Julián Montenegro e Lucas Colitto são argentinos, esquerdinos e jogam na liga portuguesa. Adoram o craque do Barcelona, mas têm D10S no coração. Uma outra forma de olhar para o jogo de Old Trafford
Julián MontenegroEm Rio Negro, onde veio ao mundo, o culto a D10S não foi abafado pelo avanço cronológico do futebol.
Por isso, o esquerdino do Boavista não hesita na hora de escolher entre Cristiano Ronaldo e Leo Messi, a propósito do duelo entre Portugal e Argentina, em Old Trafford:
«Único foi só o Diego Maradona»
Lucas Colitto
«O meu pai mostrou-me muitos vídeos do Diego. Um génio, é inacreditável o que fazia. O meu pai teve o privilégio de viver na era dele e eu tenho o privilégio de viver na era de Messi»
«Por favor, nem compare o meu pé esquerdo com o do Messi e o do Maradona. Até tenho vergonha»
A primeira memória de Julián sobre um Campeonato do Mundo remonta a 2002. As novas tecnologias, porém, remexem no passado e colocam permanentemente a figura quase mitológica de Diego Armando Maradona nos corações dos argentinos.
«Vi-o uma vez ao vivo, no estádio do Boca, mas já numa fase em que não corria. Quem vai à Argentina percebe logo que ele está à frente de todos os outros nos nossos corações»
TATA MARTINO: «Portugal é uma grande seleção mundial»
FERNANDO SANTOS: «Se só marcarmos Messi, teremos problemas»
O nosso jornal, empurrado pelo interesse da atualidade, insiste no afronto: Messi ou Ronaldo? E Julián não resiste.
«Bem, entre os dois… escolho o Messi, claro»
«Em Portugal fala-se muito mais sobre isso do que na Argentina. No meu país o Messi é o melhor e ponto final, não vale a pena perder muito mais tempo»
Colitto concorda com o compatriota. «Quando joga a seleção, o país vibra de uma forma diferente. Com o Messi em campo o povo recuperou o amor pela alvi celeste»
Duas histórias de vida: da Argentina a Portugal
Julián Montenegro é adepto do River Plate. «Só na Argentina, aqui sou boavisteiro de coração»
Nenhum teve a oportunidade de vestir a camisola argentina nas seleções jovens. Ambos insistem no sonho de tornar o desejo em realidade.
«Não é impossível»
O primeiro jogou «dos cinco aos 11 anos no Estrella del Sur»
«Cheguei à Europa com 18 anos e fui para o Elétrico de Ponte de Sôr. Daí mudei-me para o União Montemor, depois Vizela, Atlético e Boavista»
A história de Lucas Colitto é, por ora, mais simples. «Joguei sempre no Defensores de Belgrano. E agora quero fazer uma grande temporada no Arouca»
Prognósticos argentinos para o duelo de Manchester
Da Argentina, Julián sente saudades da «família e amigos»
Quando falam sobre os ídolos de infância, ambos surpreendem. «Bem, o meu ídolo, além de Maradona e Messi, é um uruguaio, o Enzo Francescoli. Era o maior do meu clube, o River. Também sempre adorei o Pablo Aimar e o Gabriel Batistuta»
Lucas Colitto fala em «Iniesta e Ozil»
«Com o Tata Martino a seleção está muito diferente. Com Sabella era mais tática, pressionava muito e marcava mais, agora joga mais futebol. Tem jogadores para isso: toque curto, fantasia, acho que o Messi vai beneficiar disso»
Sobre Portugal, nenhum fala com especial entusiasmo. «A seleção do Euro2004, com Figo, Rui Costa e Maniche, era superior. Mas Portugal pode sempre vencer qualquer jogo»
«Teoricamente, a Argentina é superior. Só que Portugal tem o grande Ronaldo e sabe jogar muito bem à bola. Vai ser uma batalha bonita, mesmo num amigável»
Julián Montenegro e Lucas Colitto. Argentinos, esquerdinos, jogadores da liga portuguesa