Antigo avançado italiano esteve em Lisboa a dar a conhecer uma plataforma de crowdfunding para ajudar clubes com dificuldades financeiras
«Foi por causa do futebol que consegui comprar uma casa. É meu dever zelar para que o futebol se torne melhor», atirou Gianluca Vialli numa conferência na Web Summit, em Lisboa, onde esteve a falar sobre a Tifosy.
A Tifosy é uma plataforma online de crowdfunding que pretende servir de ponte para que clubes com problemas financeiros possam ser ajudados pelos seus adeptos. Através de campanhas publicadas presentes no site da empresa, cada utilizador pode doar o montante que pretender. «Queremos que os adeptos possam ajudar os clubes a angariarem o dinheiro que lhes permita ter um futuro melhor», esclareceu o antigo avançado que passou por clubes como Sampdoria, Juventus e Chelsea.
Desde que iniciou a atividade, a Tifosy já angariou um total de 878 mil libras (cerca de 1 milhão de euros) em 24 campanhas.
Nelas destacam-se uma iniciativa para reerguer o Parma, histórico clube italiano que faliu e está agora a começar de novo nos escalões regionais, a construção de uma academia para o clube inglês Portsmouth e de um campo de futebol na ilha de Lampedusa, palco do sofrimento de milhares de refugiados que tentam cruzar o mar mediterrâneo de África para a Europa à procura de uma vida melhor (veja o vídeo em baixo).
Em todos as campanhas há um objetivo definido. Não se trata apenas de enviar dinheiro, mas também de ver essa verba que é entregue é aplicada na construção de infraestruturas. «A transparência é o primeiro dos grandes problemas dos clubes», explicou Vialli, referindo que a Tifosy promove a reaproximação entre clubes e adeptos, um dos grandes problemas contra os quais, defende, o futebol se debate nos dias de hoje.
Durante uma conversa de quase 20 minutos que decorreu nesta quinta-feira num dos palcos do pavilhão 1 da FIL, Vialli passou ainda em revista alguns momentos da carreira. «Melhor atmosfera que encontrei num campo enquanto jogador? Provavelmente quando joguei em Wembley pela Sampdoria [final da Taça dos Campeões Europeu em 1992]. Perdemos com o Barcelona mas foi um grande dia. E acrescentou em jeito de correção: «Mas também me lembro de ter chorado sem parar durante uma semana inteira», disse, arrancando gargalhadas na plateia.
Ao longo de uma carreira profissional que durou cerca de 15 anos, Vialli passou ainda pela Juventus e terminou a carreira em Inglaterra, ao serviço do Chelsea. Sobre a Premier League, o antigo futebolista lançou o que falta da temporada e escolheu dois principais candidatos ao título, deixando de foram Mourinho e… Guardiola.
«Penso que vai ser um campeonato fantástico. Há quatro, cinco ou seis clubes que podem vencê-la. Vai ser muito apertado. O Chelsea e o Liverpool podem ter uma grande vantagem porque não estão nas competições europeias», observou, elogiando a seguir o trabalho do compatriota Antonio Conte ao serviço dos blues. «Tem feito um tabalho fantástico. Mudou todo o sistema e a atmosfera na equipa.»
Vialli falou ainda sobre as diferenças entre o futebol inglês e o italiano. «Em Inglaterra o jogo é mais limpo; em Itália, quando se perde um jogo não se sabe se é pelo árbitro ou porque o jogo foi combinado; em Itália, quando se ganha um jogo é um alívio; em Inglaterra é uma felicidade imensa; mesmo que percas 3-0, os adeptos aplaudem porque reconhecem o esforço dos jogadores; em Itália matam-te se não há resultados. Em Itália, o jogo perfeito termina 0-0.» É preciso dizer qual deles prefere Vialli?