Não entrar no mar e "não lhe virar as costas". Novos conselhos para evitar afogamentos nas praias em fim de semana de bom tempo

14 abr 2023, 11:13

Falta de vigilância na esmagadora maioria das praias portuguesas deixa autoridades em alerta

Este pode vir a ser o pior ano de sempre no que a mortes por afogamento diz respeito. Um alerta da Federação Portuguesa de Nadadores Salvadores, que já indicou que os primeiros meses do ano apontam uma tendência nesse sentido. Por isso mesmo, e tendo em conta o tempo que vai fazer este fim de semana, as autoridades deixam uma série de alertas à população.

O objetivo é evitar casos como o de Sesimbra, na semana passada, quando um pai e uma filha morreram no areal da Praia da Foz, depois de a criança de sete anos ter sido apanhada por uma onda. O homem entrou na água, mas acabou por também não conseguir sair, enquanto no areal a mãe e mulher das vítimas assistia a tudo. Os corpos acabariam por dar à costa uma hora mais tarde.

Coincidência ou não, a Autoridade Marítima Nacional (AMN) acrescenta um aviso no comunicado feito esta sexta-feira. "Não virar as costas ao mar e oferecer sempre uma distância de segurança em relação à linha de água, evitando ser surpreendido por uma onda" é um dos quatro conselhos. A criança que morreu em Sesimbra, e que tinha apenas sete anos, estava a brincar junto à água, mas acabou surpreendida.

O porta-voz da AMN lembrou à CNN Portugal que, apesar do tempo de verão, o mar ainda é de inverno, pelo que as pessoas devem evitar ir à água. É que, além da alteração das águas decorrente das normais tempestades desta altura, há um outro fator crítico: as praias ainda não estão a ser vigiadas, uma vez que estamos fora da época balnear.

"Ainda há uma probabilidade muito grande de haver correntes fortes e também agueiros", explicou o comandante José Sousa Luís.

No caso do agueiro, uma das principais causas de morte nas praias portuguesas, trata-se de "uma corrente muito localizada, normalmente onde a ondulação é mais baixa, que puxa no sentido de afastar da praia". Em caso de se apanhar numa situação destas, José Sousa Luís deixa um conselho: "A pessoa não deve entrar em pânico nem nadar contra o agueiro, porque só se vai cansar e não vai conseguir atingir o areal. Deve manter a calma e nadar paralelamente ao areal". Depois de conseguir sair da situação, aí sim, pode dirigir-se ao areal.

Este fim de semana em concreto, e esperando temperaturas acima dos 30 graus em vários locais do país, como em Lisboa ou Setúbal, a AMN reforça que "a esmagadora maioria das praias não tem qualquer sistema de vigilância nesta altura do ano". Ainda assim, esclareceu José Sousa Luís, o dispositivo da Polícia Marítima e do Instituto de Socorros a Náufragos tem reforçado a presença nas praias de maior afluência, nomeadamente no Algarve e na Grande Lisboa.

"Desde a quinta-feira, véspera da Semana Santa, houve um reforço desse dispositivo", afirmou, falando em agentes com motas todo o terreno e equipamentos como desfibriladores, bem como com curso de nadador-salvador.

"A AMN recomenda uma vigilância permanente das crianças que se encontrem no areal, não entrar nem aproximar da linha de água e não virar costas ao mar", reforçou José Sousa Luís.

Além do conselho adicional, a AMN deixa outros três comportamentos de segurança que devem ser adotados na praia:

  • Vigiar permanentemente as crianças e não permitir que se afastem, mantendo-as sempre próximas de um adulto;
  • Evitar comportamentos de risco, não se aproximando da água ou caminhar na areia molhada;
  • Caso testemunhe uma situação de perigo dentro de água, não entre e peça ajuda através do 112.

De resto, e à exceção do acrescento do quarto ponto do comunicado, a Autoridade Marítima Nacional mantém os avisos e conselhos dados para a primeira de semana de abril, que também foi de intenso calor para esta altura do ano. Precisamente nessa semana morreram três pessoas nos areais portugueses. Além do caso do pai e da filha em Sesimbra, uma outra pessoa perdeu a vida em Matosinhos. Houve ainda um terceiro caso de um homem que desapareceu no mar de Vila do Bispo, não tendo sido ainda encontrado.

No último fim de semana, de 7 a 9 de abril, a AMN registou 33 resgates aquáticos.

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