Portugal bateu esta quinta-feira o recorde de casos diários de covid-19: 28.659 infetados em 24 horas. É o terceiro dia consecutivo de recordes: entre terça e quinta, foram quase 73 mil casos. Mas, ao contrário do que se verificou há um ano, mais contágios não significam um grave aumento da mortalidade nem sequer das hospitalizações. Pelo contrário.
A tabela resume dados da semana de natal atualizados a 30 de dezembro (que se refere aos dados da véspera, até 29): Portugal tem uma média de 15.103 infeções diárias nos últimos sete dias. Este valor é mais do quádruplo da média diária de 3.256 casos nos mesmos dias em 2020.
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A contribuir para as infeções está também o aumento enorme de testes realizados: mais de 226 mil em média por dia este ano, mais de sete vezes do que o realizado há um ano. Comparando o número de casos detetados com o número de testes, confirma-se uma proporção menor este ano: 6,7 casos este ano por cada 100 testes, quando há um ano a média diária foi de 10,4 casos por cada 100. Nota: este indicador será aproximado mas não é a taxa oficial de positividade, pois muitos dos casos confirmados podem referir-se a análises em atraso.
(Muito) menos internamentos e óbitosImportante para comparar a gravidade atual da pandemia é comparar números de óbitos e de internamentos com os de há um ano. Se o número de infetados mais do que quadruplicou, o número de óbitos caiu 80% - e o de internamentos está cerca de 70% abaixo, incluindo em Unidades de Cuidados Intensivos.
A pressão sobre os hospitais é assim menor do que há um ano, quando Portugal estava ainda a entrar na então terceira vaga.
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Se os números absolutos são menores do que há um ano, em termos relativos são ainda menos graves. Face à média diária de infetados nesta semana à volta do Natal, o número médio de óbitos é de 0,09% (quando há um ano era de 2,09%); a proporção de internados é de 6,1% (era de 88,4% há um ano) e nos UCI é de 1% (era de 15,4% há um ano).
Pandemia menos graveA CNN Portugal está a publicar esta análise diária desde que esta terça-feira os números de infeções dispararam: fá-lo para medir não apenas valores absolutos mas também para poder aferir sobre a gravidade comparada com o passado. Como vários especialistas têm apontado, a variante Ómicron, agora dominante, tem uma transmissibilidade muito elevada mas o seu impacto é menor do ponto de vista do desenvolvimento de doença grave e da mortalidade.
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Estes indicadores mostram que a pandemia está mais alastrada mas é menos grave agora nesta semana do Natal do que era há um ano. Para isto contribuirá a vacinação e possivelmente uma menor virulência da variante Ómicron.
Em face disto, vários especialistas têm referido que poderemos vir a mudar a estratégia na pandemia, aprendendo a “viver com ela” em vez de tentar erradicá-la. Portugal juntou-se hoje aos países que já estão a reduzir os períodos de quarentena para casos positivos. Não há ainda consenso sobre esse tipo de medidas. Os matemáticos preveem que o número de contágios continue a subir ao longo das próximas semanas.
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