Teerão diz que acordo sobre o nuclear iraniano depende de “decisão política” dos EUA

Agência Lusa , DCT
17 jan 2022, 14:32
Bandeira do Irão

Os contactos diretos foram retomados no final de novembro na capital austríaca, após cinco meses de interrupção entre o Irão e os países que ainda integram o acordo internacional sobre o nuclear iraniano concluído em 2015

O relançamento do acordo sobre o nuclear iraniano está dependente de uma “decisão política” dos Estados Unidos, afirmaram esta segunda-feira as autoridades iranianas, cujos negociadores regressaram a Viena para prosseguir conversações após breves consultas em Teerão.

Existem questões decisivas relacionadas com decisões políticas específicas, em particular a decisão de Washington sobre o levantamento das sanções”, indicou Said Khatibzadeh, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

“As negociações vão no bom sentido, não temos bloqueios inultrapassáveis”, assegurou Khatibzadeh.

Após lamentar o “atraso” dos Estados Unidos na exposição das suas posições sobre o levantamento das sanções, apelou a Washington para “efetuar todos os esforços e apresentar as iniciativas para o [sucesso do] atual plano A”.

Os contactos diretos foram retomados no final de novembro na capital austríaca, após cinco meses de interrupção entre o Irão e os países que ainda integram o acordo internacional sobre o nuclear iraniano concluído em 2015 (Alemanha, China, Rússia, França e Reino Unido).

Objetivo é que Irão cumpra o Plano de Ação Global Conjunto

O seu objetivo consiste no regresso dos Estados Unidos ao acordo e garantir que o Irão cumpre os seus compromissos previstos no designado Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA, assinado em 2015 entre Teerão, os Estados Unidos e os restantes cinco países), que garantia ao Irão uma suavização das sanções ocidentais em troca de um controlo estrito do seu programa nuclear, sob supervisão de inspetores da agência das Nações Unidas.

Em represália pela retirada unilateral dos Estados Unidos do JCPOA, em 2018, e a imposição de novas e severas sanções pela administração do então Presidente Donald Trump, o Irão abandonou a maioria dos seus compromissos.

Teerão iniciou o enriquecimento de urânio até um grau de pureza de 60%, aproximando-se do nível de 90% que lhe pode garantir o fabrico da arma atómica.

De acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o armazenamento de urânio tem aumentado diariamente e muito para além do limite acordado em 2015.

Após a sua eleição, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que sucedeu a Trump, afirmou pretender o regresso de Washington ao acordo, e os EUA participam de forma indireta nas atuais negociações.

Na quinta-feira, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, advertiu que apenas restavam “poucas semanas” para salvar o acordo, e que os Estados Unidos estão “preparados” para aplicar “outras opções” em caso de falhanço das conversações de Viena.

Relacionados

Médio Oriente

Mais Médio Oriente

Patrocinados