O regulador anunciou a nona subida consecutiva das taxas de referência do BCE, colocando a taxa permanente de depósito nos 3,75%
Sem surpresas, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira mais uma subida de 25 pontos base das taxas de referência do euro. Foi a nona subida consecutiva de juros desde que a 27 de julho do ano passado o banco central iniciou um ciclo de subidas das taxas de juro.
O BCE revela em comunicado que “os anteriores aumentos das taxas de juro estão a ser transmitidos de forma vigorosa: as condições de financiamento tornaram‑se novamente mais restritivas e estão a refrear cada vez mais a procura, o que constitui um importante fator para fazer a inflação regressar ao objetivo”
Com esta decisão, o BCE coloca a taxa de juro de facilidade permanente de depósito nos 3,75%, o valor mais elevado dos últimos 22 anos, e as taxas de juro aplicáveis às operações principais de refinanciamento e de facilidade permanente de cedência de liquidez passam para 4,25% e 4,50%, respetivamente.
Ciclo de subidas do BCE
Com a subida anunciada esta quinta-feira, o Banco Central Europeu coloca a taxa de juro de facilidade permanente de depósito no valor mais elevado desde abril de 2001.
A mensagem do Comité de Política Monetária do BCE foi, mais uma vez, de que tudo fará para baixar a taxa de inflação para a meta de 2%, como também Christine Lagarde e todos os restantes governadores dos bancos centrais anunciaram no Fórum do BCE, em Sintra, no mês passado. Segundo os últimos dados do Eurostat, a taxa de inflação baixou de 6,1% para 5,5% em junho.
“A inflação continua a descer, mas ainda se espera que permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo. O Conselho do BCE está empenhado em assegurar o retorno atempado da inflação ao seu objetivo de médio prazo de 2%”, lê-se no comunicado do BCE, sublinhando que “as taxas de juro diretoras do BCE sejam fixadas em níveis suficientemente restritivos, durante o tempo que for necessário” para atingir essa meta.
O Comité de Política Monetária do BCE refere também que “a evolução desde a última reunião apoia a expectativa de que a inflação descerá mais no resto do ano, mas permanecerá acima do objetivo por um período prolongado”, sublinhando ainda que, “apesar de algumas medidas revelarem sinais de abrandamento, a inflação subjacente continua a ser, em geral, elevada.”
Além do aumento das taxas diretoras, o Conselho do BCE decidiu também fixar a remuneração das reservas mínimas obrigatórias em 0%. “Esta decisão preservará a eficácia da política monetária, ao manter o atual grau de controlo sobre a orientação da política monetária e garantir a transmissão plena das decisões sobre as taxas de juro aos mercados monetários”, lê-se no comunicado.
Sobre o programa de compra de ativos (asset purchase programme – APP), o BCE revela que a carteira do APP está a diminuir a um “ritmo comedido e previsível, dado que o Eurosistema deixou de reinvestir os pagamentos de capital de títulos vincendos” e voltou a reforçar a ideia de que o Conselho do BCE tenciona reinvestir os pagamentos de capital dos títulos que atingem a maturidade e que foram adquiridos no contexto do programa até, pelo menos, ao final de 2024.