"Paus, tacos de hóquei e críquete" para agredirem vítimas. "Máfia bengali" acusada por espalhar terror no Martim Moniz

4 abr 2022, 13:07

A acusação descreve ao pormenor o pânico vivido pelas vítimas em diferentes situações

Três homens estão acusados pelo Ministério Público por cinco crimes de homicídio qualificado, na forma tentada, e dois de ofensas à integridade física qualificadas, além de ameaça agravada e furto. Em causa, num despacho do DIAP de Lisboa a que a TVI/CNN Portugal teve acesso, o grupo conhecido por “máfia bengali”, que atuou na zona do Martim Moniz de 2009 a 2020, espalhando o terror entre os lojistas, que ameaçaram e agrediram quase até à morte para exercer controlo e poder sobre centenas de lojas.

O domínio sobre os lojistas tinha como objetivo conseguir contratos de trabalho em nome de cidadãos que queriam entrar em Portugal vindos do Bangladesh, que pagavam entre 2500 e três mil euros.

“O referido grupo (...) não se inibia de praticar atos de extrema violência com facas de grande dimensão, paus ou tacos de hóquei, críquete e de ferro, e recorrendo a armas de fogo", lê-se na acusação da procuradora Felismina Carvalho Franco, da Unidade Especial de Combate ao Crime Violento do DIAP. 

A acusação descreve ao pormenor o pânico vivido pelas vítimas em diferentes situações. Em janeiro de 2020, uma rixa na Mouraria envolveu mais de vinte pessoas: “Os arguidos empunhavam tacos de hóquei, em madeira e de ferro, outros de críquete, facas de grandes dimensões, e armas de fogo com os quais desferiam pancadas e cortes nas pessoas que ali se encontravam."

A uma das vítimas, que acabou no chão, gritavam: "Vamos acabar contigo hoje. não sais daqui vivo!" Continuaram a agredir o mesmo homem “com o taco na cabeça e nas costas para terem a certeza de que morria." As agressões terminaram com quatro pessoas feridas, uma das quais baleada numa perna.

Meses antes, outra vítima que questionou o grupo foi agredida a murro pelos arguidos. “Filho da p…! vamos-te matar! Tens de sair de Portugal, se voltares a gente mata-te! Se fores à polícia matamos-te!”, ameaçaram. 

Meses mais tarde, voltaram à carga, com tacos e barras de ferro: “Os arguidos atuaram com a intenção de retirar a vida ao ofendido, desferindo violentas e sucessivas pancadas em zonas do corpo que sabiam que lhe poderia causar a morte (...)", diz a acusação. Os acusados deverão seguir para julgamento.

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