As conclusões da investigação, que durou seis anos, estão detalhadas no livro ‘A traição de Anne Frank’, da autora canadiana Rosemary Sullivan
Uma investigação liderada por um ex-agente do FBI sobre quem denunciou a adolescente Anne Frank e sua família, concluiu que pode ter sido um notário judeu a revelar aos nazis a localização, para salvar a sua própria família.
Segundo um novo livro sobre este mistério que continua por desvendar, Arnold Van den Bergh pode ter revelado onde é que a família Frank estava escondida em Amesterdão, para salvar a sua própria família.
As conclusões da investigação, que durou seis anos, estão detalhadas no livro ‘A traição de Anne Frank’, da autora canadiana Rosemary Sullivan.
As acusações contra Arnold Van den Bergh, que morreu em 1950, têm como base provas que incluem uma carta anónima, enviada ao pai de Anne Frank após a Segunda Guerra Mundial, que identificava o notário como um traidor, segundo noticiaram na segunda-feira vários ‘media’ neerlandeses.
O museu da Casa de Anne Frank disse à agência AFP que os resultados da investigação, liderada por um antigo agente do Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI), Vincent Pankoke, levaram a uma "hipótese fascinante", mas que exige mais investigação.
Anne Frank, cujo o "Diário" foi declarado património da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), morreu em 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen (Alemanha)
Diferentes teorias circulam há muito tempo sobre quem revelou o anexo secreto onde a família Frank estava escondida.
Investigação com inteligência artificial
O nome Van den Bergh tinha recebido até agora pouca atenção, mas ganhou ênfase durante uma investigação que usou técnicas modernas, incluindo inteligência artificial, para filtrar grandes quantidades de dados.
Esta investigação reduziu a lista de suspeitos para quatro, incluindo Van den Bergh, membro fundador do Conselho Judaico, um órgão administrativo que os nazistas forçaram os judeus a estabelecer para organizar deportações.
As averiguações permitiram descobrir que a família deste notário tinha uma isenção de deportação, revogada no momento da traição dos Frank, mas que acabou por nunca se concretizar, por razões ainda desconhecidas.
Ronald Leopold, diretor da Casa de Anne Frank, alertou que ainda há dúvidas sobre a carta anónima e que é necessária uma investigação mais aprofundada.
“É preciso ter muito cuidado para escrever sobre alguém que ficou na história como aquele que traiu Anne Frank, caso não exista 100 ou 200 por cento de certeza”, lembrou à AFP.
Anne Frank nasceu em Frankfurt (centro da Alemanha) em 12 de junho de 1929, no seio de uma família judia que em 1934 fugiu dos nazis para os Países Baixos.
Em 1940, as tropas nazis invadiram os Países Baixos e em 1942 intensificaram a perseguição aos judeus naquele país, o que obrigou a sua família a esconder-se nos fundos de uma casa (anexo), em conjunto com outras famílias judias, no qual permaneceram durante dois anos.
Anne Frank começou a escrever o "Diário" em 12 de junho de 1942 quando completou 13 anos. “Espero poder confiar-te tudo o que não pude confiar a ninguém”, refere a primeira anotação.
A última passagem descrita no livro está datada de 01 de agosto de 1944, três dias antes de os nazis terem descoberto o esconderijo e detido a sua família e os restantes judeus.
O "Diário" ficou em Amesterdão e foi conservado pelos empregados de Otto Frank, pai de Anne Frank, a quem entregaram os escritos depois do fim da guerra.
Anne Frank morreu em março de 1945 e poucas semanas depois o campo de concentração de Bergen-Belsen foi libertado pelos britânicos.
Das oito pessoas que foram detidas na casa “esconderijo” de Anne Frank o seu pai foi o único que sobreviveu ao cativeiro.
O “Diário de Anne Frank”, escrito originalmente em holandês, foi traduzido em dezenas de idiomas e é considerado um dos “documentos chave” da época nazi.