e Robinho, antigos internacionais brasileiros, por violação.

Leila, presidente do Palmeiras, lembrou que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem mantido silêncio sobre o caso, mas realçou que achou importante tomar uma posição.

«Ninguém fala nada, mas eu, como mulher aqui na chefia da comitiva, tenho de posicionar-me sobre os casos do Robinho e do Dani Alves», começou por dizer, citada pelo Uol Esporte.

«É uma chapada na cara das mulheres, especialmente o caso do Daniel Alves, que pagou pela liberdade. Acho importante posicionar-me. Cada caso de impunidade é a semente do crime seguinte», acrescentou.

Na quarta-feira, refira-se, ficou a saber-se que Dani Alves poderá aguardar fora da prisão a sentença relativamente ao recurso da condenação de quatro anos e meio por agressão sexual, a troco de um milhão de euros.

Já sobre Robinho, condenado em Itália por violação, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decretou que o antigo jogador deve cumprir no Brasil a pena de prisão.

«Não há fiança que compense a brutalidade que uma violação é»

A ministra das Mulheres do Brasil criticou também esta quinta-feira a justiça espanhola por atribuir uma fiança ao ex-futebolista Daniel Alves, condenado por violação de uma jovem numa discoteca em Barcelona.

«Não há fiança que compense a enorme brutalidade que uma violação é na vida de uma mulher», disse Cida Gonçalves, citada pela Lusa, ao comentar a decisão da justiça espanhola em atribuir uma fiança de um milhão de euros ao antigo jogador, que só não saiu já da cadeia por não ter conseguido reunir ainda o dinheiro, devendo permanecer mais uma noite na prisão.

O Tribunal de Barcelona concordou em libertar provisoriamente o ex-futebolista sob uma fiança de um milhão de euros, enquanto se aguarda a sentença definitiva. Segundo Cida Gonçalves, a violência sexual é «uma das mais cruéis violações dos direitos das mulheres que existem, uma falta de respeito da sua dignidade e integridade».

As declarações da ministra somam-se às do Presidente brasileiro, Lula da Silva, que, num evento do Partido dos Trabalhadores, afirmou, na quarta-feira, que «o dinheiro que Daniel Alves tem não pode comprar a dignidade da ofensa que um homem faz a uma mulher praticando [uma] violação».

A decisão do Tribunal espanhol permitirá que o antigo jogador do Barcelona, que se encontra em prisão preventiva há 14 meses, saia da prisão se pagar a fiança. Daniel Alves terá de entregar os passaportes – espanhol e brasileiro – não pode sair de Espanha e terá de comparecer semanalmente no tribunal.

Notícia atualizada às 16h55, com as reações de Cida Gonçalves e Lula da Silva

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