Globalmente, o grupo teve uma margem bruta de 2.661 milhões de euros
O grupo bancário espanhol Bankinter teve lucros de 844,8 milhões de euros no ano passado, um aumento de 50,8% em relação a 2022 e um recorde na sua história, anunciou o banco esta quinta-feira.
O grupo teve em 2023 "os melhores indicadores da sua história em todos os negócios e países em que opera", segundo um comunicado do Bankinter, que atribui os resultados globais no ano passado ao aumento das taxas de juro e "a uma maior dinâmica comercial".
Em Portugal, onde o Bankinter está presente desde 2016, o resultado antes do pagamento dos impostos foi de 166 milhões de euros em 2023, mais do dobro (mais 114%) do que em 2022.
"Considerando as várias geografias nas quais o banco opera, para além de Espanha, destaca-se Portugal, cujo contributo para a margem bruta do banco alcança já 10%, e que este ano superou as expectativas com um excelente resultado em todos os seus indicadores", lê-se no comunicado do banco hoje divulgado.
Num contexto de aumento das taxas de juro, o Bankinter fechou 2023, em Portugal, com uma carteira de crédito 9.200 milhões de euros, mais 16% do que um ano antes, sendo que 6.100 milhões correspondem a empréstimos a privados.
O rácio de mora (atrasos e incumprimentos no pagamentos das prestações dos empréstimos) foi 1,3%.
Ainda em Portugal, os recursos dos clientes do banco aumentaram 32% em 2023, para 8.400 milhões de euros, a margem de juros cresceu 85% e a margem bruta subiu 61%.
Globalmente, o grupo Bankinter teve uma margem bruta (que agrega todas as receitas) de 2.661 milhões de euros, mais 28% do que em 2022, que atribui "à evolução favorável das taxas de juro e a uma maior dinâmica comercial".
As receitas de comissões ascenderam aos 817 milhões de euros e as comissões líquidas (diferença entre as comissões cobradas e as comissões que o banco paga) ascenderam a 624,3 milhões de euros no ano passado, mais 3% do que em 2022.
A carteira de crédito cresceu 3,6% e superou os 76.885 milhões de euros em 2023, com um rácio de morosidade de 2,1%, semelhante ao do de 2022.
No entanto, as novas hipotecas (crédito para compra e habitação) em 2023 ascenderam a 5.800 milhões de euros no conjunto do grupo, menos 14% do que em 2022. Segundo o banco, 2022 “foi um ano muito positivo” e esta descida de 2023 “está em linha com a quebra da atividade no mercado imobiliário”.
No caso de Espanha, a taxa de morosidade foi de 2,4% e a carteira de crédito do Bankinter cresceu 1% em 2023, menos do que em Portugal ou no conjunto do grupo, "dada a maior debilidade do mercado imobiliário espanhol".
O Bankinter destaca que no conjunto de todos os bancos em Espanha, as carteiras de crédito caíram 3,5% e a morosidade estava nos 3,57%, segundo dados do Banco de Espanha relativos a novembro.
O banco realça, no comunicado divulgado hoje, que os lucros de quase 845 milhões de euros no ano passado foram recordes apesar do impacto do imposto extraordinário sobre a banca adotado em Espanha, que no caso do Bankinter se traduziu em 77 milhões de euros.
Os impostos extraordinários e temporários sobre a banca e empresas energéticas adotados em Espanha incidem nos ganhos com juros e comissões, no caso dos bancos, e nas vendas, no setor da energia.
Quando foram anunciadas estas medidas, o Governo espanhol considerou que estavam em causa ganhos extraordinários associados à inflação e à subida das taxas de juro, defendendo que tinha de haver justiça social na partilha dos custos da crise gerada pela pandemia e pela guerra na Ucrânia.
Em julho do ano passado, o Governo espanhol previa uma receita de 3.500 milhões de euros anuais com estes impostos, com a banca a contribuir com 1.500 milhões e as energéticas com 2.000 milhões.