Benfica: SAD com resultado negativo de 35 milhões de euros

7 set 2022, 15:21
Estádio da Luz

Exercício de 2021/22

O Benfica comunicou que teve um resultado líquido negativo de 35 milhões de euros no exercício 2021/22 da SAD.

Em declarações prestadas durante a apresentação das contas, Rui Costa garantiu que não há motivo para «alarmes» e que o resultado deveu-se a uma opção estratégica baseada na reformulação do futebol profissional e no adiamento de eventuais vendas em prol da vertente desportiva.

«Basta ver quantas vezes vocês falaram da possível transferência do Gonçalo Ramos e do Morato para o estrangeiro. Como é que estaria o resultado hoje? É esse o ponto que tem de ser frisado e é isso que me deixa de consciência tranquila e a poder assumir, com rigor, ao universo benfiquista que podem estar tranquilos em relação à parte financeira do clube. Tivemos dois anos de prejuízo já sob a minha gestão, mas sei para onde queremos caminhar desportivamente para atingir também esses resultados positivos. É não nos desviarmos deste caminho, porque acho que o que fizemos nesta mudança de ano encaminha-nos para o que eu acho que todos os benfiquistas querem. Vamos ter sempre de vender, mas procuramos vender nos timings em que acharmos que é oportuno para isso», disse o presidente do Benfica.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, os encarnados justificam este número com o «resultado obtido com transações de direitos de atletas, bastante inferior aos valores alcançados nos últimos exercícios». « Em termos operacionais sem direitos de atletas, verificou-se uma melhoria de 37,4 milhões de euros face ao período homólogo», lê-se.

Informam as águias também que os rendimentos operacionais superam os 169,3 milhões de euros, «o montante mais alto de sempre da história da Benfica SAD». Este valor «representa um crescimento de 80,1 por cento face ao valor de 94 milhões de euros alcançado no período homólogo, essencialmente relacionado com a participação e desempenho na Liga dos Campeões e com o regresso faseado do público ao estádio na época 2021/22».

Também recorde é o valor dos gastos com o pessoal, de 112,6 milhões de euros, um aumento de 16 por cento. À margem do anúncio das contas, tanto Rui Costa como Domingos Soares de Oliveira, CEO da SAD encarnada, vincaram ter sido feito um esforço para reduzir o peso desta rubrica com as saídas de jogadores que tinham um peso substancial a nível salarial, como Julian Weigl (emprestado ao Borussia Monchengladbach) e Everton, Vertonghen, Darwin, Pizzi, Taarabt, Seferovic ou Yaremchuk.

«Posso apenas dizer que ultrapassámos aquilo que estipulámos para este ano em termos de poupança. Fizemos essa redução até acima daquilo que calculámos que fosse possível, foi algo que nos saiu muito bem», disse Rui Costa, sem quantificar o montante exato da poupança, mas vincando que parte desse valor será reinvestido em renovações de contratos dos jovens provenientes da formação do clube.

A sociedade explica ainda que houve um decréscimo de 52,5 por cento no valor das transações de atletas, apesar de o valor bruto das vendas dos jogadores ser maior do que em 2020/21.

«Apesar do valor bruto das vendas de direitos de atletas ter superado o montante do exercício transato (em 2021/22, esse valor atingiu os 124,4 milhões de euros, o que compara com o montante de 110,1 milhões de euros registado em 2020/21), os resultados obtidos com as transferências realizadas foram inferiores, uma vez que os principais jogadores transferidos foram adquiridos por valores significativos e não são provenientes da formação.»

Os rendimentos totais da SAD do Benfica ascendem aos 240,2 milhões de euros – o terceiro melhor exercício de sempre –, ao passo que os gastos operacionais foram de 242,5 milhões, um crescimento de 17,3 por cento em relação ao período homólogo. Neste capítulo, destaca o documento «os aumentos verificados nas rubricas de fornecimentos e serviços externos e de gastos com pessoal, os quais foram parcialmente compensados pela diminuição ocorrida na rubrica de amortizações e perdas de imparidades de direitos de atletas».

Ativo cresce, assim como o passivo

Por fim, o valor da dívida da SAD do Benfica é neste momento de 147,1 milhões de euros, um aumento de 45,8 por cento em relação ao último exercício e que ainda é justificada pelo impacto da pandemia da covid-19, enquanto o capitol próprio é de um montante positivo de 109 milhões de euros.

«Apesar do decréscimo face a 30 de junho de 2021, em consequência do resultado negativo apresentado no presente exercício, continua a ser um indicador positivo, correspondendo inclusivamente ao quarto montante mais elevado de sempre apresentado pela Sociedade. De realçar que a Benfica SAD conseguiu recuperar um valor acumulado de 132,8 milhões de euros do seu capital próprio desde 30 de junho de 2013», esclarece a sociedade dos encarnados.

As palavras de Rui Costa

Antes da apresentação dos resultados, o presidente do clube, Rui Costa, explicou as opções tomadas e que levaram a este resultado. O dirigente argumentou que «foi opção não fazer vendas» de jogadores pelos quais o Benfica recebeu propostas.

Caso contrário, Rui Costa garante que este resultado de 2021/22 seria diferente. Porém, a visão estratégica, privilegiando os aspetos desportivos, levou a que o Benfica quisesse segurar alguns jogadores.

«Libertámos uma série de ativos, criando uma estabilidade na formação. Temos nove jogadores na formação, desses nove apenas o Samuel não se estreou. É um recorde do clube. isto prova o quanto queremos apostar na nossa formação. Isso ira permitir-nos criar muito mais valias financeiras e desportivas para o clube. Em nenhum momento nos alarmámos com o que tínhamos como estratégia. Tínhamos de equilibrar o plantel. O processo não está completo mas demos passos gigantes para isso suceder. Reduzimos a massa salarial, mantivemos jogadores que podiam não estar aqui e este resultado estaria positivo. Esta foi uma estratégia bem clara. Queremos garantir que financeiramente o clube está muito saudável e só foi possível ir por esta estratégia pelo que foi feito antes. Capitais próprios de 109 milhões de euros ajudou-nos a fazer esta estratégia.»

 

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