EUA e parceiros europeus consideram possível salvar acordo nuclear com Irão

Agência Lusa , DCT
20 jan 2022, 19:09
Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken

Em Moscovo, os ministros das Relações Exteriores da Rússia e do Irão, Sergey Lavrov e Hossein Amir Abdolahian, prometeram esta quinta-feira continuar as negociações em Viena sobre o acordo nuclear iraniano

Os chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Alemanha e França concordaram esta quinta-feira que é possível o regresso ao acordo nuclear com o Irão, mas considerando necessário acelerar as conversações nesse sentido.

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse que acredita que a revitalização do acordo nuclear iraniano ainda é possível, depois de "progressos modestos" nas conversações em curso em Viena.

"A minha avaliação pessoal, depois de falar com todos os nossos colegas, é que o regresso ao cumprimento mútuo continua a ser possível", disse Blinken aos jornalistas em Berlim, após conversações com os seus homólogos europeus. "Temos visto, diria eu, progressos modestos nas últimas duas semanas de discussões" em Viena, acrescentou o chefe da diplomacia dos Estados Unidos.

A ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, apelou, por seu turno, a "progressos urgentes" nas duras negociações em curso.

"Precisamos de progressos muito, muito urgentes", disse a chefe da diplomacia alemã após o encontro com os seus homólogos.

No mesmo sentido foram as declarações do ministro francês, Jean-Yves Le Drian, que qualificou os progressos nas conversações "parciais, tímidos e lentos" e disse que a negociação "não pode continuar a um ritmo tão lento".

O ministro dos Negócios Estrangeiros de França considerou que há "urgência em mudar o ritmo, caso contrário será inevitavelmente o fim do JCPOA”, sigla do acordo de Viena sobre o nuclear iraniano assinado com a Rússia, China, Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos.

Irão alerta que Washington não vai gostar do "plano B"

O Irão está a negociar em Viena com os cinco países que se mantêm no acordo, e indiretamente com os Estados Unidos, para tentar salvar o pacto que limita o programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções dos EUA.

Em 2018, o antecessor de Joe Biden na presidência dos EUA, Donald Trump, retirou o país do acordo e impôs novas sanções a Teerão, que respondeu no ano seguinte rompendo os limites impostos ao seu programa atómico ao acumular mais urânio do que o acordado.

O objetivo das negociações em curso é que os EUA regressem ao pacto e que o Irão o cumpra novamente de forma integral, razão pela qual deseja o levantamento das sanções.

Na passada sexta-feira, o Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Josep Borrell, mostrou-se otimista quanto à possibilidade de as conversações em Viena se concretizarem “em semanas”.

No entanto, nesta segunda-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Said Khatibzade, disse aos Estados Unidos para se apressarem a decidir sobre um possível levantamento das sanções e alertou que Washington não vai gostar do "plano B" caso as negociações fracassem.

Em Moscovo, os ministros das Relações Exteriores da Rússia e do Irão, Sergey Lavrov e Hossein Amir Abdolahian, prometeram esta quinta-feira continuar as negociações em Viena sobre o acordo nuclear iraniano.

Os dois diplomatas encontraram-se à margem da primeira visita oficial à Rússia do presidente iraniano Ebrahim Raisi, com uma delegação que incluía vários ministros, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia em comunicado.

"Ambas as partes confirmaram a sua intenção de continuar a negociar em Viena para restaurar o acordo nuclear à sua configuração original, sem acréscimos ou isenções", disse ele.

Lavrov e o seu homólogo focaram-se assim no pacto de 2015 sobre o programa nuclear iraniano, "que continua a ser o acordo mais importante no domínio da não proliferação", segundo a Rússia.

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