“Algo não está bem na torre do aeroporto do Porto”. Segundo incidente em dois anos é “muito grave”, alerta ex-comandante da TAP

CNN Portugal , ARC
30 jun 2023, 18:50
Aeroporto Sá Carneiro no Porto (Foto: NurPhoto/ Getty Images)

À CNN Portugal, o antigo piloto José Correia Guedes explica que a situação “é preocupante e faz recear problemas estruturais ou de organização do trabalho” na torre do Francisco Sá Carneiro

Um avião preparava-se para descolar, com a autorização da torre, outro estava prestes a aterrar, também ele autorizado. Tudo isto numa só pista. O incidente que esta segunda-feira teve lugar no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, foi “grave, perigoso e potencialmente trágico”, alerta o ex-comandante da TAP José Correia Guedes. Ser o segundo episódio do género agrava a situação.

Este tipo de incidente “é algo que raramente acontece”, mas o aeroporto do Porto foi palco para um segundo num espaço de dois anos. “Dois episódios tão próximos é muito grave”, afirma José Correia Guedes.

O primeiro caso ocorreu a 27 de abril de 2021: um avião preparava-se para descolar ao mesmo tempo que um veículo de manutenção ocupava a pista que ia ser usada. Foi investigado e a NAV Portugal, responsável pela segurança nos aeroportos, garantiu ter adotado "um conjunto de medidas internas” para “mitigar ao máximo o risco de repetição dos erros que causaram" este incidente no Porto e um outro que teve lugar em Ponta Delgada, na mesma altura.

Mas esta segunda-feira, dois anos depois, voltou a acontecer: a torre de controlo do aeroporto do Porto autorizou a aterragem de um Boeing 737 da Ryanair quando, simultaneamente, um Airbus da SATA se encontrava na pista pronto para descolar. E foi o piloto do avião que se preparava para aterrar que alertou a torre, sendo obrigado a inverter a marcha e voltar a subir. Este tipo de manobra assusta os passageiros e é "muito cara" para a companhia aérea, mas para os pilotos "é uma manobra de rotina", explica o ex-comandante da TAP. José Correia Guedes garante que não há espaço para medo ou ansiedade, já que a treinam, pelo menos, duas vezes por ano.

Os dois incidentes que ocorreram no aeroporto do Porto “não são exatamente iguais”, mas são “semelhantes”, explica José Correia Guedes. O comandante acredita que a situação “é preocupante e faz recear problemas estruturais ou de organização do trabalho” na torre do Francisco Sá Carneiro.

O ex-piloto da TAP, que acredita “que algo não está bem na torre” daquele aeroporto, aponta ainda o “risco de colisão” que estes incidentes acarretam. “Os aviões no ar são controláveis, mas em terra são difíceis de controlar”, justifica. A acontecer, uma colisão seria “realmente trágico”.

A NAV Portugal já abriu uma investigação ao incidente desta semana. Mas, observa José Correia Guedes, os “danos reputacionais” podem já estar a fazer-se sentir, tanto para o aeroporto em causa como para o país.

Relacionados

País

Mais País

Mais Lidas

Patrocinados