Derrotado com o impasse: "PSD". Derrotado e vitorioso: "Chega". Vitorioso e derrotado: "PS"

27 mar, 15:22
Luís Montenegro (PSD) e Pedro Nuno Santos (PS) no Parlamento (Lusa/Tiago Petinga)

Análise rápida a um acordo supreendente

"PS e PSD acreditam que a legislatura vai durar quatro anos", reage Rui Calafate à presidência repartida do Parlamento - dois anos para PSD e dois para PS. "Vamos lá ver se esta solução é para resolver o impasse do momento ou se tem pernas para andar", acrescenta o consultor de comunicação. 

José Pedro Aguiar-Branco, candidato da AD, vai cumprir o seu mandato durante duas sessões legislativas, esta e a próxima. A terceira e quarta sessões legislativa vão ser presididas por um candidato do PS, "imaginamos que o senhor deputado Francisco Assis", disse o PSD (mas o próprio Assis já disse que não sabe, que certo mesmo é que vai ser alguém do PS).

"Foi o acordo possível tendo em conta a situação criada", considera Raquel Abecasis, comentadora da CNN Portugal, argumentado que possibilita a ambos os partidos "salvarem a cara". E salienta ainda que "o PS arrecada a primeira vitória", pois "assegura parte de um lugar que não tinha direito". 

“Porque é que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos não falaram ontem?”, questiona Rui Calafate, consultor de comunicação. "Perdeu-se um dia com péssimos sinais para um Governo que se vai apresentar." 

“O maior responsável pelo insucesso da apresentação de José Pedro Aguiar-Branco, candidato da AD para a segunda figura da nação, é o PSD”, defende Rui Calafate, frisando que “vivemos num tempo de instabilidade permanente”. Na sua ótica, o PSD “deve sair da sua zona de conforto” e dialogar com o PS e o Chega. E também com “os restantes partidos de esquerda”. “É tempo de negociar, não é tempo de impor.” 

Rui Calafate argumenta que foi a falta de diálogo com o PS que levou ao fracasso da primeira votação. Segundo o comentador da CNN Portugal, ficou comprovado que “ninguém contactou Pedro Nuno Santos”. Raquel Abecasis considera que o facto de “Aguiar-Branco ter falado com as lideranças de todos os partidos” era suficiente. 

Para Rui Calafate, tudo isto torna o PS “uma força indispensável para a estabilidade do regime". Por isso, o PSD é quem perde. “É um péssimo início para um Governo minoritário que vai precisar de entendimentos à direita e à esquerda para fazer o seu caminho”, concretiza Raquel Abecasis. 

Na perspetiva de Rui Calafate, o Chega também sai a ganhar porque “consegue continuar a narrativa de ser antissistema”. “André Ventura volta a agitar a bandeira enquanto líder do antissistema contra um sistema que vigora há 50 anos entre PS e PSD.”

Raquel Abecasis considera que o principal perdedor é “quem tem de assumir funções governativas”. Contudo, também o PS e o Chega “não saíram bem na fotografia de ontem”. Isto porque “o PS acabou de ter uma derrota pesadíssima”. E o Chega, “apesar de ser um mistério a forma de interpretar do eleitorado deste partido, a forma como André Ventura tentou explicar nas redes o que se passava não o ajudou”. Assim, a comentadora frisa que o eleitorado português está preocupado com a hipótese de ir às urnas no final do ano e é isso que “terá um efeito pesado para todos os responsáveis”.

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