“Para muitos países, a recessão será difícil de evitar”. O aviso é do Banco Mundial

Agência Lusa , FMC
7 jun 2022, 15:09
Banco Mundial (SOPA Images/ Getty)

A guerra na Ucrânia, os confinamentos na China, as interrupções na cadeia de abastecimento e o risco de estagflação estão a penalizar o crescimento global

O Banco Mundial prevê que o crescimento global caia de 5,7% em 2021 para 2,9% este ano, “significativamente abaixo” dos 4,1% previstos em janeiro, alertando, ainda, para o risco acrescido de estagflação.

No seu último relatório ‘Perspetivas Económicas Globais’ (‘Global Economic Prospects’), divulgado esta terça-feira, o Banco Mundial estima que o crescimento global “se mantenha neste ritmo em 2023-24, à medida que a guerra na Ucrânia causa disrupções na atividade, no investimento e no comércio a curto prazo, a procura acumulada se reduz e a política económica e orçamental acomodatícia é retirada”.

“Como resultado dos danos causados pela pandemia e pela guerra, o nível de rendimento ‘per capita’ nas economias em desenvolvimento ficará este ano quase 5% abaixo da tendência pré-pandemia”, antecipa.

No relatório, o Banco Mundial alerta ainda para o “risco aumentado de estagflação, com as consequências potencialmente prejudiciais para as economias com rendimentos médios e baixos” que este cenário de fraco crescimento económico e inflação elevada acarreta.

“Agravando os danos da pandemia de covid-19, a invasão russa da Ucrânia amplificou a desaceleração da economia global, que está a entrar no que pode tornar-se um período prolongado de crescimento fraco e inflação elevada”, sustenta.

De acordo com o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass, “a guerra na Ucrânia, os confinamentos na China, as interrupções na cadeia de abastecimento e o risco de estagflação estão a penalizar o crescimento” e, “para muitos países, a recessão será difícil de evitar”.

“Os mercados olham para o futuro, por isso é urgente incentivar a produção e evitar restrições comerciais. São necessárias mudanças na política fiscal, monetária, climática e da dívida para combater a má alocação de capital e a desigualdade”, acrescenta.

O relatório de junho das Perspetivas Económicas Globais do Banco Mundial faz uma primeira avaliação sistemática de como as condições económicas globais atuais se comparam com a estagflação da década de 1970, dando particular ênfase ao impacto que a estagflação pode ter nos mercados emergentes e nas economias emergentes.

A recuperação da estagflação da década de 1970 exigiu significativos aumentos das taxas de juro nas principais economias desenvolvidas, que desempenharam um papel proeminente no desencadear de uma série de crises financeiras nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento.

Banco Mundial prevê uma desaceleração do crescimento económico da zona euro  este ano

O Banco Mundial reviu em baixa a previsão de crescimento económico da zona euro para este ano que deverá desacelerar para 2,5%, penalizado pelos “choques de abastecimento adicionais” causados pela invasão da Ucrânia.

“A previsão para este ano foi revista em baixa em 1,7 pontos percentuais, já que a guerra leva a preços de energia mais altos, a disrupções contínuas nas cadeias de abastecimento e a condições financeiras mais apertadas”, lê-se no relatório ‘Perspetivas Económicas Globais’ (‘Global Economic Prospects’), hoje divulgado.

Segundo o Banco Mundial, o crescimento na zona euro “deverá abrandar ainda mais, para uma média de 1,9%, em 2023-24, à medida que o Banco Central Europeu apertar a política monetária e as repercussões da guerra continuam a penalizar a atividade”.

De acordo com a instituição financeira, os “subsídios à energia em várias das grandes economias da zona euro, apesar de causarem distorções, deverão amortecer ligeiramente o impacto dos altos custos de energia no consumo das famílias”.

No relatório divulgado esta terça-feira, o Banco Mundial nota que “a atividade na zona euro desacelerou na primeiro metade de 2022, principalmente devido à invasão russa da Ucrânia e a um ressurgir da covid-19”, e nota que “os principais países da região são particularmente dependentes de importações de energia da Rússia - nomeadamente de gás, cujas importações russas representam cerca de 35% do total das importações de gás da zona euro”.

E se, “para além da energia, a exposição comercial direta da zona euro à Rússia é pequena, o que limita a impacto direto das sanções” impostas àquele país, o Banco Mundial refere que “os efeitos indiretos sobre já pressionadas cadeias de abastecimento, as tensões financeiras acrescidas e o declínio no consumo e na confiança empresarial têm abalado a atividade” na região euro.

Considerando o grupo das economias desenvolvidas, o Banco Mundial prevê que o respetivo crescimento desacelere “acentuadamente” de 5,1% em 2021 para 2,6% em 2022 - 1,2 pontos percentuais abaixo das projeções anteriores – e perspetiva “um crescimento ainda mais moderado, em torno dos 2,1%, em 2023-24, refletindo a progressiva retirada dos apoios orçamentais e monetários introduzidos durante a pandemia e o esgotamento da procura acumulada.

“Nas economias desenvolvidas, a atividade está a ser penalizada pela subida dos preços da energia, pelas condições financeiras menos favoráveis e pelas disrupções na cadeia de abastecimento, que foram agravadas pela guerra na Ucrânia”, salienta.

Segundo sustenta, “um eventual agravamento da guerra na Ucrânia é o principal risco que ameaça estas previsões, já que poderia desestabilizar a já de si complicada situação geopolítica, desencadear aumentos adicionais dos preços da energia e dos alimentos, exacerbar as pressões inflacionistas, pressionar ainda mais as condições financeiras e prolongar a incerteza política”.

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