Benfica-Sp. Braga, 1-0 (crónica)

Luís Pedro Ferreira , Estádio da Luz, Lisboa
6 mai 2023, 23:17

Ainda não há rei na liga, mas a águia acena a esperança ao povo

Foi uma noite de campeões no relvado da Luz. Foi uma noite de homens com coragem perante o tamanho do adversário. Foi uma noite de um gigante em corpo pequeno. Foi a noite em que um mágico estendeu uma passadeira vermelha e em que um vulcão entrou em erupção. Foi uma noite em que os diabos foram verdadeiramente vermelhos.

Por outras palavras, este foi um sábado em que o voleibol do Benfica pisou o tapete verde da casa encarnada, após ter conquistado o tetracampeonato. Em que a defesa do Sp. Braga resistiu como pôde perante mais de sessenta mil rivais. Em que João Neves liderou um clube inteiro. Em que Neres lançou Rafa Silva. Em que a Luz explodiu de alegria e alívio por uma vitória que deixa o Benfica a dois passos do título.

Foi uma noite em que o Benfica foi muito melhor que o Sp. Braga e em que se pode ter visto, em apenas 90 minutos, todo o filme de uma época cujo fim ainda desconhecemos, mas que terá um final feliz para alguém. Depois deste 1-0, pode muito bem ser o Benfica, pelo menos é essa a sensação que sai da Luz. Pelo resultado, pela diferença para o FC Porto e, igualmente na mesma medida, pela exibição da equipa de Roger Schmidt.

Dois bons rapazes e um Sp. Braga na Bruma

A história deste 1-0 pode começar muito bem na fábrica do Benfica do Seixal. António Silva há muito que está de pedra e cal no onze, onde também figura agora João Neves. O miúdo foi um monstro, diga-se. Ao lado de Chiquinho, o 87 da Luz mostrou ao povo que os jogadores não se medem aos palmos.

Foi com ele que o Benfica liderou o jogo, controlou-o de início e quase até ao fim, com a posse de bola nos minutos iniciais a bater nuns incríveis 80 por cento.

O Sp. Braga não conseguiu sair da pressão das águias. O Benfica foi sempre extremamente competente na reação à perda de bola, foi competente nos duelos, esteve sempre em cima dos minhotos. Foi um Benfica pré-abril, pressionante, vibrante, mas…sem golo. E esses ainda são os que determinam resultados, por muito bem que se jogue.

Ainda assim, entre os 16 minutos, quando Borja corta uma bola na área perante João Mário e os 40, quando João Mário cabeceou para fora, já havia situações várias para o 1-0. Aí esteve a valentia de Borja, Niakaté ou Tormena. Cada um deles com a coragem de se lançarem aos golpes de uma equipa que se agigantou para esta partida.

Ainda houve uma ocasião de Gonçalo Ramos na compensação, mas ela foi intercalada por uma jogada de Bruma, uma das poucas vezes e que o Sp. Braga apareceu na área do Benfica. No fundo, havia 0-0, mas havia muito Benfica e pouco Sp. Braga, sobretudo um Sp. Braga de menos para quem, a seis pontos, tinha a legitimidade de se candidatar ao trono da Liga.

A passadeira vermelha que Neres estendeu

Artur Jorge perdeu um dos guerreiros ao intervalo, quando Borja foi substituído por Sequeira, mas o Sp. Braga não perdeu o «medo». Fosse pelo enquadramento cénico, pela responsabilidade do jogo ou muito pela ausência de Al-Musrati, os minhotos voltaram a ser dominados no início do segundo tempo.

Gonçalo Ramos perdeu um golo feito por Grimaldo, Neres ainda tentou ele próprio e quando a Luz aplaudiu Pizzi, Rafa Silva marcou. A lei do ex, um desses misticismos do desporto, funcionou, mas pelo outro lado. Neres estendeu uma passadeira vermelha com um passe soberbo e Rafa Silva ficou cara a cara com Matheus. O ex-jogador do Sp. Braga não perdoou e o vulcão que era a Luz explodiu de alegria.

O encontro mudou a partir daí. Fiel à temporada que temos visto, o jogo teve muito Benfica numa fase, mas com a vantagem, os encarnados baixaram um pouco a guarda e o Sp. Braga aproximou-se, com Bruma, quase sempre ele, a colocar a dúvida no resultado.

O Benfica precisou de reunir-se de outra maneira, Schmidt refrescou a equipa, mas quando Sequeira cruzou da esquerda parecia que o mundo ia acabar para os benfiquistas. Mas Banza não chegou à bola, os encarnados respiraram de alívio, ainda que sem escaparem ao sofrimento.

A parte final foi tensa, teve aquele episódio junto ao banco do Benfica, mas, como se disse, resultado, diferença pontual e exibição fazem com que o Benfica fique mais perto de ser o rei desta liga. Para já, acena essa esperança ao povo.

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