Os gémeos não se afastam assim, por mais que um queira

23 abr 2014, 11:03

Chelsea travou o Atlético que teve de abdicar um pouco do ADN

* Enviado-especial a Madrid

A ligação entre dois gémeos não se quebra assim tão facilmente. Mesmo que um deles o queira, como foi o caso. O ADN fala mais alto, sobretudo quando se trata de gémeos idênticos, como Atlético de Madrid e Chelsea.

Perante dois lados que vivem dos erros alheios, teve de ser o dono da casa a prescindir um pouco da sua identidade, a tentar quebrar a ligação. Não conseguiu, e por isso o pragmatismo anulou-se a si mesmo, para um nulo que deixa tudo em aberto neste duelo entre semelhantes.

A qualidade do espetáculo foi fraca, mas ninguém pode verdadeiramente dizer-se admirado, sobretudo tratando-se da primeira mão. A jogar fora de casa, o Chelsea deixou a iniciativa de jogo para o Atlético. Habituados tanto a reconhecer momentos de pressão como jogadas de perigo, os adeptos «colchoneros» desta vez tiveram de adaptar-se às circunstâncias.

Mourinho já estava privado de Samuel Eto’o, Branislav Ivanovic e Eden Hazard, e durante o jogo ainda perdeu Petr Cech e John Terry. Condicionalismos que só reforçaram uma estratégia claramente defensiva, com nove jogadores atrás da linha de bola, nos últimos vinte ou trinta metros.

Nem a entrada de Schwarzer, réu frente ao Sunderland, abanou o muro azul. Sem conseguir entrar na zona de perigo com a bola controlada, sem descobrir Diego Costa no meio de tantos adversários, ao Atlético restavam as alternativas habituais, favoráveis a quem defende: remates de longe, cruzamentos para a área ou lances de bola parada.

Ao plano de Mourinho só faltou o golo


Foi com uma tentativa de meia-distância que a formação espanhola criou a melhor ocasião do jogo, de resto, por Mário Suárez (34m), para além de dois ensaios de Diego Ribas. Os cruzamentos para a área foram abundantes, sobretudo na segunda parte, mas mesmo aí a marcação inglesa acabou por funcionar.

A outra boa ocasião da equipa de «Cholo» Simeone acabou por surgir de bola parada, num livre direto em que Gabi obrigou Schwarzer a defesa apertada junto ao poste.

Consentindo o domínio ao adversário, o Chelsea acabou por ter o jogo quase sempre controlado. E ao ouvirmos o apito final ficamos com a sensação de que no plano de Mourinho só terá mesmo falhado um golo fora de casa.

A formação inglesa até conseguiu sair em contra-ataque logo na fase inicial do encontro, com Ramires a rematar ao lado, mas depois não conseguiu alimentar essa via para o golo. E tirando dois remates de longe que Courtois segurou com relativa facilidade, regista-se apenas um livre direto de David Luiz que saiu por cima, mesmo ao cair do pano.

O Chelsea sairá desta primeira mão mais satisfeito do que o Atlético, mas Mourinho saberá certamente que tudo continua em aberto. Se desta vez foi a equipa de Simeone que teve de abdicar um pouco do seu ADN, é bem provável que em Londres se tenham de inverter os papéis.

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