Explosão no Soweto contra residência de líder comunitário

Agência Lusa
20 mar 2023, 12:57
Ataque com explosivos a residência de um líder comunitário no Soweto, África do Sul

A polícia de Joanesburgo investiga o ataque à residência de Nhlanhla "Lux" Mohlauli um líder comunitário do Soweto, África do Sul.

A residência de um líder comunitário no bairro sul-africano do Soweto, sul de Joanesburgo, foi atacada com explosivos comerciais esta segunda-feira de manhã, disse a polícia sul-africana.

“A polícia está a investigar um caso de violência pública e danos maliciosos à propriedade após uma explosão que causou danos a uma casa em Pimville. A polícia está a investigar o possível uso de explosivos comerciais neste incidente”, salientou à imprensa a porta-voz da Polícia Athlenda Mathe.

O líder comunitário Nhlanhla “Lux” Mohlauli preside ao Parlamento do Soweto, que é descrito como uma estrutura comunitária “que procura responsabilizar o governo local”, tendo entrado em funcionamento em 2022.

O incidente ocorreu antes de os manifestantes do partido de esquerda radical Combatentes da Liberdade Económica (EFF, na sigla em inglês), na oposição, começarem a concentrar-se pacificamente na Praça da Igreja, em Pretória, a capital sul-africana, sede da Presidência da República a cerca de 60 quilómetros de Joanesburgo.

A segurança do Union Buildings, o Palácio presidencial, foi hoje reforçada consideravelmente com efetivos da Polícia Sul-Africana (SAPS), da polícia metropolitana de Tshwane e do exército (SANDF, na sigla em inglês).

Carl Niehaus, o quadro expulso do partido ANC, no poder desde 1994 na África do Sul, e agora fundador do movimento African Radical Economic Transformation Aliance (Areta), que participa na ação de protesto em Pretória, considerou em declarações à imprensa que o reforço de segurança em torno dos protestos do EFF é “reminiscente da revolta do Soweto em 1976”, organizada pelo ANC, na altura tido como movimento de libertação contra o regime segregacionista de ‘apartheid’.  

Niehaus alegou que alguns militares e agentes da polícia “contaram estarem insatisfeitos com o seu destacamento hoje porque partilham o mesmo sentimento dos manifestantes”.

“Esses mesmos serviços de segurança que você [Presidente Ramaphosa] pode querer usar contra o povo, podem se voltar contra você – e tenha cuidado, porque eles podem muito bem ser os que vão entrar no Union Buildings, tirá-lo da cadeira, levá-lo até ao estabelecimento prisional de Kgosi Mampuru e colocá-lo onde você pertence”, declarou Carl Niehaus, antigo porta-voz de Nelson Mandela e próximo do ex-presidente Jacob Zuma.

A maioria dos estabelecimentos comerciais no centro da cidade de Pretória encontraram-se encerrados ao público.

No Cabo Ocidental, sul do país, a polícia disparou granadas de atordoamento para fazer dispersar um grupo de manifestantes em Thembalethu, quando tentavam bloquear o tráfego no município, noticiou o canal público SABC.

Em declarações ao canal público sul-africano, o secretário provincial do partido EFF, Mbulelo Magwala, disse que os protestos decorrem “em todas as regiões” da costa sul-africana.

“Em toda a região Sul do Cabo, vamos garantir a nossa presença. E sabemos que a polícia tem fome do nosso sangue. Eles querem nos prender”, declarou.

Na Cidade do Cabo, a polícia usou gás lacrimogéneo para fazer dispersar uma centena de manifestantes em Woodstock, próximo do centro da cidade, após se reunirem para uma marcha como parte da paralisação convocada pelo EFF.

A polícia dispersou também um outro grupo de manifestantes do EFF junto do Aeroporto Internacional da Cidade do Cabo, segundo a autarquia da Cidade do Cabo.

Pelo menos 87 pessoas foram presas na manhã de hoje na África do Sul por ações de violência pública relacionada com os protestos convocados pelo líder de oposição Julius Malema, de esquerda radical, anunciou a polícia sul-africana.

A concessionária de eletricidade sul-africana, a endividada Eskom, anunciou o cancelamento dos cortes regulares de eletricidade no país até ao final do dia hoje.

A África do Sul encontra-se desde sexta-feira em estado de “alerta máximo” devido aos protestos anunciados para o dia hoje pelo partido de oposição EFF contra os “cortes de eletricidade regulares” e uma economia em “colapso”, pedindo ainda a renúncia do Presidente Cyril Ramaphosa, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), no poder desde 1994 no país.

Pelo menos 3.400 militares do exército sul-africano (SANDF, na sigla em inglês) foram destacados desde domingo para assistir a Polícia a lidar com os protestos de hoje convocados pelo político de esquerda radical, Julius Malema, que foi líder da Juventude do ANC governante entre 2008 e 2012.

Na cidade portuária de Durban, é igualmente visível a presença de elementos da segurança do Estado à paisana armados com espingardas automáticas, destacados em locais urbanos de elevado risco de criminalidade.

Pelo menos 400 pessoas morreram há dois anos, em que a polícia efetuou mais de 2.500 detenções nas províncias sul-africanas de Gautenge e KwaZulu-Natal, sudeste do país, por ações violentas aparentemente relacionadas com os protestos contra a prisão do ex-Presidente do país, Jacob Zuma.

Pelo menos 40.000 empresas sul-africanas foram saqueadas, queimadas ou vandalizadas, nos violentos protestos de julho de 2021, segundo o Governo sul-africano.

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