Novo 'sofagate'? Ministro do Uganda ignora presidente da Comissão Europeia e as redes sociais não perdoaram

CNN Portugal , BCE
18 fev 2022, 22:00
Ursula von der Leyen na cimeira UE-África (John Thys)

já há mesmo quem designe este episódio como o novo 'sofagate', tendo em conta a semelhança com o que aconteceu a 7 de abril do ano passado, quando o presidente turco recebeu Von der Leyen e Charles Michel com apenas duas cadeiras, deixando Von der Leyen de pé

A VI cimeira UE-África, que terminou esta sexta-feira em Bruxelas depois de dois dias de atividades, ficou marcada por um episódio entre os responsáveis políticos da União Europeia (UE) e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Uganda.

O segundo dia da cimeira começou com uma sessão de boas-vindas, com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o presidente da França, Emmanuel Macron, país que preside ao Conselho da UE no primeiro semestre deste ano.

Na chegada à sessão, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Uganda, Odongo Jeje, cumprimentou apenas Charles Michel e Macron, ignorando Von der Leyen. Depois de um registo fotográfico do momento, o presidente francês fez um aceno com a mão, direcionando o ministro até Von der Leyen, que então a cumprimentou, sem um aperto de mão, como mostra o vídeo abaixo, captado pelos jornalistas no local.

 

 

 

Alguns comentários apontam para o facto de Odongo Jeje ter agido desta forma por motivos religiosos ou culturais, que não lhe permitem tocar em mulheres, mas o responsável político ainda não comentou a situação nem justificou a sua atitude, que causou desconforto entre os envolvidos, como é possível de perceber pelas imagens.

Esta não é a primeira situação em que Von der Leyen recebe um tratamento diferente dos restantes colegas do sexo masculino e já há mesmo quem designe este episódio como o novo 'sofagate', tendo em conta a semelhança com o que aconteceu a 7 de abril do ano passado, quando o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, recebeu Von der Leyen e Charles Michel com apenas duas cadeiras, deixando Von der Leyen de pé.

Charles Michel (à esq.), o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan (no meio), e Von der Leyen (à dir.) (Press Presidential Office/EPA)

O episódio tornou-se rapidamente viral, com imagens e vídeos a circular nas redes sociais e a criticar não só a atitude do presidente turco como também a postura de Charles Michel, que, perante a situação, sentou-se na cadeira que lhe foi atribuída, sem intervir a favor de Von der Leyen. 

Dias depois, Von der Leyen esteve presente num debate no Parlamento Europeu, onde admitiu ter ficado "magoada" com a situação, lembrando os valores da UE, como a igualdade de género. “Senti-me magoada, sozinha, como mulher e como europeia”, disse então.

A presidente da Comissão salientou, na altura, que o incidente tornou-se rapidamente “viral” pois havia câmaras que o registaram: “Não houve necessidade de legendas nem de tradução, as imagens falaram por si. Mas todos sabemos: milhares de incidentes semelhantes, a maioria dos quais bastante mais graves, não são vistos e ninguém sabe deles".

No mesmo dia, e ainda antes da intervenção da presidente da Comissão, Charles Michel lamentou o incidente e tentou justificar a sua actuação. “Já expressei publicamente por diversas vezes a minha consternação pela situação que foi criada. Os factos concretos são conhecidos: a equipa de protocolo do Conselho não teve acesso prévio à sala de reuniões e a Comissão não enviou a sua equipa. As equipas [protocolares] não tiveram, por isso, acesso à distribuição dos lugares antes do encontro”, começou por justificar.

Admitindo que as imagens “podem dar a sensação a muitas mulheres para se sentirem ofendidas”, Charles Michel reafirmou o seu “compromisso total, completo, absoluto de apoiar as mulheres e a igualdade de género”, matéria que diz ter abordado muitas vezes durante o seu percurso político.

Todavia, Charles Michel voltou a ser criticado pela sua postura neste novo episódio, com vários utilizadores das redes sociais a apontarem o facto de não ter agido novamente em favor de Von der Leyen. Pelo contrário, Macron foi elogiado pela chamada de atenção ao ministro. 

 

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