"Super Natural" de Jorge Jácome venceu prémio da crítica do Festival de Berlim

Agência Lusa , MJC
16 fev 2022, 20:27
Filme "Super Natural" de Jorge Jácome

Filme português integrou o programa Fórum do festival, habitualmente destinado a produções mais experimentais ou que expandam as convenções sobre ficção e documentário e foi distinguido com o Prémio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci). Filme espanhol "Alcarràs" venceu o Urso de Ouro de Melhor Filme

O filme português “Super Natural”, de Jorge Jácome, venceu o prémio da crítica do 72.º Festival de Cinema de Berlim, que decorre até dia 20 e cujo palmarés foi anunciado esta quarta-feira.

“Super Natural”, que integra o programa Fórum do festival, habitualmente destinado a produções mais experimentais ou que expandam as convenções sobre ficção e documentário, foi distinguido com o Prémio da Federação Internacional de Críticos de Cinema (Fipresci).

Para Jorge Jácome, citado num comunicado hoje divulgado pela produtora Ukbar Filmes e a distribuidora Portugal Film, “receber este reconhecimento por parte da Fipresci é realmente especial e uma grande honra”.

“Super Natural”, a primeira longa-metragem de Jorge Jácome, estreou-se na sexta-feira em Berlim, e terá a última exibição no festival no sábado, no cinema CinemaxX5.

O realizador explicou, em entrevista à Lusa, que o filme começou por ser um projeto de um espetáculo de palco do Teatro Praga com a associação madeirense de arte inclusiva Dançando com a Diferença, para se estrear em 2020, não tivesse acontecido uma pandemia.

“Juntei-me ao projeto e repensámos tudo para que as ideias pudessem ser transformadas num filme. Estivemos duas semanas na Madeira a filmar com os intérpretes e depois foi um processo gradual de montagem, coescrita, para chegar a este resultado final”, contou na altura Jorge Jácome.

A estreia do filme em Berlim contou com a presença da equipa e dos elementos da Dançando com a Diferença.

“A Dançando com a Diferença já regressou à Madeira, onde está em criação para os seus novos projetos e com muita pena minha já não está aqui para assistir à atribuição deste prémio, que é também seu. Hoje aqui em Berlim só estou eu e a diretora de fotografia, Marta Simões, mas como o próprio filme diz: estamos sempre aqui e em todo o lado”, afirmou Jorge Jácome, citado no comunicado hoje divulgado.

Com argumento de Jorge Jácome, André e. Teodósio e José Maria Vieira Mendes, “Super Natural” é um objeto artístico protagonizado por algumas das pessoas portadoras de deficiência que fazem parte da Dançando com a Diferença, atuando em espaços naturais e urbanos exuberantes – diz o realizador - da ilha da Madeira.

“O que o título faz, e o próprio filme, é pensar na ideia de natural como uma coisa que é expandida, ou seja, que as normas e limitações do que entendemos como sendo natural para nós, é muito mais interessante quanto mais abrirmos possibilidades para pensar sobre isso”, considerou.

Na sinopse lê-se que o filme “guia o espectador por contextos, geografias, curiosidades históricas, videoclipes, confissões e momentos de humor” que ajudam a compreender que o natural, “seja de um corpo ou de um objeto, é sempre mais complexo do que aparenta ser”.

“Este filme não quer ser nada para poder ser tudo. Existe esta ideia de que tudo é uma possibilidade, a ficção é uma possibilidade, o documentário é uma possibilidade, o experimental também é. O próprio filme reflete sobre isso, sobre quebrar fronteiras, seja do espectador com o filme, seja de géneros fílmicos, seja de formatos. É como se não quiséssemos nunca delimitar uma ideia de formato”, afirmou Jorge Jácome.

O realizador regressou este ano a Berlim, onde apresentou, em 2019, a curta-metragem “Past Perfect” e, dias depois de ter concluído a rodagem de uma nova curta, “Pharmakon”, na serra do Buçaco, concelho da Mealhada.

Filme espanhol "Alcarràs" venceu o Urso de Ouro de Melhor Filme 

O júri da 72.ª edição da Berlinale, presidido pelo realizador M. Night Shyamalan, entregou o prémio maior, o Urso de Ouro de Melhor Filme, à produção espanhola "Alcarràs", de Carla Simón.

A cineasta francesa Claire Denis recebeu o Urso de Prata de Melhor Realização, por "Avec amour et acharnement", enquanto "The Novelist's Film", de Hong Sangsoo, da Coreia do Sul, teve o Grande Prémio do Júri.

O prémio de Melhor Interpretação foi para a atriz alemã Meltem Kaptan, pelo desempenho em "Rabiye Kurnaz vs. George W. Bush", de Andreas Dresen, que também recebeu o prémio de Melhor Argumento.

O Urso de Ouro de Melhor Curta-metragem foi para a produção russa "Trap", de Anastasia Veber.

O prémio de Melhor Documentário foi para "Myanmar Diaries", co-produção russa e neerlandesa.

"Myanmar Diaries" é uma obra coletiva de denúncia da violência na vida quotidiana no país, na sequência do golpe militar de fevereiro de 2021, contado através de histórias pessoais por um grupo de jovens cineastas anónimos.

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