Filme da Barbie fracassa na Coreia do Sul: "O medo de serem rotuladas como feministas é real"

CNN Portugal , ARC
2 ago 2023, 14:06
Apresentação filme "Barbie" na Coreia do Sul (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Filme de Greta Gerwing gerou apenas 8% das receitas de bilheteira no fim de semana de estreia e desceu para 3,9% no seguinte

Milhares e milhares de pessoas têm ocupado as salas de cinema um pouco por todo o mundo para ver “Barbie”, filme que bate recordes de bilheteiras. Foram mais de 180 mil espetadores e mais de 1,1 milhões de euros de bilheteira só em Portugal no fim de semana de estreia. Mas o fenómeno parece ser, na verdade, um fracasso na Coreia do Sul.

As críticas são muitas e somam-se à relutância em aceitar "Barbie" num país em que o filme da realizadora Greta Gerwig e protagonizado por Margot Robbie e Ryan Gosling vendeu pouco mais de 460 mil bilhetes desde 19 de julho, quando chegou aos grandes ecrãs da Coreia do Sul.

De acordo com o Korean Film Council, o fim de semana de estreia recebeu apenas 8% das receitas de bilheteira, tendo o valor sido ainda mais baixo no seguinte, com apenas 3,9%.

“As mulheres podem hesitar em ir ver o filme”, conta a ativista Haein Shim ao Guardian, explicando que “o medo de serem rotuladas como feministas na Coreia do Sul é real”. E acrescenta: “Penso que a Barbie realça, sem dúvida, o facto de um filme centrado nas mulheres e com humor feminista ainda ser considerado um tema tabu”.

A ativista sul-coreana pelos direitos das mulheres conta ainda que a palavra “feminismo” se tornou um “palavrão” para muitos no país e que “as pessoas não estão dispostas a reconhecer o patriarcado profundamente enraizado que tem conduzido a sociedade durante tanto tempo”.

O crítico de cinema Youn Sung-Eun, por sua vez, admite que na Coreia do Sul há quem concorde com a igualdade de género mas, em simultâneo, existem grupos conservadores que se opõem ao "feminismo radical". Por esse motivo, "a educação para a igualdade de género de Greta Gerwing não é muito apelativa”, diz, concluindo que "uma vez que 'Barbie' pretende ser um filme de entretenimento, apresentar temas tão sensíveis de forma proeminente pode não ter um bom impacto".

Antes da estreia do filme, os cartazes publicitários usados no país continham versões diferentes das originais, não incluindo os slogan “Barbie is everything” ("A Barbie é tudo") e “He’s just Ken” ("Ele é apenas o Ken"). As versões adotadas na Coreia do Sul mostravam apenas o nome das personagens, o que foi alvo de críticas devido ao impacto negativo que teve sobre a mensagem de empoderamento feminino associado ao filme.

A Warner Bros Korea garantiu, depois dessas críticas, que a mudança não era intencional e que se tinham concentrado apenas nas imagens e nos nomes das personagens durante a fase inicial da campanha, de acordo com o Guardian.

A digressão de apresentação do filme passou por Seoul a 2 de julho, capital da Coreia do Sul, onde a protagonista Margot Robbie foi surpreendida com um bolo de aniversário, que correspondia à estética do filme.

Margot Robbie na apresentação do filme "Barbie" na Coreia do Sul (Chung Sung-Jun/Getty Images)

A Coreia do Sul não é, no entanto, caso único no que toca à controvérsia gerada em torno ao filme. O Vietname proibiu a distribuição de "Barbie" por incluir uma cena que mostra um mapa onde aparece o território unilateralmente reivindicado pela China no Mar do Sul da China. Já na Rússia, país ao qual o filme não chegou, o parlamento propôs a proibição da boneca, alegando ser “tola” e “tóxica” para os valores russos.

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