Estádio da Luz, 20 anos: o golo de Luisão, o atropelo ao Barça e outras memórias felizes dos adeptos

25 out 2023, 19:00

A Luz tem muito que contar, mas tem sobretudo memórias sem fim, especiais e diferentes para cada adepto. Pedro Ribeiro já escreveu no Maisfutebol sobre os 20 melhores momentos que viveu no estádio. Agora, juntamos as memórias de mais benfiquistas, personalidade com escolhas muito pessoais

A história do novo Estádio da Luz começou a 25 de outubro de 2003. Desde a inauguração frente aos uruguaios do Nacional, numa vitória por 2-1 com bis de Nuno Gomes, passaram 20 anos e mais de 500 jogos. A Luz tem muito que contar, mas tem sobretudo memórias sem fim, especiais e diferentes para cada adepto.

Pedro Ribeiro já escreveu no Maisfutebol sobre os 20 melhores momentos que viveu no estádio. Agora, juntamos as memórias de mais benfiquistas, personalidades com escolhas que vão da inauguração ao golo de Luisão em 2005, da vitória sobre o Barcelona em 2021 ao último campeonato, festejado este ano.

Tiago Dores, humorista

São tantas e tão boas, as memórias que tenho do jovem adulto Estádio da Luz. Mas, como se costuma dizer, «não há memória como a primeira». Por isso, a memória do novo Estádio da Luz que escolhi é precisamente a inauguração do novo Estádio da Luz. Que foi, desde logo, um enorme alívio. Uma vez que durante aquilo que pareceu uma eternidade andámos a jogar no pouco que restava do semi-demolido antigo Estádio da Luz e no Estádio Nacional. Desse período, a única coisa positiva que recordo foi a estreia do Luisão, contra o Belenenses, no Jamor. Num jogo que não traz as melhores memórias pelo resultado, o qual fiz por esquecer. Mas divago. A inauguração do novo Estádio da Luz foi um grande momento: uma casa moderna, bonita, confortável. Enfim, uma ida à bola em dia de temporal deixou de significar, para além de ganhar três pontos, ganhar também uma broncopneumonia. Donde se conclui que ir ao Estádio da Luz faz bem à saúde. Parabéns ao Estádio da Luz.

Domingos Amaral, escritor

O meu coração balançava entre duas, mas uma acabou por vencer: o golo do Luisão ao Sporting, na penúltima jornada do campeonato, em 2005. O Benfica estava igualado em pontos, mas atrás do Sporting, e só vencendo é que era campeão. Foi um jogo muito difícil, o Sporting era na altura treinado por José Peseiro e tinha equipa francamente boa. O jogo foi emocionante, mas sem golos. Estávamos perto do fim do jogo, há uma falta marcada pelo Petit e o Luisão sobe mais alto do que o Ricardo, para fazer o golo que valeu a ultrapassagem ao Sporting. E essa é a melhor memória não só pelo jogo em si, mas também porque o Benfica não era campeão há onze anos. Havia ali uma fome e um desejo absolutamente extraordinários. E nunca me esqueço de um grande senhor do futebol europeu, chamado Giovanni Trapattoni, depois de uma derrota no Restelo. Foi uma derrota pesada, por 4-1, e no fim do jogo perguntam-lhe se o Benfica ainda é candidato ao título. Ele fica uns segundos calado e com toda a tranquilidade responde: ‘Sabe, a minha experiência no futebol diz-me que só no final de março é que se vê quem está na luta pelo título’. E tinha toda a razão, ainda era só dezembro. Foi um ano especial, sem dúvida.

Pimpinha Jardim, apresentadora

A minha mãe sempre nos passou, a mim e à minha irmã, o gosto pelo futebol, e claro que principalmente pelo Benfica, que acompanho desde muito nova. Pelo que tenho muito boas memórias no Estádio da Luz, tanto no antigo, como sobretudo no novo. Também tenho algumas menos boas, mas essas não interessam agora. A memória que está mais viva na minha memória talvez seja a conquista do 38º campeonato, este ano, em maio, num jogo contra o Santa Clara. Porquê? Sobretudo porque consegui levar os meus filhos e festejamos todos juntos uma conquista que já nos fugia há três anos. O Estádio da Luz estava cheio, a atmosfera era incrível e a verdade é que foi uma experiência única para todos.

Tozé Brito, compositor

Uma memória apenas é difícil, porque felizmente o novo Estádio da Luz já me deu o prazer de viver vários grandes momentos. Mas vou escolher um que até é recente e que me deu um gozo tremendo: quando o Benfica venceu o Barcelona por 3-0, com um golo do Darwin, um golo do Rafa e um penálti no fim também do Darwin. Acho que o Benfica fez um dos melhores jogos para a Champions da sua história e no estádio vibrei imenso com aquela noite sublime. O ambiente foi brutal. O estádio estava em delírio, completamente. Foi um jogo incrível, em que dominámos o Barcelona, ainda enviámos uma bola ao poste e são estas noites que ficam para a história do clube, e para sempre na memória de quem as viveu. Por exemplo, lembro-me de um jogo em que perdemos por 4-1 com o Bayern Munique, em que o Bayern nos deu uma lição de bola, e o ambiente também estava incrível. Estes jogos grandes é que ficam na memória. A atmosfera é absolutamente vibrante. Nos jogos do campeonato, sem desprezo pelos clubes nacionais, isso só acontece com o Sporting e o FC Porto. Mas mesmo esses são jogos em que é quase obrigatório vencer. Nestes jogos da Champions é diferente, recebemos os grandes tubarões e sentimos verdadeiramente a euforia, o entusiasmo, a grandeza do Estádio da Luz. São jogos que nos marcam mais e ficam na memória. Ficamos com aquela nostalgia boa de que valeu mesmo a pena.

João Gil, músico

Sempre que vou ao Estádio da Luz, ganho, mas nem sempre vou ao Estádio da Luz. O que é pena. É muito raro perder quando vou, porém. Lembro-me, por exemplo, que uma vez perdemos com o Barcelona. Mas enfim, como disse, é muito raro perder no novo Estádio da Luz, mas houve no entanto uma derrota que me deixou muito incomodado: aconteceu contra o Vitória Guimarães, estávamos a perder 2-0 ou 2-1. Nessa altura a Benfica TV filmou-me em grande plano e apanhou-me com as mãos na cara. Nesse momento, o meu telemóvel começou a vibrar e comecei a receber dezenas mensagens de amigos e conhecidos a perguntar se estava bem. No fundo era o desalento de ver o Benfica ir abaixo, mas fiquei feliz que os amigos estivessem preocupados comigo. No meio daquela desilusão, foi uma boa notícia. Quero dizer também, já agora, que o som do Estádio da Luz melhorou bastante nestas últimas alterações que foram feitas e quero fazer esse louvor. Não é só Qatar, portanto. Mas quero deixar uma sugestão ao marketing do Benfica, que deve tirar mais partido dos momentos pré-jogo e intervalo dos jogos, aprendendo alguma coisa com a NBA, da qual eu sou completamente addicted, tornando o Benfica pioneiro na animação desses momentos e na dinamização do espetáculo total.

Fernando Tordo, músico

Eu fui várias vezes convidado ao longo da construção para ir visitar o estádio e era fácil perceber que ia sair a obra que aí está. A memória mais forte que eu tenho é da inauguração, num jogo em que perdemos com o Nacional de Montevideu. Houve grandes dificuldades a partir de certo momento com a finalização e foi a direção do antigo presidente que conseguiu concretizar a obra. Há, porém, um nome importantíssimo que tem de ser sempre mencionado: Mário Dias. É o chefe da obra, digamos assim. Foi o homem que conseguiu dinamizar toda a gente para construir aquela super estrutura. Por isso aquele dia, a inauguração do estádio, foi um momento de enorme felicidade. Desse dia, aliás, guardei uma carteirinha, que se carregava num botão e acendia uma luz. Eles pediram nessa noite para acender essas luzes, o que construiu um espetáculo do caraças, e eu guardei essa carteirinha, porque é a memória física da concretização de uma grande obra: um estádio como o meu clube merece. Eu sou sócio do Benfica há 72 anos, fazia ginástica no antigo Estádio da Luz quando foi inaugurado, em 1954, e o Benfica para mim é uma ideia. O Benfica não se discute, não entro nessas conversas. O Benfica é estado de espírito. E o novo Estádio da Luz é uma organização incrível como nós merecemos e que nos orgulha.

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