Costa considera que a Europa perde "autoridade moral" se não equiparar atos de Israel aos da Rússia

CNN Portugal , ARC
21 mar, 15:26

Primeiro-ministro demissionário considera "inadmissível" a maneira como Israel "está a exercer o seu direito de defesa". António Costa anunciou apoio financeiro aos palestinianos naquele que foi o dia em que se despediu do Conselho Europeu

Portugal vai dar 10 milhões de euros para apoio humanitário aos refugiados palestinianos através da agência da ONU. António Costa antecipou esta quinta-feira em Bruxelas, em declarações aos jornalistas, o que vai dizer a António Guterres.

“Hoje terei a oportunidade de informar o secretário-geral das Nações Unidas que o Conselho de Ministros vai adotar uma resolução reforçando em 10 milhões de euros o nosso apoio humanitário e o apoio específico à agência das Nações Unidas de apoio aos refugiados palestinianos, de forma a assegurar o seu bom funcionamento e a capacidade de fornecer alimentação, medicamentos, ajuda humanitária ao povo palestiniano, que está a ser vítima de um ataque inadmissível”, disse aos jornalistas, em Bruxelas, falando de uma situação humanitária “absolutamente inaceitável”.

A última cimeira europeia de António Costa enquanto primeiro-ministro é marcada pela discussão em torno de uma posição comum dos países-membros face ao conflito Israel / Hamas, nomeadamente no que toca à “necessidade de haver uma pausa imediata que conduza a um cessar-fogo sustentável”. Começa precisamente com um almoço com o secretário-geral das Nações Unidas. 

António Costa garantiu que os Estados-membros são “unânimes” na condenação do “bárbaro ataque” do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro. Telavive não fica, contudo, fora das críticas, com o ainda primeiro-ministro português a afirmar que os países em causa também são “unânimes” no que toca a denunciar a “forma inaceitável" como Israel está "a exercer neste momento o seu direito de defesa”. 

“O direito de defesa implica regras, implica respeitar a vida humana e, portanto, não é aceitável esta situação”, reforçou, estabelecendo um paralelo entre o conflito Israel / Hamas e o da Ucrânia, onde garantiu que "a União Europeia (UE) não pode ter uma duplicidade de critérios".

"Não podemos convocar o mundo para defender o direito internacional quando a Rússia invade a Ucrânia e depois ignorar o que é o direito internacional quando Israel está neste momento a utilizar o seu direito contra o povo palestiniano”, disse Costa, garantindo que “fazê-lo é o que dá autoridade moral à Europa”.

O primeiro-ministro, que abandona esta quinta-feira o Conselho Europeu, mostrou assim esperança em atingir-se “uma posição clara” quanto ao conflito Israel / Hamas.

António Costa teve ainda tempo para falar sobre a defesa da Ucrânia, garantindo que a UE vai manter de uma “forma sustentável, previsível e duradoura” o apoio à Ucrânia, o que se aplica não só ao “esforço de guerra” como ao “esforço de reconstrução”.

“Eu acho que não nos devemos agarrar a nenhuma forma. A maior parte da defesa europeia é a defesa europeia e, como nenhuma solução técnica específica, devemos concentrar-nos naquilo que é o objetivo comum, que é reforçar as condições da Ucrânia poder defender-se de um próximo ataque da Rússia, de sustentar as suas linhas de defesa, de impedir uma vitória da Rússia nesta guerra, que é uma condição essencial para podermos ter paz. E é aí que nos devemos concentrar”, garantiu, relembrando o apoio de 50 mil milhões aprovado no anterior Conselho Europeu e o iniciativa da Chéquia, que conseguiu um financiamento de 100 milhões para Kiev.

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