Angela jurou que nunca iria casar. Depois, viajou para Londres e um encontro surpresa fê-la mudar de ideias

CNN , Francesca Street
28 jan, 16:00
O londrino Dave Burtenshaw e a americana Angela Renda, que trabalhou para a companhia aérea Pan American World Airways, conheceram-se nos armazéns Harrods em Londres em 1983. Aqui está o casal fotografado em 2023 (Ilustração: Alberto Mier/CNN; Fotografias: Maurice Hibberd/Evening Standard/Getty Images; Angela Burtenshaw; Leber/ullstein bild/Getty Images)

A história de amor de Angela e Dave tinha tudo para não acontecer. Mas aconteceu. E dura há 40 anos

Angela Renda sempre disse que não tinha interesse em casar-se.

Como agente de reservas na companhia aérea Pan American World Airways, no início da década de 1980, Angela tinha o mundo na ponta dos dedos. Dizia aos amigos que “não queria ficar amarrada”.

“Pude ver o mundo, ir a todo o lado – fazer o que queria fazer”, diz hoje Angela à CNN Travel.

Muitos dos amigos mais próximos estavam casados e com filhos. Já Angela, com 30 anos, apesar de adorar passar tempo com as famílias dos amigos, estava convicta de que o caminho dela não passava por casar e ter filhos.

“Era madrinha de algumas das crianças”, diz. “Mas, basicamente, vivia despreocupada. Podia viajar quando quisesse”.

Embora em 1983 a Pan Am já não tivesse o glamour das décadas anteriores, a companhia aérea continuava a representar ambição e aventura. E os funcionários da Pan Am não só podiam aproveitar viagens aéreas com grandes descontos, como também recebiam “passes para camaradas”, permitindo-lhes levar um amigo ou familiar a bordo por quase nada.

Angela e a melhor amiga falaram durante anos sobre aproveitarem esta vantagem para viajarem juntas para o Japão. Contudo, 1983 chegou, e as duas mulheres ainda não tinham conseguido tornar a viagem uma realidade. Começaram então a ponderar outro destino. A amiga de Angela tinha dois filhos pequenos, incluindo um bebé, e tinha receios de viajar para tão longe.

Então, as duas amigas deram um passo atrás e acabaram a escolher Londres como o destino favorito, embarcando num voo da Pan American em outubro de 1983.

Angela adorou visitar a capital do Reino Unido, que já tinha explorado antes várias vezes. Para a amiga de Angela, Londres era uma completa novidade. Ela queria visitar todos os pontos turísticos, incluindo os luxuosos armazéns Harrods – com o seu imponente exterior, a sua chique reputação e os seus vastos quilómetros de área de compras.

Quando a amiga sugeriu visitar o Harrods, Angela revirou os olhos. Era o último dia em Londres, o interior do Harrods era algo labiríntico, e Angela pensou que facilmente perderiam um dia inteiro de férias a percorrer os múltiplos andares e escadarias.

“Aquilo vai estar cheio de gente”, disse Angela à amiga. “Vamos combinar uma coisa. Só vamos ao primeiro andar”.

A amiga concordou. O primeiro andar (a que os londrinos chamam de piso térreo) tinha muito para oferecer. Tinha a abundante zona da restauração, repleta de iguarias finas e guloseimas. E tinha também brinquedos, algo muito apelativo para a amiga de Angela, que tinha duas crianças pequenas.

Angela e a amiga entraram nos armazéns por uma grande porta de madeira adornada com folhas de ouro. Deram umas voltas e encontraram-se depois noutra porta, a número oito, onde um funcionário do Harrods segurava um monte de quadros mágicos de desenho.

Esses quadros, explicou o funcionário, eram o brinquedo do dia. Permitiam desenhar o que se quisesse e, depois, apagar tudo, recomeçando.

Angela e a amiga observaram o homem a mostrar como funcionavam os quadros. No início, estavam só a ser educadas. Mas, em pouco tempo, a amiga foi conquistada pelo conceito do brinquedo. Enquanto Angela deu por si a prestar mais atenção ao homem a segurar o quadro do que ao quadro propriamente dito.

“A minha amiga comprou um quadro para o filho mais velho. Quando ela foi pagar, fiquei ali à espera”, recorda Angela.

Com uma venda bem sucedida, o homem do quadro mágico virou-se para Angela e perguntou se ela também queria comprar um.

“Não, não quero”, respondeu Angela, segura, com o seu sotaque de Nova Iorque.

“Oh, é americana”, disse ele.

“Foi assim que ele começou”, lembra Angela hoje. “Eu, sendo americana, fiquei, do género, ‘Como é que reparou?’”.

Os dois estranhos começaram a conversar, e o homem do quadro mágico apresentou-se como Dave Burtenshaw.

Uma noite em Londres

Os armazéns Harrods em Londres fotografados na década de 1980 (Geoffrey White/ANL/Shutterstock)

Dave não costumava trabalhar no Harrods. Na verdade, era responsável de armazém na empresa que produzia os quadros mágicos, vendidos em lojas por toda a cidade de Londres.

Contudo, na noite anterior, o chefe de Dave ligou a pedir se ele poderia trabalhar no dia seguinte no Harrods para substituir um colega. Então, de forma inesperada, Dave deu por si na porta número oito do Harrods, com quadros mágicos na mão.

“E foi assim que eu acabei a conhecer a Angela”, conta Dave à CNN Travel.

Naquele dia em 1983, Dave ficou preso entre a consciência de que o tempo gasto com Angela – que tinha deixado claro que não ia comprar qualquer quadro – estava a prejudicar outras potenciais vendas, e o desejo arrebatador de continuar a falar com aquela intrigante americana.  

“Ela era tão – não sei – diferente, no sentido em que estava tão lá no topo, e tu sentias que podias falar com ela”, conta Dave. “Ela tinha aquela cara que fazia as pessoas pensar: ‘oh, posso contar-lhe todos os meus problemas’. Não era algo a que estivesse habituado. Pensei que ela poderia ser alguém bom para conhecer. Foi a minha primeira impressão”.

Dave perguntou a Angela quais eram os seus planos para aquela noite.

“Talvez possa mostrar-lhe Londres esta noite?”, aventurou-se.

Dave sugeriu a Angela mostrar-lhe Londres na primeira vez que se conheceram (Getty Images)

“Se fizermos algo, a minha amiga vem comigo, porque estamos a viajar juntas”, respondeu Angela, de forma firme. Para ela, Dave era alguém com quem conversar se tornava algo fácil e interessante, mas tinha receio de sair sozinha com um estranho.

Dave disse que a amiga de Angela era mais do que bem-vinda. Sugeriu que se encontrassem no então Russell Hotel, agora Kimpton Fitzroy.

Nessa noite, Angela e a amiga foram as primeiras a chegar. O hotel do século XIX era chique, luxuoso, uma instituição de Londres. Quando Dave chegou, Angela olhou-o com curiosidade.

“Quando ele estava a chegar, foi engraçado, porque disse à minha amiga ‘Acho que é ele. Mas foi tudo muito rápido quando o vi. Não tenho sequer a certeza de como é que ele é”.

Depois de reconfirmadas as identidades, Angela e Dave recomeçaram a conversa fluída que tinham tido naquele dia. A amiga também gostou de Dave. O grupo passou a noite a conversar e tomas uns copos.

Mais tarde, na hora das despedidas, Dave sugerir que se poderiam voltar a encontrar, mas Angela explicou que era o último dia dela em Londres.

“Eu até te levava ao aeroporto, mas tenho de ir com o meu sozinho a um jogo do Arsenal amanhã”, disse Dave, acrescentando que o Arsenal era a sua equipa de futebol favorita.

“Eu a pensar que era um sobrinho com seis, sete anos. Mas afinal, era oito anos mais novo do que o Dave. O Dave tinha 31. E o rapaz tinha 23”, diz Angela, a rir-se. “Do género ‘É por ele que me estás a trocar?’”.

Esta foi a primeira vez que Angela tomou a consciência de que, quando Dave lhe disse que era adepto de futebol, era-o de facto. Toda a vida social de Dave acontecia em torno de jogos do Arsenal. Além disso, como os pais de Dave já tinham morrido, ele valorizava o tempo com os familiares que lhe restavam.

Implacável, por ter sido trocada pelo futebol, Angela disse a Dave que o visitaria na próxima viagem ao Reino Unido. Trocaram contactos.

Namoro à distância

Angela conseguiu viajar para Londres com frequência graças aos bilhetes com grandes descontos como funcionária da Pan Am (Leber/ullstein bild/Getty Images)

Alguns meses depois, em janeiro de 1984, Angela voltou a Londres, desta vez acompanhada por outra amiga. Mal aterrou na cidade, ligou para o telefone fixo de Dave.

“Combinámos sair para jantar. Divertimo-nos muito os três”, lembra Angela. “Voltei um mês depois, e voltei a vê-lo. Tornei-me uma visitante habitual em Londres, porque podia fazer viagens de ida e volta por 12 dólares”.

Nessas visitas que se seguiram, Angela e Dave tornaram-se mais próximos. Angela suspeitou que se estava a apaixonar por Dave, mas também se mantinha cautelosa.

“Durante os primeiros seis ou oito encontros, trazia sempre alguém comigo de Nova Iorque, alguém que trabalhasse comigo, para não estar sozinha com ele – caso ele fosse o Jack, o Estripador, ou algo do género, e eu estivesse a cair numa armadilha”, diz Angela, rindo-se de forma contida.

“Custou-me caro. Porque não estava só a ter encontros com a Angie, estava a ter encontros com amigos e colegas”, diz Dave. “Mas não havia problema, porque ela tinha o sentido de humor de que eu gostava. O típico corte nova iorquino e o impulso nas brincadeiras que permanece até hoje. Gostei muito dessa parte, dos avanços e recuos”.

Um momento crucial na relação aconteceu quando, durante uma das visitas, Angela ficou doente. A amiga com quem ela tinha viajado teve de voltar ao trabalho na Pan Am. Mas Dave estava lá para cuidar de Angela, levando-a às urgências.

Angela não só se sentia terrível como também não tinha a mínima ideia de como funcionavam os hospitais ingleses, sentindo uma ansiedade crescente mal entrou na área de Acidentes & Emergências. Mas Dave ficou com ela o tempo todo, traduzindo os termos britânicos quando era necessário, confortando-a.

“Tinha de voltar para o hotel. Tinha de ficar na cama a descansar. Ele levou-me de volta ao hotel. Ficou comigo toda a noite, sentado numa cadeira”, recorda Angela. “Foi então que eu pensei, ‘não posso perder este tipo”.

Entre as viagens de Angela a Londres, Dave e Angela trocavam cartas, que cruzavam o Atlântico.

“Mal apanhava o avião para voltar para casa, escrevia-lhe uma carta no próprio avião”, lembra Angela. “Mandava a carta por correio mal chegava. E mal chegava a casa, escrevia outra. E falávamos por telefone uma vez por semana”.

Momento de mudança

Angela e Dave sentiam-se cada vez mais próximos sempre que Angela conseguia visitá-lo em Londres (Ilustração: Alberto Mier/CNN; Fotografias: Maurice Hibberd/Evening Standard/Getty Images; Patti McConville/Alamy Stock Photo)

Então, em 1984, Angela e Dave tiveram o seu primeiro encontro a dois, no bar Five Bells em Finchley, o bairro do norte de Londres a que Dave chamava casa.

Eles tinham gostado de sair com os amigos de Angela. Mas passar algum tempo juntos, só os dois, tornou ainda mais claro que havia algo entre eles. Algo real. Depois disso, Dave e Angela foram deixando de explorar tanto o centro de Londres, investindo antes o tempo nos bares de Finchley, de mãos dadas, ou a conversar no sofá. Angela também conheceu – e adorou – a irmã de Dave.

“Antes era ‘Vou até lá, divirto-me, vejo coisas’. Mas, após um certo tempo, passou a ser ‘Posso só ir e não fazer nada. E vou continuar a gostar. Prefiro estar lá do que aqui’”, diz Angela. “Sentia que tinha muitas saudades dele”.

Foi uma tomada de consciência gradual, consolidada quando Angela optou por viajar para Paris com amigas num fim de semana, em vez de ir para o Reino Unido.

“Estava do género ‘Isto não é a mesma coisa. Quero voltar para Londres’”, diz, apelidando esse sentimento de “o elemento que faltava”.

Dave também sentia a falta de Angela. Diz que “a conversa” foi, para ele, o elemento que confirmou o facto de que queria fazer as coisas com Angela funcionar a longo prazo.

“Falávamos muito, sobre tudo”, diz ele. “E quando ela se ia embora, ficava ‘Oh, tenho amigos e tudo, mas não tenho ninguém para conversar de verdade’”.

Dave já tinha estado casado durante vários anos, mas o casamento não tinha funcionado. Ele tinha também passado pela perda dos pais.

“Estava por minha conta nessa altura”, diz. “Sabem, basicamente era trabalho e jogos do Arsenal”.

Na visita seguinte a Londres, Angela levou os pais consigo, para conhecerem Dave. Foi um enorme sucesso.

“Dei-me logo bem com os pais dela”, diz Dave.

Uma decisão espontânea

Em dezembro de 1984, Dave fez a sua primeira visita aos Estados Unidos da América, sendo apresentado ao resto da ítalo-americana e acolhedora família de Angela.

Houve vezes em que a família de Angela não conseguiu entender o sotaque londrino de Dave, noutras foi Dave que se bateu para decifrar o inglês-americano deles. Mas, apesar das estranhas diferenças culturais, Dave sentiu-se imediatamente em casa entre os entes queridos de Angela.

Nesta etapa, muitos dos amigos do trabalho de Angela já tinha conhecido Dave nas visitas a Londres. Mas muitas outras pessoas da vida dela não. Angela suspeitava que alguns amigos duvidam sequer da existência de Dave.

“Alguns diziam-me: ‘Pensávamos que o tinhas inventado, porque estávamos sempre a chatear-te para te casares’”, lembra Angela.

Apesar de Angela continuar orgulhosa da – e comprometida com – a sua independência, começou a mudar de ideias sobre o casamento. Sentiu intensamente que queria ficar com Dave para sempre e esperava que pudessem ter filhos um dia.

“Do que estamos à espera? Porque é que não nos casamos?”, disse a Dave, durante uma visita em dezembro.

O casal não pesquisou sobre vistos ou certidões de casamento. Ao invés, casaram-se na casa de uma prima de Angela, a 1 de janeiro de 1985. Angela adotou o apelido de Dave, passando a ser Angela Burtenshaw.

“Só tínhamos 20 pessoas no casamento”, diz Angela. “Claro, o Dave não conhecia ninguém aqui – à exceção do dentista, de quem ele gostou, porque foi lá um dia comigo. Então, sou a única pessoa que conheço que teve o dentista como convidado, porque o Dave convidou-o. Todos os outros estavam lá por mim”.

Os serviços de emigração dos Estados Unidos não gostaram do casamento espontâneo e Dave não conseguiu regressar ao Reino Unido. Ele teve – de uma forma bastante estranha – de ligar para a irmã em Londres, para explicar o que tinha acontecido. Mas, alguns meses depois, foi-lhe concedido o direito a permanecer [nos Estados Unidos]. Dave e Angela tiveram direito a outra celebração do casamento naquele verão, convidado mais amigos e familiares para comemorar com eles.

Nessa altura, Dave e Angela já tinham decidido assentar nos Estados Unidos a longo prazo.

“Considerei viver no Reino Unido”, diz Angela. “Não me importava, porque sabia que podia ir e voltar sempre que quisesse. Mas o Dave decidiu que seria melhor vivermos aqui, porque tinha perdido os pais”.

Além disso, na altura da segunda celebração do casamento, Angela estava grávida – e o casal gostava da ideia de ter a família por perto como um sistema de apoio.

“Os netos poderiam crescer com os avós – basicamente, foi isso que moldou a nossa decisão. Ele estava disposto a mudar-se, eu também”, diz Angela.

Ainda assim, consciente de que Dave estava a abdicar do próprio país, Angela disse ao marido que ele poderia viver onde quisesse nos Estados Unidos. O trabalho dela dava-lhe flexibilidade para trabalhar a partir de qualquer ‘hub’ [plataforma] da Pan Am – não precisava de estar na zona de Nova Jérsia ou Nova Iorque, onde tinha crescido.

“Disse-lhe ‘Podes escolher Califórnia, podes escolher Florida, o que quiseres. Mudo-me para lá’, porque não achava justo”, refere Angela.

“Mas ele escolheu Nova Jérsia. E todos os invernos, eu e a minha filha culpamo-lo quando neva. Dizemos-lhe ‘É tua culpa estarmos no meio da neve. Podíamos estar na Florida”.

Dave diz que não queria levar Angela a abandonar o seu sistema de apoio – sobretudo porque ela tinha sido o primeiro motivo para ficar nos Estados Unidos.

“Acho que não tinha o direito de afastá-la do ambiente familiar. Eu consigo sobreviver em todo o lado. Não importa. E eu tenho-me safado bem a viver em Nova Jérsia”, diz ele. “A única coisa de Londres de que senti falta foi estar com os meus amigos, ir ao Highbury [estádio] e ver jogos do Arsenal”.

Quando se mudou para os Estados Unidos, Dave não conseguia ver jogos de futebol na televisão – havia um número limitado de canais na altura. Em vez disso, tinha de ouvir – a horas estranhas – os desenvolvimentos dos jogos, através de um rádio de onda curta. Mas, ocasionalmente, Dave tirava partido dos benefícios de viagem de Angela na Pan Am, voando para Londres durante o fim de semana para assistir a jogos de futebol e estar com a sua irmã e amigos.

Quatro décadas depois

Aqui estão Dave e Angela fotografados no Harrods numa visita a Londres em 2023 (Angela Burtenshaw)

Hoje, 40 anos após se terem conhecido, Angela e Dave, agora septuagenários, estão reformados e vivem felizes em Nova Jérsia. A filha deles vive perto, com a neta e o marido que – por mera coincidência – é um grande adepto de futebol e também torce pelo Arsenal.

Angela e Dave continuam a apreciar as suas longas conversas, fazendo-se rir um ao outro – e mantêm, de forma independente, os seus próprios passatempos. Angela acredita que o namoro fora do comum, entre continentes, foi o que permitiu abrir caminho para um casamento duradouro.

“Aprendemos a ser independentes, mas, ao mesmo tempo, também a estarmos juntos, o que eu considero melhor”, diz ela. “Uma parte importante é não estarmos sempre um em cima do outro, permitindo que o outro seja ele próprio. Eu não quereria estar sempre aqui sentada com ele a ver futebol – e ele não me ia querer lá por causa dos meus comentários”.

Apesar de as diferenças poderem ser difíceis em alguns momentos, Dave e Angela apreciam a companhia um do outro quase da mesma forma de como quando se conheceram.

“Há dias em que ele é irritante”, diz Angela, a rir-se. “Mas não há um dia em que eu não deseje tê-lo conhecido”.

“Ele já ultrapassou comigo muita coisa. Em 1999, tive cancro. E ele esteve sempre la comigo na quimioterapia, segurando-me a mão, dizendo-me que ia ficar tudo bem”, conta Angela.

No verão passado, Angela – que está livre do cancro há 24 anos – e Dave regressaram a Londres pela primeira vez em muitos anos, acompanhados pela filha, o genro e a neta. A família foi direta ao Harrods, onde Angela e Dave posaram para fotografias na porta oito, recordando e revivendo o seu encontro de 1983.

“O engraçado de nos termos encontrado no Harrods é que, na altura, o Harrods tinha um ‘slogan’. ‘Se não o encontrar no Harrods, não vai encontrá-lo em lado nenhum’”, diz Angela. “E eu encontrei-o no Harrods”.

Ao passearem juntos por Londres, Angela e Dave também recordaram o dia do seu casamento, quando dançaram a versão de Nat King Cole da canção de 1956 “Around the World” [À Volta do Mundo]. Nat King Cole era o músico preferido da mãe de Dave. Como ela tinha falecido antes de Dave ter conhecido Angela, o momento foi sentido como uma bela homenagem. A canção também ganhou significado de outras formas.

“Around the world I’ve searched for you, I traveled on when hope was gone, to keep a rendez-vous [Procurei-te à volta do mundo, viajei quando a esperança tinha desaparecido, para ter um encontro]”, começa.

Nat King Cole canta depois que podia ter encontrado o seu amor “em County Down ou em Nova Iorque, na alegre Paris ou até na Cidade de Londres”, concluindo que “já não preciso de cruzar o mundo, porque encontrei o mundo em ti”.

Angela e Dave acredita que a letra encaixa perfeitamente na sua história.

“A canção acaba em Londres – da mesma forma, eu também viajei por muito lado, e lá estava ele em Londres”, diz Angela.

“Acredito mesmo que estava destinado. A forma como tudo funcionou, com a mudança de planos do Japão para Londres. E depois a forma como tudo encaixou com a situação do Harrods. Penso que o destino estava lá connosco”.

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