Alaska Airlines encontrou "alguns parafusos soltos em muitos" Boeing 737 Max 9

CNN , Ramishah Maruf, Pete Muntean e Gregory Wallace
24 jan, 21:04
Ben Minicucci (Valerie Plesch/Bloomberg/Getty Images)

CEO da companhia diz estar "mais do que frustrado e desiludido" com o incidente

O diretor executivo da Alaska Airlines, Ben Minicucci, revelou que a companhia aérea encontrou "alguns parafusos soltos em muitos" Boeing 737 Max 9 durante uma entrevista para o programa "NBC Nightly News with Lester Holt".

Esta foi a primeira entrevista do CEO desde que um fecho de uma porta de um dos seus aviões Max 9 se soltou da parte lateral da fuselagem, poucos minutos depois de um voo entre Portland, no Oregon, e Ontário, na Califórnia, ter descolado obrigando o piloto a fazer uma aterragem de emergência.

"Estou mais do que frustrado e desiludido. Estou zangado. Isto aconteceu à Alaska Airlines. Aconteceu aos nossos passageiros e aconteceu ao nosso pessoal", afirmou Minicucci, de acordo com excertos divulgados antes da emissão da entrevista.

"A Boeing é melhor do que isto. O voo 1282 nunca deveria ter acontecido", acrescentou.

A empresa anunciou, na terça-feira, que a fábrica de 737 da Boeing vai fazer o que a empresa chama de "paragem de qualidade" nas instalações de Renton, Washington, na quinta-feira.

"Durante a sessão, as equipas de produção, entrega e apoio farão uma pausa de um dia para que os funcionários possam participar em sessões de trabalho centradas na qualidade. Isto faz parte das medidas imediatas de qualidade recentemente partilhadas pelo CEO da Boeing Commercial Airplanes, Stan Deal", afirmou a empresa num comunicado.

O aviso interno que a Boeing enviou aos empregados indica que a paragem do 737 é a primeira de várias que serão realizadas nas instalações da empresa.

A NBC questionou Minicucci se a Boeing tem um problema de controlo de qualidade que se estende para além de um único avião.

"Penso que é esta a questão que está em causa, ou seja, o que é que a Boeing vai fazer de diferente no seu programa de qualidade para se certificar de que quando recebemos um avião, ele está no mais alto nível de excelência e é isso que tem de ser diferente daqui para a frente", afirmou.

O responsável acrescentou ainda que a empresa está a adicionar a sua própria supervisão adicional à linha de produção do fabricante de aviões.

No domingo, a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA instou as companhias aéreas a inspecionar os chamados fechos das portas de uma versão anterior dos aviões Boeing 737. Após inspeções recentes dos novos Max 9, a United Airlines e a Alaska Airlines encontraram parafusos soltos.

A FAA abriu uma investigação formal sobre o controlo de qualidade da Boeing há cerca de duas semanas. A agência disse que continuava a analisar os dados recolhidos nas inspeções de 40 aviões de exemplo, enquanto ponderava como determinar se os aviões eram seguros para voar novamente.
Minicucci referiu na entrevista que as inspeções demoram cerca de 10 horas por porta.

Num comunicado, Stan Deal, diretor executivo da Boeing Commercial Airplanes, afirmou: "Desiludimos os clientes das nossas companhias aéreas e lamentamos profundamente as perturbações significativas que causámos a essas companhias, aos seus empregados e aos seus passageiros. Estamos a adotar um plano global para repor estes aviões em segurança e melhorar o nosso desempenho em termos de qualidade e de entrega. Seguiremos o exemplo da FAA e apoiaremos os nossos clientes em todas as fases do processo."

O CEO da United Airlines, um dos maiores clientes dos jactos Boeing, também manifestou a sua frustração com a empresa.

"Estou desiludido porque... isto continua a acontecer na Boeing. Isto não é novidade", afirmou Scott Kirby, CEO da United, numa entrevista na terça-feira à CNBC. "Precisamos que a Boeing seja bem sucedida. Mas eles têm tido estes desafios de fabrico consistentes. Eles precisam de tomar uma atitude".

A NBC afirmou que Minicucci disse à rede que a Alaska Airlines continuaria a voar com uma frota só de Boeing. Em contrapartida, a United pareceu mais insegura quanto à sua relação com a Boeing.

A United tem 79 dos Max 9, mais do que qualquer outra companhia aérea, e tinha inicialmente programado cerca de 8.000 voos com o avião para este mês antes do incidente, de acordo com a Cirium, uma empresa de análise de aviação. O futuro da Boeing é incerto no que respeita às encomendas do 737 Max 10, uma versão mais recente, maior e mais cara do 737 Max que ainda não foi certificada pela FAA.

"Acho que a paralisação do Max 9 foi provavelmente a gota d'água para nós", afirmou Kirby. "Vamos construir um plano que não inclua o Max 10".

*Chris Isidore e Hanna Ziady contribuíram para esta reportagem.

Relacionados

E.U.A.

Mais E.U.A.

Mais Lidas

Patrocinados