Messi ou Ronaldo? «Diego Armando Maradona»

18 nov 2014, 09:08
Colitto e Montenegro

Julián Montenegro e Lucas Colitto são argentinos, esquerdinos e jogam na liga portuguesa. Adoram o craque do Barcelona, mas têm D10S no coração. Uma outra forma de olhar para o jogo de Old Trafford

Julián Montenegro
nasceu a 23 de março de 1989. Já não foi a tempo de ver o Mundial de Diego Maradona, realizado três anos antes.

Em Rio Negro, onde veio ao mundo, o culto a D10S não foi abafado pelo avanço cronológico do futebol.

Por isso, o esquerdino do Boavista não hesita na hora de escolher entre Cristiano Ronaldo e Leo Messi, a propósito do duelo entre Portugal e Argentina, em Old Trafford:

«Único foi só o Diego Maradona»
, diz ao Maisfutebol
, quando convidado a comentar a discussão que alimenta ad eternum
grande parte dos amantes do desporto-rei.

Lucas Colitto
é cinco anos mais jovem. Em San Martin, na região de Buenos Aires, aprendeu a admirar Leo Messi e coloca-o «quase ao nível de Maradona»
.

«O meu pai mostrou-me muitos vídeos do Diego. Um génio, é inacreditável o que fazia. O meu pai teve o privilégio de viver na era dele e eu tenho o privilégio de viver na era de Messi»
, refere o jogador do Arouca. Curiosamente, também esquerdino, tal como Messi, Maradona e Julián.

«Por favor, nem compare o meu pé esquerdo com o do Messi e o do Maradona. Até tenho vergonha»
.

A primeira memória de Julián sobre um Campeonato do Mundo remonta a 2002. As novas tecnologias, porém, remexem no passado e colocam permanentemente a figura quase mitológica de Diego Armando Maradona nos corações dos argentinos.

«Vi-o uma vez ao vivo, no estádio do Boca, mas já numa fase em que não corria. Quem vai à Argentina percebe logo que ele está à frente de todos os outros nos nossos corações»
.

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O nosso jornal, empurrado pelo interesse da atualidade, insiste no afronto: Messi ou Ronaldo? E Julián não resiste.

«Bem, entre os dois… escolho o Messi, claro»
, responde, num português imaculado, o jogador axadrezado. Mas relativizando sempre a intensidade da fogueira onde ardem as opiniões sobre ambos.

«Em Portugal fala-se muito mais sobre isso do que na Argentina. No meu país o Messi é o melhor e ponto final, não vale a pena perder muito mais tempo»
, responde Montenegro, sorridente.

Colitto concorda com o compatriota. «Quando joga a seleção, o país vibra de uma forma diferente. Com o Messi em campo o povo recuperou o amor pela alvi celeste»
.

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Julián Montenegro é adepto do River Plate. «Só na Argentina, aqui sou boavisteiro de coração»
. Lucas Colitto sofre à distância pelo Independiente. «Tenho saudades de ir ao estádio e gritar como um hincha»
.

Nenhum teve a oportunidade de vestir a camisola argentina nas seleções jovens. Ambos insistem no sonho de tornar o desejo em realidade.

«Não é impossível»
, diz Julián. «É o objetivo máximo de qualquer futebolista»
, acrescenta Lucas.

O primeiro jogou «dos cinco aos 11 anos no Estrella del Sur»
, uma pequena equipa da zona da região de Rio Negro. Depois entrou no Proyecto Crecer, uma instituição que tinha um protocolo com o Bordéus.

«Cheguei à Europa com 18 anos e fui para o Elétrico de Ponte de Sôr. Daí mudei-me para o União Montemor, depois Vizela, Atlético e Boavista»
.

A história de Lucas Colitto é, por ora, mais simples. «Joguei sempre no Defensores de Belgrano. E agora quero fazer uma grande temporada no Arouca»
.

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Da Argentina, Julián sente saudades da «família e amigos»
, mas também de algumas especialidades locais. «O asado, que é um churrasco, e as facturas. São um doce parecido com o croissant, mas têm a massa diferente. Ah, e dos crepes com doce de leite também»
.

Quando falam sobre os ídolos de infância, ambos surpreendem. «Bem, o meu ídolo, além de Maradona e Messi, é um uruguaio, o Enzo Francescoli. Era o maior do meu clube, o River. Também sempre adorei o Pablo Aimar e o Gabriel Batistuta»
.

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. «Sempre vi muito futebol europeu. E esses são tremendos, muito inteligentes»
. E sobre o Argentina-Portugal de Old Trafford? Colitto deixa uma dica interessante.

«Com o Tata Martino a seleção está muito diferente. Com Sabella era mais tática, pressionava muito e marcava mais, agora joga mais futebol. Tem jogadores para isso: toque curto, fantasia, acho que o Messi vai beneficiar disso»
.

Sobre Portugal, nenhum fala com especial entusiasmo. «A seleção do Euro2004, com Figo, Rui Costa e Maniche, era superior. Mas Portugal pode sempre vencer qualquer jogo»
, considera Montenegro.

«Teoricamente, a Argentina é superior. Só que Portugal tem o grande Ronaldo e sabe jogar muito bem à bola. Vai ser uma batalha bonita, mesmo num amigável»
.

Julián Montenegro e Lucas Colitto. Argentinos, esquerdinos, jogadores da liga portuguesa
.

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