Ao lado de Lula (que chegou a colocar Portugal entre os culpados pela guerra), Santos Silva defende cravos do 25 de Abril como símbolo da liberdade ucraniana

25 abr 2023, 12:09
Lula da Silva na Assembleia da República (Foto Lusa)

Presidente do Parlamento português quis dizer ao Presidente brasileiro que "o povo ucraniano é vítima de massacre e de destruições bárbaras"

O presidente da Assembleia da República colocou Portugal e Brasil lado a lado na defesa do Direito Internacional, afirmando que os cravos que simbolizam o 25 de Abril são também símbolo da luta da Ucrânia pela sua liberdade. Augusto Santos Silva condenou a invasão russa durante o discurso de boas-vindas a Lula da Silva, garantindo que os dois países "ambicionam um mundo seguro e sustentável, regulado pelo Direito Internacional, um mundo multipolar em que cada nação tem o seu lugar, um mundo governado por instituições e agendas multilaterais comprometidas com a paz, com o desenvolvimento e com os Direitos Humanos".

"O cravo vermelho simboliza a liberdade por que se batem os ucranianos", afirmou Augusto Santos Silva. "O mundo precisa de Portugal e do Brasil, e precisa agora mesmo agora que ocorre no leste da Europa um conflito sangrento e dramático cujos efeitos políticos e económicos são globais”, apontou o presidente da Assembleia da República, antes de se realçar que “o povo ucraniano é vítima de massacre e de destruições bárbaras". São palavras ditas diante de um presidente brasileiro, Lula da Silva, que ainda recentemente colocou Portugal entre os culpados pela guerra na Ucrânia, e que, já depois do discurso de Augusto Santos Silva, comparou o 25 de Abril com a guerra na Ucrânia.

Após defender a entrada do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, Augusto Santos Silva referiu-se novamente à Ucrânia, num tema em que as posições portuguesa e brasileira não são totalmente coincidentes, sobretudo depois de Lula da Silva ter sugerido que União Europeia (e por inerência Portugal) e Estados Unidos também contribuíram para o conflito. "A Assembleia da República incentiva os executivos [dos dois países] a trabalharem num mundo onde conflitos sejam contidos e arbitrados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas", disse Santos Silva.

Nélida Piñon

"A personalidade que os brasileiros escolhem como presidente é sempre bem-vinda no Parlamento português": ainda antes de se concentrar na guerra, que foi o tema para o final do discurso, Augusto Santos Silva deu assim as boas-vindas ao presidente do Brasil, recebido numa sessão solene à margem do 25 de Abril, mas já com os cravos vermelhos a engalanarem o hemiciclo e as lapelas dos presentes, incluindo de Lula da Silva.

"O encontro das agendas faz com que esta sessão solene ocorra numa data muito importante, o 25 de Abril", vincou Santos Silva, sublinhando o cravo vermelho na lapela do presidente brasileiro.

Voltando aos ataques ao ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro, Augusto Santos Silva falou em "obstáculos de sectarismo preconceituoso" para recordar a demora na atribuição do Prémio Camões a Chico Buarque, faltando durante quatro anos a assinatura do Palácio do Planalto, agora firmada. "O Parlamento português reafirma a íntima fraternidade que nos une a essa república dos sonhos cantada por Nélida Piñon."

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