Sem maioria no Congresso, Milei terá dificuldade em aprovar assuntos económicos, avalia especialista

CNN Brasil , Tiago Tortella, da CNN em São Paulo
10 dez 2023, 12:02
Javier Milei (AP)

Especialista destaca que novo presidente argentino, que toma posse este domingo, pode precisar moderar o discurso e negociar com macristas

Javier Milei toma posse como presidente da Argentina neste domingo. Autodenominado libertário, o economista venceu as eleições com propostas polémicas — algumas consideradas radicais –, como o fechamento do Banco Central e a dolarização da economia do país.

O partido do novo chefe de Estado conseguiu ampliar a base no Congresso nestas eleições, mas, ainda assim, está atrás dos movimentos de Sergio Massa e Patricia Bullrich.

Mesmo com o apoio de Bullrich durante a segunda volta, Milei provavelmente terá que negociar com os macristas para passar suas polémicas pautas económicas no Parlamento, conforme explica Leandro Consentino, especialista em Relações Internacionais e professor de Ciências Políticas do Insper [instituição de ensino superior e investigação em São Paul, no Brasil].

Consentino ponderou que, diferentemente da eleição de Jair Bolsonaro no Brasil, por exemplo, o argentino não subirá ao poder com uma base partidária consolidada no Congresso.

“Milei terá dificuldade, sim, e vai precisar negociar com essa centro-direita representada pelo macrismo para conseguir aprovar suas pautas. Percebe-se que ele vai ter que, de alguma forma, moderar o seu discurso para alcançar determinadas resoluções e transformar as pautas em legislação de fato”, coloca o especialista.

Quando Milei foi eleito, Mauricio Macri afirmou que o novo presidente precisará do “apoio, confiança e paciência de todos”. Além disso, o apoio de Macri foi fundamental para a vitória do libertário.

Isso pode indicar, ao menos, que Javier Milei pode ter uma abertura inicial com os apoiantes do ex-presidente.

Leandro Consentino ressalta que os grandes entraves serão as medidas económicas mais radicais, como o fechamento do Banco Central e a dolarização da economia.

O especialista avalia que a “dinamitação” do Banco Central, como Milei anunciou durante a campanha, é “praticamente impossível de acontecer”, pois a instituição é “reconhecida como algo importante para conservar a política monetária por quaisquer países minimamente dentro do jogo político, do jogo democrático e até países que não são necessariamente democráticos”.

Por outro lado, a pauta de privatizações pode ter mais facilidade de passar no novo Congresso argentino. Milei indicou anteriormente que quer privatizar a petroleira estatal, companhia aérea e rede de TV.

Consentino adverte, porém, que haverá resistência de movimentos sociais e sindicatos quanto a essa última pauta, que colocarão “toda a carga política nas ruas contra essas medidas”.

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