Netanyahu assume que ataque israelita matou "inocentes" que iam distribuir comida em Gaza

CNN Portugal , ARC
2 abr, 13:41
World Central Kitchen (Abdel Kareem Hana/AP)

Três das vítimas são cidadãos do Reino Unido e um outro tem dupla nacionalidade norte-americana e canadiana. Os restantes são oriundos da Austrália, da Polónia e da Palestina

O primeiro-ministro israelita afirmou esta terça-feira que um ataque israelita “não intencional” matou sete trabalhadores humanitários da organização não-governamental (ONG) World Central Kitchen.

"Infelizmente, na segunda-feira, houve um incidente trágico de um ataque não intencional das nossas forças contra pessoas inocentes na Faixa de Gaza", assumiu Benjamin Netanyahu, em comunicado, citado pela AP.

Em causa estão, de acordo com a BBC, três cidadãos do Reino Unido. Os restantes são oriundos da Austrália, Polónia e Palestina e há ainda um cidadão com dupla nacionalidade norte-americana e canadiana, segundo os meios de comunicação internacionais, que trabalhavam para a entidade fundada pelo 'chef' espanhol José Andrés. No momento do ataque, os voluntários viajavam numa caravana humanitária constituída por “dois carros blindados com o logótipo WCK e um veículo ligeiro” e preparavam-se para distribuírem bens no norte de Gaza.

“Apesar de coordenar os movimentos com o exército israelita, a caravana foi atingida ao sair do armazém de Deir al-Balah, onde a equipa tinha descarregado mais de 100 toneladas de ajuda alimentar humanitária transportada para Gaza por via marítima”, explicou a ONG, em comunicado. 

Como resposta, a organização suspendeu de imediato as atividades na Faixa de Gaza, após a morte dos funcionários. “A World Central Kitchen [WCK] está desolada por confirmar que sete membros da nossa equipa foram mortos em Gaza num ataque das Forças de Defesa de Israel [IDF]”, afirmou a World Central Kitchen, na altura.

Até ao momento existia apenas a suspeita de que o ataque teria sido levado a cabo por Telavive, mas sem a confirmação de qualquer entidade israelita. Ainda assim, as IDF apresentaram as condolências pela “morte trágica” dos tralhadores, através das redes sociais. Também o exército israelita expressou “o pesar às nações aliadas”, afirmando que o incidente seria investigado “por um organismo independente, profissional e especializado”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico também reagiu ao incidente, dizendo que as notícias sobre o ataque contra os trabalhadores humanitários em Gaza são “profundamente angustiantes”. David Cameron apelou a Israel não só para investigar o sucedido como para dar explicações. "Os cidadãos britânicos terão sido mortos. Estamos a trabalhar urgentemente para verificar esta informação e daremos todo o apoio às suas famílias", afirmou no X David Cameron.

Para o ministro, “é essencial que os trabalhadores humanitários sejam protegidos” e que possam “efetuar o seu trabalho”. “Apelámos a Israel para uma investigação imediata e para fornecer uma explicação completa e transparente do que aconteceu", reiterou.

O presidente de Chipre, Nikos Christodoulides, também reagiu, afirmando que a morte destes trabalhadores não deve desencorajar ninguém. A tragédia deve, pelo contrário, alertar para a necessidade de redobrar os esforços para levar a ajuda para a região, defendeu. "Precisamos de redobrar os esforços para fazer chegar a ajuda a Gaza."

Benjamin Netanyahu, que está a recuperar de uma cirurgia a uma hérnia, esclarece agora quaisquer dúvidas sobre a autoria do ataque. O primeiro-ministro israelita aproveitou o momento para garantir que as autoridades estão agora a “verificar minuciosamente” os acontecimentos. “Farão tudo para que isto não volte a acontecer.”

Médio Oriente

Mais Médio Oriente

Mais Lidas

Patrocinados